Culturalmente Falando – 27/09/2010
O personagem desta minha história, apesar de ter nascido na cidade de Lima capital do Peru, a vinte anos vem contribuindo com a construção da cultura da música em nossa cidade.
Nunca vou me esquecer da primeira vez que o vi tocar, foi a segunda edição do show da Paz em 1991. Uma manifestação cultural com artistas e o povo na Praça Antonio João, organizado por mim, Zé Henrique o Miguel de Oliveira e tínhamos como colaboradores o Israel o Odiel e a Adriana para comemorar o aniversário da cidade.
Era noite de céu estrelado e lua cheia, o palco havia sido montado na avenida Presidente Vargas esquina com Joaquim Teixeira Alves, a festa se espalhava pela avenida e praça.
Poetas, atores, artesãos, cantores, músicos, academias de esportes, dança, capoeira e uma grande parte da população da cidade, quando numa certa altura do show, ele surgiu interpretando o clássico da música peruana “El Condor”. Foi um momento mágico, a música das montanhas peruana tem o poder de nos transportar para um mundo de paz e reflexão, foi uma festa muito bonita aquela noite.
O seu envolvimento com a música a principio foi o canto. Ele conta que ficava na saia de sua mãe, e cantava com ela, que era muito afinada.
Não demorou muito ele começou a se interessar pelos instrumentos, começou pela flauta, um instrumento muito comum na sua terra, passando pelo violão e a charanga.
Assim com oito anos de idade já fazia parte de um grupo onde a média de idade era a partir de quinze anos, o que fazia dele o destaque.
Em 1990 veio para o Brasil com um grupo peruano, o objetivo era chegar à Alemanha, entraram através de Corumbá, onde tocaram um tempo vindo em seguida para Campo Grande, São Paulo e Rio de Janeiro. Lá o grupo se dissolveu e ele retornou a Campo Grande, foi quando conheceu o Zé Dantas que o convidou para vir a Dourados.
Sendo músico solo, no canto e nos instrumentos passou a dar aulas na academia Vilas Lobos onde trabalhou alguns anos, até que montou a própria academia.
Participou na gravação do primeiro disco de Dantas Labirinto em Linha Reta, como instrumentista tocando Kenas, Violão & Ronroco, a faixa instrumental e Welcome to the end.
Em 1999 com sua própria banda Hollei Fire gravou a música com mesmo nome. Não satisfeito em só tocar e cantar resolveu resgatar um aprendizado vivido por ele quando tinha 12 anos. Nessa época para ter o seu próprio dinheiro resolveu trabalhar numa marcenaria próximo á sua casa, cujo dono fabricava instrumentos de cordas, como violão, charanga entre outros. Apesar do marceneiro não permitir que ele trabalhasse na fabricação dos instrumentos, só lhe era permitido outros afazeres, e prestava muita atenção no trabalho do patrão. Isso ficou registrado na sua memória e aquele aprendizado, foi muito útil quando decidiu fabricar os instrumentos, atividade que exerce atualmente.
Durante esses tempo residindo por aqui, além de participar do disco de Zé Dantas, Edi tem consigo realizar, um sonho que é um projeto de musica e fabricação de instrumentos a desenvolvidos na reserva indígena, e acrescenta que os indígenas têm facilidade para assimilar coisas pura e simples como a música, por serem eles simples e com a sensibilidade aflorada, e por isso acredita que se identificam com a música da sua terra.
Terminou a nossa conversa dizendo que o mais importante na vida é passar por ela e deixar a sua contribuição verdadeira de amor, interagindo com o mundo e as pessoas de forma criativa e construtiva, dizendo que desenvolve seus trabalhos independente, que sabe que os recursos destinados a cultura sãos poucos e muito disputados alem da burocracia que toma muito tempo, tempo esse que ele aproveita muito bem no seu ofício de cantador, tocador, instrumentista e professor.
A ele um grande abraço.
Fonte: Folha de Dourados