Brasil – 07/09/2011
Depois de lançar a versão teen da Turma da Mônica, o cartunista Mauricio de Sousa diz estar preparado para passar à próxima fase. Em entrevista ao G1, na Bienal do Livro, ele dá detalhes sobre seu novo projeto de quadrinhos, em que Mônica, Cebolinha, Cascão e companhia vão virar adultos.
“A turma vai evoluir cronologicamente. Os personagens vão crescer e ter problemas de gente grande: estresse no trabalho, engarrafamento, desencontros amorosos, falta de dinheiro”, conta Mauricio, que planeja lançar a nova versão dos personagens em um gibi semanal.O autor afirma que temas tão diversos quanto política internacional e casamento vão render histórias de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali. Ele garante ainda que o sexo não ficará de fora entre os assuntos tratados nos quadrinhos. “Não vou querer chocar, mas quero trabalhar no realismo, e o sexo hoje é tratado até na mesa de jantar da família”, diz. “Se houver censura, vou produzir em outro país”, brinca o autor.
“Vão ser histórias realistas, com referências a questões atuais que aparecem no jornal”, conta o desenhista, prometendo a novidade nas bancas em 2013. “Minha equipe já está se dedicando intensamente a isso, estamos em fase de desenvolvimento”, afirma Mauricio de Sousa, que conta com cerca de 200 artistas trabalhando em seu estúdio.Para desenvolver o projeto, o criador da Turma da Mônica está contratando consultores de diversas áreas, que vão ajudar na adaptação dos personagens. “São psicólogos, jornalistas, advogados e médicos, por exemplo, que vão dar referências para o comportamento dos personagens adultos”, diz.O cartunista pretende usar redes sociais como fonte de informação para a nova história em quadrinhos. “Os fãs vão poder opinar sobre as escolhas de vida dos personagens”, revela Mauricio, que se diz “pronto” para as possíveis críticas de alguns leitores.“Quando lancei a Turma da Mônica adolescente, teve gente querendo me bater na rua. Disseram que eu estava destruindo um símbolo da infância delas. Mas não estou destruindo, estou criando e recriando”, diz.Pequeno Príncipe e Menino Maluquinho recriadosNa Bienal do Livro, outros personagens infantis tradicionais, como o Pequeno Príncipe e o Menino Maluquinho, aparecem recriados em lançamentos do mercado editorial.Em “O retorno do Jovem Príncipe”, o autor argentino A.G. Roemmers retoma o personagem clássico do francês Antoine de Saint-Exupéry como um adolescente. No romance infanto-juvenil, o Pequeno Príncipe volta ao planeta Terra e vive uma aventura na Patagônia, sem deixar para trás sua visão humanista impressa na obra original.“Depois de tantos anos, sigo acreditando que é um livro maravilhoso, com uma linguagem sensível e universal, que chega ao coração. Tentei aprofundar essa mensagem e dar continuidade à história com essa mesma característica positiva”, diz o argentino, o primeiro escritor, em mais de 60 anos, a ter a aprovação dos herdeiros de Saint-Exupéry para publicar uma sequência da história.A recriação também é palavra de ordem para o autor Ziraldo e seu personagem Menino Maluquinho. Na Bienal, o escritor lança a versão digital do livro, para ser lido em tablets, e promove o livro “Uma professora muito maluquinha”, inspirado no clássico infantil.“As professoras sempre me pediam para fazer uma versão para elas, e eu fiz essa obra paralela, que recria aquele mesmo universo”, conta o escritor, que diz que nunca faria um novo livro com o Menino Maluquinho adolescente. “O personagem é um menino, não posso e não vou mudar nada, a proposta é o que está lá.”Ziraldo atribui o sucesso de “O menino maluquinho” com as novas gerações à influência dos pais. “Isso é literatura infantil: se você conquista uma geração, conquista todas, porque os pais sempre querem que os filhos leiam as histórias que os encantaram na infância”, explica.
Fonte: G1