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Elas por cima, ‘postão de saúde’, carnificina à direita, musa em cana e Lula na ponta

Juca Vinhedo

A FRASE

“Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”.

(Ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais)

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Operação ou carnificina?

A chamada Operação Contenção, deflagrada pelo governo do Rio de Janeiro, já entra para a história da segurança pública brasileira; não pelos resultados, mas pela tragédia: mais de 120 mortos em poucos dias. Organizações de direitos humanos acusam o Estado de descumprir decisões do Supremo, especialmente a ADPF 635, que impõe limites a ações policiais em comunidades.

Cálculo político, sangue real

A diretora do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, foi dura: “Essa lógica de operação com alto nível de letalidade é um modo de fazer política”. O governador Cláudio Castro, segundo ela, aposta nessa fórmula: mão pesada, resultado rápido e aplausos fáceis. O problema é que o método não atinge o crime de verdade, apenas multiplica o luto nas comunidades.

A velha receita carioca

Para o pesquisador Luís Flávio Sapori, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a letalidade não foi um erro, foi estratégia. Ele define o modelo como “desastre planejado”, típico de uma polícia moldada por décadas de confronto, corrupção e descuido institucional. Sapori alerta que, ao tratar o inimigo como alvo a ser eliminado, o Estado cria um vácuo de poder que logo será ocupado por novas facções ou milícias.

Zambelli encurralada

O cerco jurídico se fechou de vez sobre a deputada Carla Zambelli (PL-SP). O Supremo Tribunal Federal declarou o trânsito em julgado da condenação pelo episódio em que ela perseguiu, armada, um homem pelas ruas de São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Sem mais recursos, a pena deve ser executada.

Capítulo italiano

Desde julho, Zambelli cumpre prisão na Itália, para onde fugiu antes de sua captura no Brasil. Agora, aguarda a decisão sobre o pedido de extradição feito pelo governo brasileiro. O Ministério Público italiano já se manifestou favoravelmente à extradição, o que deve acelerar o retorno da deputada ao país e… à cela.

De pistola à prisão

De estrela dos protestos e musa das redes bolsonaristas, Carla Zambelli virou símbolo de um desfecho amargo: de pistola em punho para a prisão na Itália. O episódio mostra que o discurso de “lei e ordem” tem limites, especialmente quando quem o professa troca o Código Penal pela narrativa de vítima política. No fim das contas, a deputada colheu o que semeou: likes na internet e penas no Supremo.

Lula na dianteira

A nova pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas confirma o que os bastidores já apontavam: Lula segue líder em todos os cenários para a disputa presidencial de 2026. No confronto direto com Bolsonaro, o petista marca 37% contra 31%. Em qualquer combinação, o presidente mantém vantagem confortável — e mostra que o eleitorado ainda aposta na continuidade.

Bolsonarismo fragmentado

Os números revelam um dado incômodo para o PL: o bolsonarismo perde força quando se divide. Com Michele Bolsonaro, a diferença para Lula sobe para quase dez pontos; com Tarcísio de Freitas, a vantagem aumenta; e com Flávio Bolsonaro, o petista abre quase 20 pontos. Sinal de que a direita ainda busca um nome que unifique discurso e voto.

Governadores em cena

Os governadores Ratinho Júnior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União) aparecem como alternativas moderadas, mas ainda distantes do protagonismo. Nenhum deles chega a dois dígitos nas intenções de voto, o que mostra a dificuldade de romper a polarização. Fora do eixo Lula–Bolsonaro, o eleitor parece não enxergar um novo caminho.

Virada no segundo turno

O levantamento também mostrou melhora de Lula nos cenários de segundo turno. Ele agora vence Bolsonaro, Michele e Tarcísio, revertendo o quadro de agosto, quando perdia ou empatava. O petista ampliou a margem, reforçando o peso da máquina e o desgaste dos adversários. No jogo antecipado de 2026, o placar é claro: Lula segue com a bola no pé.

