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Desde 1968 - Ano 56

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‘Eu tenho medo do comunismo!’, escreve Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen – escritor –

Logo eu, que sou comunista, ando com medo desse sistema tomar conta do mundo. Pensa bem. Ontem mesmo vi uma postagem sobre as barbáries ocorridas na segunda guerra mundial e um comentário implorava ao Deus ou deus, sei lá, para que nunca mais chegássemos aquela mesma situação de ameaça do comunismo. Corri até a biblioteca e procurei na Larousse Cultural e tava lá: Hitler, o vilão da segunda guerra, combatia justamente os judeus e os comunistas! Em outra postagem, um mapa, também divulgado como verdadeiro informava vários países sul americanos que já estariam sob controle dos vermelhinhos. Tentei entender o mapa. Não consegui. Pesquisei no google e não achei nenhum país deste continente que hasteasse uma bandeira vermelha com a foice e o martelo e uma estrela de cinco pontas em amarelo. Nada! Mas os comunistas devem ser assim mesmo, invisíveis a olho nu.  

Outra coisa que me deixa muito assustado com a ameaça comunista é o medo que os latifundiários e os banqueiros têm. Eles são assessorados por profissionais altamente capacitados. Não é possível que suas análises políticas e econômicas estejam erradas. Banqueiros juram que somente a livre iniciativa permite o desenvolvimento das pessoas com oportunidades iguais para todos e meritocracia para selecionar os melhores em cada área. Assim, um pobre pode disputar a mesma vaga que um rico, é só se dedicar e superar o concorrente. Num eventual sistema socialista, as riquezas seriam distribuídas para todos. Um absurdo. Pobres que nunca conseguiram um emprego iriam usufruir da riqueza sem nenhum esforço, do mesmo jeito que o filhinho do rico, que nunca trabalhou, faz.  

Não sei muito bem de onde me veio essa ideia de ser comunista. Deve ser algum tipo de lavagem cerebral. Já ouvi isso. Dizem que os comunistas arregimentam jovens com promessas de aventura e poder, depois mandam eles para lugares ermos onde recebem muitos ensinamentos e são doutrinados de tal forma que não conseguem mais aceitar o capitalismo. Eu fui para Cuba, onde fiquei 28 dias estudando na Escola Nacional de Formação de Quadros Sindicais, mas nessa época eu já era comunista. Isso foi em 1977, faz tempo já e eu continuo comunista. Deve ser muito convincente essa doutrina! 

Veja o caso do Bolsonaro. Ele combate um comunismo totalmente imaginário. Para os bolsonaristas, políticos como Dória, Witzel e qualquer que se oponha à sua aventura ditatorialesca é vermelho, na certa! Eu tenho que admitir, me tornei comunista lendo Jorge Amado, um dos mais importantes escritores brasileiros, escrevo poesia por que amo ler Neruda, comunista chilelo respeitado no mundo todo e sou apaixonado pelas crônicas do Carlos Drummond de Andrade, outro comunista. O meu caso não tem cura! 

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