Nos vídeos, é possível ver o adolescente sendo chutado e socado repetidas vezes, inclusive quando já estava caído no chão. A vítima aparece no vídeo sem esboçar reação aos chutes e socos.
De acordo com a família, o jovem é aluno do 7º ano da Escola Senador Carlos Jereissati e vinha estudando na unidade há cerca de seis meses. A mãe, Regina Gadelha, relatou que o filho saiu de casa no dia do ocorrido para fazer uma apresentação da Feira de Ciências, atividade que realizou sozinho. Segundo ela, o adolescente já demonstrava sofrimento no ambiente escolar.
“Ele saiu de casa para fazer uma apresentação da Feira de Ciências. Já tinha me deixado preocupada, porque ele não tinha grupo para participar, não houve uma intervenção da professora, e o meu filho, tem autismo, ele fez uma apresentação de Feira de Ciências sozinho. Ele não tinha grupos, ele sempre relatava que era excluído na escola, que não tinha amigos, inclusive me pediu muito para mudar de escola ou que mudasse de turma, porque ele era sozinho”, disse ela.
Ainda conforme a mãe, o filho chegou em casa alterado, mas não contou o que havia acontecido. Ela só tomou conhecimento das agressões após receber uma mensagem durante a madrugada. “Ele chegou aqui em casa um pouco alterado, batendo na porta com muita força, mas eu conversei com ele e ele disse que só estava com fome. Não me falou absolutamente nada, ele não fala. Aí eu fui trabalhar, eu trabalho à noite, e depois de meia noite ele me mandou uma mensagem. ‘Mamãe, eu estou com muita dor, eu apanhei muito na escola’.” Em seguida, o adolescente enviou o vídeo das agressões.
Regina Gadelha classificou o episódio como um espancamento e afirmou que o filho sofreu diversos ferimentos. “Levou socos, ele levou chutes, ele foi derrubado, ele levantou, foi derrubado novamente, poderia ter machucado a cabeça, poderia ter batido numa quina de mesa quando ele foi jogado e a escola não sabia. A sala cheia de alunos agredindo meu filho, vulnerável”, relatou.
Ela também afirmou que, ao matricular o filho, questionou a ausência de um mediador e recebeu a informação de que o direito só existiria em casos específicos. “Para mim foi um espancamento, porque foram muitos chutes, socos, quedas no chão. Ele está com vários hematomas. Eu até fiz um vídeo para a gente poder deixar guardado essas imagens dos hematomas pelo corpo.”
A mãe fez um apelo por mudanças nas políticas de inclusão. “E aqui eu tô pedindo o meu socorro, porque tem que existir uma mudança nessas políticas. Prefeito de Maracanaú ou secretário de Educação, eles têm que tomar uma postura diferente. Nossos filhos, eles precisam ser incluídos e não excluídos. Eles precisam ser cuidados e não agredidos.” Segundo ela, se o filho não tivesse enviado o vídeo, a família não teria conhecimento do ocorrido. “Porque o meu filho, ele não fala. Ele não disse nada pra mim.”
O pai do estudante foi até a escola para tratar do caso. Chegou a ter uma reunião com a coordenadora e, segundo a família, ela se comprometeu em resolver a situação.
Em nota sobre o caso do estudante autista agredido na escola municipal, a Secretaria de Educação de Maracanaú informou que a gestão da Escola Senador Carlos Jereissati conversou com os pais sobre o ocorrido e que os fatos serão apurados, com a adoção das medidas cabíveis. O caso foi denunciado à polícia pelos pais da vítima.
(Informações GC+)