Elas por cima

A eleição de 2026 pode marcar um feito histórico em Mato Grosso do Sul: a maior bancada feminina da história. Os principais partidos do Estado apostam alto em nomes de mulheres, que prometem dominar o cenário eleitoral — e, pela primeira vez, disputar voto a voto o topo das urnas.

Camila, Rose e Mara

No PT, Camila Jara deve ser o carro-chefe da legenda, ainda mais se Vander Loubet disputar o Senado. Na federação União Progressista (União Brasil + PP), o nome forte é Rose Modesto, ex-vice-governadora e sempre campeã de votos. E no PL, quem desponta é Mara Caseiro, que pode herdar o espólio eleitoral de Marcos Pollon, caso ele concorra ao governo.

Novo tempo

Se o cenário se confirmar, MS pode romper uma tradição de baixa representatividade: desde 1990, o Estado nunca teve mais de uma mulher entre os oito deputados federais. Com Tereza Cristina, Soraya Thronicke e até a possível volta de Simone Tebet no jogo majoritário, 2026 promete ser o ano da virada feminina na política sul-mato-grossense.

Eles que se cuidem

Nos bastidores, o comentário é: os homens que se preparem, porque 2026 vem com cara de “elas no comando”. Com as principais siglas investindo pesado em candidaturas femininas, o velho jogo político de Mato Grosso do Sul pode ganhar novos sotaques, novas vozes e bem menos paciência para os velhos hábitos do poder.

Segue no jogo

Mesmo fora do PSDB, o ex-governador Reinaldo Azambuja continua dando as cartas. Agora no PL, ele mantém forte influência sobre o ninho tucano e será o principal articulador da escolha do novo presidente estadual. A decisão está prevista para depois de 30 de novembro, quando vence o mandato de Geraldo Resende.

Beto em alta

O nome mais cotado para comandar o PSDB é o do deputado federal Beto Pereira, apadrinhado por Reinaldo. Mesmo com rusgas com o novo presidente nacional, Aécio Neves, Beto é visto como peça-chave para a reorganização tucana até fevereiro. A fase é de transição e de muito cálculo político.

Racha à vista

Enquanto isso, o partido se divide entre os que ficam e os que seguem Reinaldo rumo ao PL. Pedro Caravina e Lia Nogueira defendem que a presidência fique com quem pretende permanecer no PSDB. Já Mara Caseiro, Zé Teixeira, Paulo Corrêa e Jamilson Name devem mudar de sigla. O tucanato, enfim, vive dias de poda e replantio.

Parceria bilionária

O Governo de Mato Grosso do Sul e o BNDES reforçaram a parceria que prevê R$ 2,5 bilhões em investimentos na modernização da malha rodoviária estadual. Técnicos do banco estiveram no Estado para vistoriar obras das rodovias MS-380, MS-289 e MS-276, dentro do programa Invest Impacto, que financia recuperação, pavimentação e monitoramento logístico em corredores estratégicos.

Em ritmo acelerado

O primeiro pacote de obras, o RAP1, já soma R$ 600 milhões em execução, com 50% de avanço médio. O segundo relatório (RAP2), aprovado em outubro, amplia o escopo para novos trechos em Três Lagoas, Selvíria, Dois Irmãos do Buriti e Dourados, conectando polos produtivos e preparando o Estado para a Rota Bioceânica. O BNDES elogiou a eficiência técnica da Agesul e do Escritório de Parcerias Estratégicas.

Integração e legado

O secretário Guilherme Alcântara de Carvalho reforça que o Invest Impacto é mais que um pacote de obras: é estratégia de integração regional e de fortalecimento da economia agroindustrial. A terceira etapa, o RAP3, deve elevar os investimentos ao teto de R$ 2,5 bilhões até 2025, consolidando a maior operação de crédito rodoviário da história do Estado. Desenvolvimento com planejamento (e asfalto).

