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Canto das Letras: evento cultural e novos livros de Renato Suttana marcam os 15 anos

Juliel Batista –

A Livraria Canto das Letras, referência cultural em Dourados desde 2010, comemora seus 15 anos de história no próximo dia 12 de dezembro e escolheu um momento simbólico para celebrar: o lançamento de duas novas obras do poeta e professor Renato Suttana, docente da Universidade Federal da Grande Dourados.

Ao falar sobre a coincidência entre seu lançamento e o aniversário da livraria, o escritor destaca a importância do espaço cultural para a cidade. “É um espaço cultural fundamental para Dourados. Incluir meus livros nessa celebração é muito especial”, afirma. Para ele, a Canto das Letras representa um verdadeiro ponto de resistência em tempos de transformações no mercado editorial.

“É um espaço cultural fundamental para Dourados. Incluir meus livros nessa celebração é muito especial”, afirma.

As novas obras — As Coisas Incompletas e Teu Erro Faz Sentido — revelam duas faces da produção poética de Suttana: de um lado, os reflexos da solidão e da suspensão do tempo vividos durante a pandemia; de outro, uma coletânea de sonetos que aborda desejo, amor e introspecção. “As coisas pareciam interrompidas, incompletas mesmo”, resume o autor ao falar sobre o primeiro livro.

O lançamento acontece a partir das 19h, na sede da livraria, na Avenida Weimar Gonçalves Torres, com sessão de autógrafos, performances poéticas, homenagem da Câmara Municipal, apresentação musical e coquetel. O evento é aberto ao público.

A seguir, a entrevista completa com o professor Renato Suttana:

Folha de Dourados – Você pode se apresentar para quem ainda não te conhece?

Renato – Sou o Renato Suttana, professor da UFGD, atuo na Faculdade de Letras e também no Programa de Pós-Graduação em Letras. Além da docência, tenho uma trajetória longa na literatura, principalmente na poesia.

Quantos livros você já lançou até hoje?

Já são vários. A maioria dos meus livros é de poesia. Eu lanço com bastante frequência, quase todos os anos, porque tenho uma produção contínua.

Os dois livros que você lança agora são recentes?

O As Coisas Incompletas foi escrito e editado em 2024, mas por questões pessoais acabei não lançando na época. Já o Teu Erro Faz Sentido é de 2025. Quando finalizei este segundo, resolvi fazer um único lançamento reunindo os dois.

E essa coincidência com o aniversário da Canto das Letras?

Foi algo muito feliz. A livraria tem um papel fundamental em Dourados. São poucos espaços assim na cidade, que funcionam como centros culturais completos. Fazer parte dessa comemoração com o meu trabalho é uma honra.

“São poucos espaços assim na cidade, que funcionam como centros culturais completos.”

Você já lançou outros livros na Canto das Letras?

Sim. Acho que já lancei quatro ou cinco livros lá. Um dos primeiros foi o Bichos Imaginários, em 2013. Tenho uma relação muito próxima com a livraria e com a Tereza.

“Tenho uma relação muito próxima com a livraria e com a Tereza.”

Sua poesia costuma abordar quais temas?

Minha poesia é mais existencial, reflexiva. Não costumo trabalhar tanto com o amor romântico ou a temática social direta, embora exista um lado crítico e político na minha produção. Inclusive já lancei um livro político lá, chamado Indigestos e Purgativos, com poemas satíricos.

“Minha poesia é mais existencial, reflexiva.”

Sobre As Coisas Incompletas, o que o leitor vai encontrar?

Esse livro traz muitos poemas escritos durante o período da pandemia. Não falo diretamente da pandemia, mas trato daquela sensação de solidão das ruas vazias, da suspensão do futuro, da incerteza. Tudo parecia interrompido, incompleto.

“Esse livro traz muitos poemas escritos durante o período da pandemia.”

E o livro Teu Erro Faz Sentido?

Esse é um conjunto de sonetos mais recentes, dividido em três partes. Ele aborda o desejo, o querer, essa inquietação que nunca se satisfaz completamente. A primeira parte se chama Sobre as Ondas e trabalha a ideia da viagem e da navegação. A segunda é No Limiar, mais introspectiva. A terceira parte é mais amorosa, mas sempre dentro do meu estilo, nada muito explícito.

“Ele aborda o desejo, o querer, essa inquietação que nunca se satisfaz completamente.”

A capa também tem um simbolismo forte, não é?

Sim. Eu mesmo desenhei a capa. Usei um esboço de um pássaro de Leonardo da Vinci, que ainda não está finalizado. Isso dialoga com a ideia do voo, da viagem, da incompletude, que atravessa os poemas.

“Isso dialoga com a ideia do voo, da viagem, da incompletude, que atravessa os poemas.”

O que representa lançar livros em um momento como esse?

É resistência. Publicar livros, manter livrarias abertas, formar leitores, tudo isso é resistência cultural. E fazer isso junto com uma livraria que completa 15 anos é algo muito simbólico.

“Publicar livros, manter livrarias abertas, formar leitores, tudo isso é resistência cultural.”

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