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Entrevista: Gino Ferreira fala sobre o ‘tarifaço’, Expoagro e desafios do agronegócio

Juliel Batista –

A Folha de Dourados entrevistou com exclusividade o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira, para entender, em Dourados e região, os impactos causados pela recente tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos às exportações brasileiras.

A medida, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, tem causado repercussão em diversos setores do agronegócio nacional — e, claro, já preocupa os produtores do Mato Grosso do Sul.

Durante a conversa, Gino abordou temas centrais como a queda no faturamento, possíveis perdas de postos de trabalho, além da ausência de medidas eficazes por parte do governo federal.

Ele também comentou sobre os desafios enfrentados para diversificar mercados, os reflexos da situação na Expoagro e a visão crítica sobre o cenário político atual.

A seguir, confira a entrevista completa com o dirigente rural, na íntegra.

Folha de Dourados – Quanto à tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações brasileiras, quais tipos de produtos do agronegócio douradense foram afetados pela medida? O senhor poderia avaliar o impacto previsto em volume e faturamento?

Gino Ferreira – De um modo geral, todos os produtos são impactados, sendo a carne e a soja os que mais sofrem. Ainda estamos avaliando os impactos.

Já dá para ter ideia quanto à perda de arrecadação de impostos e de postos de trabalho em Dourados e região?

A máquina está rodando, mas o prejuízo vai ser grande, todos os segmentos serão atingidos, essa briga ideológica não vai a lugar nenhum.

As primeiras medidas anunciadas pelo governo federal para socorrer o setor são suficientes? O que falta ainda?

Não vi medida nenhuma, o que falta é uma conversa séria e pôr um fim nisso. Não é querendo desglobalizar a economia mundial que vai arrumar.

O Sindicato Rural de Dourados tem pensado em medidas específicas para apoiar os produtores locais? Há ações sendo planejadas para orientar os associados?

Essas ações vão muito além do Sindicato. Vejo o governo brasileiro muito mais preocupado em se manter no poder do que preocupado com ações que venham a beneficiar o povo brasileiro. Estamos muito mal politicamente.

Além disso, é possível reduzir as perdas com estratégias como agregar valor à produção, investir em tecnologia ou criar modelos alternativos de comercialização que deixem os produtores menos dependentes do mercado norte-americano?

O Governo Brasileiro tem o agro como inimigo. O setor hoje não tem capacidade de buscar nada. O governo de esquerda acha que quanto pior, melhor.

A diretora do Sindicato certamente está em contato com a bancada federal de Mato Grosso do Sul no Congresso Nacional, e representantes dos governos do estado e federal. O senhor, particularmente, vislumbra o que com as informações que têm recebido?

Essa atitude depende do Executivo, e do presidente do Brasil, cada vez que fala, piora mais. Querem implantar o socialismo.

Há movimentação do setor em potencializar exportação de nossa produção a outros mercados internacionais, como o asiático, por exemplo?

Sim, mas isso não é do dia para noite, e os Estados Unidos têm o controle de tudo. Não vai ser fácil.

Apesar das dificuldades trazidas pela tarifa, o senhor acredita que esse cenário pode ser também um ponto de virada para o agronegócio de Dourados? Como, por exemplo, buscar selos de qualidade e sustentabilidade, melhorar a embalagem para chamar mais atenção no mercado internacional, ou investir em produtos especiais como alimentos orgânicos que podem ser rastreados desde a fazenda até a prateleira?

Tudo isso pode ajudar, mas depende do tempo e apoio governamental. O discurso é fácil, mas fazer acontecer é outra coisa.

Sabemos que a Expoagro 2025 superou as expectativas quanto à movimentação financeira e tratativas de negócios futuros. Alguns desses acordos firmados durante o evento têm potencial para ajudar os produtores de Dourados a enfrentar os impactos causados pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos?

A nossa Feira, na nossa gestão, tem o objetivo de trazer o máximo de informações e tecnologias ao nosso homem do campo.

Até que ponto o chamado “tarifaço de Trump” influenciará na organização da Expoagro 2026 e demais feiras agropecuárias de Mato Grosso do Sul?

Nós ainda estamos avaliando tudo isso. Nosso presidente Lula já passou da hora de pôr um fim em tudo isso.

Para finalizar: com esse novo cenário, já é possível antecipar alguma novidade na programação da Expoagro 2026, que represente avanços em relação às edições anteriores? Já existem diálogos que apontem para novas oportunidades de negócios para os produtores de Dourados?

Vamos realizar uma Expoagro melhor que a de 2025. Estamos montando tudo com dedicação e, com certeza, vai ser um sucesso.

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