Pista dupla

Nos bastidores, há quem diga que o Invest Impacto pavimenta mais do que rodovias: abre caminho para 2026. Com o BNDES garantindo o fluxo bilionário e as obras chegando a todas as regiões, o governo estadual acelera na pista do desenvolvimento… e também na da política. Afinal, asfalto novo sempre rende bons quilômetros de capital eleitoral.

Sempre acreditei

O governo do Estado e o governo federal inauguraram, no último dia 27, a Policlínica Conesul “Olga Castoldi Parizotto”, que na verdade é a junção do Centro de Especialidades Médicas e do Centro de Diagnóstico. As duas estruturas foram idealizadas pelo deputado federal Geraldo Resende ainda nos idos de 2015 e 2016 com duas emendas individuais no Orçamento Geral da União. Figuras que apontavam o projeto como sendo apenas “promessa eleitoreira” posaram para fotos com sorriso de orelha a orelha.

Complexo para entender…

Políticos que até hoje não entenderam que a estrutura do futuro Hospital Regional de Dourados não é apenas o setor inaugurado no último dia 27, apelidaram o complexo de “postão de saúde”. Na verdade, será um hospital de alta complexidade, composto ainda pelos blocos A e B (que serão inaugurados no próximo dia 20 de dezembro) e D (em construção).

Falta de vagas

A Comissão Permanente de Educação da Câmara de Dourados realizou, na quinta-feira (30), uma audiência pública para discutir a falta de vagas na rede municipal de ensino. O evento, proposto pelos vereadores Elias Ishy (PT), Sérgio Nogueira (PP) e Rogério Yuri (PSDB), contou com a participação da Prefeitura, do Simted, da Fetems, e de representantes do Governo do Estado, do Ministério Público, da Defensoria Pública e de entidades da sociedade civil.

Planejamento conjunto

Presidente da comissão, o vereador Elias Ishy destacou a necessidade de um planejamento conjunto entre Estado e Município para enfrentar o problema. Segundo ele, a ampliação de vagas e a melhoria da estrutura física das escolas exigem diálogo e ações integradas. Ishy lembrou ainda que a última escola municipal construída em Dourados foi em 2010, o que reforça a urgência de novos investimentos.

Crescimento e demanda

De acordo com estimativas baseadas no Censo 2024, a Rede Municipal de Ensino de Dourados atende mais de 37 mil alunos, enquanto a rede estadual possui cerca de 15 mil. Apesar da ampliação do atendimento nos últimos anos, a demanda por novas vagas segue crescente, impulsionada pelo aumento populacional e pela procura por ensino infantil e fundamental.


BASTIDORES DO PODER

Joias do silêncio

Em meados dos anos 80, o Brasil vivia seus últimos suspiros de regime militar e os corredores do poder ainda reverberavam um desejo comum: aparentar ordem, transmitir controle, apesar do circo por trás das cortinas. Foi então que um carregamento de pedras preciosas atravessou oceanos rumo aos Estados Unidos: águas-marinhas, turmalinas, esmeraldas. Um valor estimado em US$ 10 milhões.

No epicentro desse vai e vem exótico estava o então ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel: amigo de empresários favorecidos, cercado por suspeitas que penduravam como lustres pendurados num salão escuro.

O escândalo ganhou nome, “o escândalo das joias”, e virou símbolo de uma política onde as pedras raras eram menos valiosas que o silêncio que as protegia.

Mas há sempre o outro lado: o da justiça tardia ou do fuçar de arquivos frios. Abi-Ackel foi inocentado. Os autos arquivados, a acusação desbotada. O curioso é constatar como, na política brasileira, o trem não para por escândalo, ele apenas muda de via.

Elas por cima, 'postão de saúde', carnificina à direita, musa em cana e Lula na ponta

Uma acusação, uma manchete, um benefício de dúvida. E nos vemos, hoje, assistindo reprises de episódios que pareciam do passado, mas soam como trailer de amanhã.

Afinal, pedras que escapam das caixas-de-segurança e voos que levam cargas silenciosas cruzam o tempo com a leveza de uma piada antiga, que continua provocando risadas nervosas.

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