20/03/2013 15h56
Se os hospitais filantrópicos reclamam uma séria crise financeira, os laboratórios de análises clínicas que também prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) parecem não ficar atrás.
Audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) revelou, ontem terça-feira (19), que o valor pago pelo SUS por uma dosagem de glicose permanece o mesmo há 19 anos: R$ 1,85.
Não há nenhum procedimento da tabela do SUS, principalmente na área de diagnóstico, tão mal remunerado como agora – desabafou Olímpio Távora, assessor técnico da Confederação Nacional de Saúde (CNS).
O representante do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Mario Martinelli, acredita que os laboratórios vinculados ao SUS “estão chegando ao fim”.
A entidade está vistoriando laboratórios públicos das 27 capitais brasileiras e constatou, até o momento, condições insalubres de funcionamento e falta de controle de qualidade interna em muitos deles.
É perdendo qualidade a cada dia e não incorporando novas tecnologias que se consegue oferecer serviço sem reajuste há 19 anos.
É preciso resgatar o respeito que o laboratório merece – reivindicou o representante do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Marcelo Abissamra.
O setor tem conseguido alguma sobrevida, segundo informou o diretor da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), Vitor Pariz, ao negociar redução nos preços de insumos e equipamentos com fornecedores.
E assim como Olímpio Távora, em resposta a questionamento do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), afirmou que muitos laboratórios insistem em continuar trabalhando com o SUS por não terem condições financeiras de fechar as portas e suportar os encargos sociais da medida.
Ao mesmo tempo em que lamentou a ausência de incentivos previdenciários ou desonerações tributárias aos laboratórios, o presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Irineu Keiserman Grinberg, alertou que a rede laboratorial pública não tem condições de absorver a demanda desses prestadores de serviço ao SUS.
O representante da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, Edson Rogatti, se alinhou ao discurso dos laboratórios ao exigir do Ministério da Saúde remuneração dos serviços capaz de cobrir pelo menos seus custos.
Respondemos por mais da metade do atendimento público e, em mais de mil cidades, somos os únicos a prestar atendimento gratuito. Somos cinco vezes mais baratos que os hospitais federais e estaduais.
Paguem às Santas Casas como pagam aos hospitais públicos. É isso o que queremos – apelou Rogatti. (Agência Senado)