João Roberto Giacomini- advogado, cronista e observador das relações humanas.
Há pessoas que, diante das tempestades, simplesmente se curvam. Outras, ainda que o vento as dobre, encontram um modo de permanecer eretas — trêmulas, talvez, mas de pé.
Essas são as fortes.
Não porque não sentem, mas porque sentem e seguem.
A resiliência é uma virtude silenciosa.
Vive nos gestos pequenos: no olhar que, cansado, ainda busca o horizonte; na palavra que se contém para não ferir; na decisão de continuar, mesmo quando o caminho parece apagado.
Mas é preciso não confundir resiliência com comodismo.
O acomodado se adapta ao desconforto e aprende a respirar dentro do que o sufoca.
O resiliente, ao contrário, reconhece o peso das circunstâncias, mas não se conforma com elas.
Enquanto o primeiro se amolda ao meio, o segundo reinventa o trajeto.
É quem, ao tropeçar, não pergunta “por que eu?”, mas “para onde agora?”.
A vida, com sua ironia costumeira, nos prova que é nas rachaduras que a luz encontra passagem.
Os dias difíceis não vêm para nos esmagar, mas para revelar o quanto ainda somos capazes de suportar — e de transformar.
Ser resiliente não é negar a dor.
É atravessá-la com dignidade, confiando que há um propósito maior conduzindo o que ainda não compreendemos.
É seguir, mesmo quando a fé parece frágil — porque basta uma centelha para reacender o caminho.
No fim das contas, a força não está em jamais cair,
mas em descobrir, toda vez que nos levantamos, que somos feitos de uma matéria que não se quebra: a esperança, temperada pela fé.


