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Elairton Gehlen escreve: ‘Às vezes é sorte não ter sorte!’

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Elairton Gehlen – escritor

O meio de semana pode ser surpreendente quando o jogo do amor e sedução começa com um suspense do tipo: às vinte e uma horas, seis minutos e nove segundos vou abrir um portal do tempo… um não tempo… onde tudo é possível!  

Já vi e vivi muitas loucuras do amor, mas essa que me chegou a notícia ainda nesta semana, me fez pensar que para que tudo seja possível se deve mesmo anular a possibilidade do tempo, que depois de um tudo, talvez a existência do tempo pode ter um cálculo pro rata tempore daqueles que o juro é de agiota! 

Mas, voltemos ao que interessa. Segundo relato fiel de uma das partes, a dona do tempo propôs um jogo do amor onde todas as possibilidades se resumiam a três, e tudo seria possível às nove horas seis minutos e nove segundos da noite, desde que a escolha recaísse sobre a sorte maior escrita nos papeizinhos.  

Jovens, e nem tão jovens assim, costumam fazer suas loucuras do amor. Uma orgia pode começar com uma garrafa rodando na mesa até indicar quem deve começar as estrepolias. Um jogo de baralho pode causar ao perdedor o prazer de tirar uma peça de roupa. Quem bebe mais tem direito a certas coisas, se ainda tiver moral para isso ou aquilo, e outros jogos mais. Mas nesta quarta-feira o jogo tinha hora marcada e exclusividade e a sorte estava lançada. 

Não tenho a mesma liberdade que teve o felizardo, ou nem tão felizardo, jogador, mas posso, de alguma maneira, compartilhar com o leitor desta crônica, pelo menos uma certa curiosidade em relação as possibilidades apresentadas, já que parece que dentre as escolhas propostas, a sorte recaiu sobre, digamos assim, uma menos censurável num texto público. 

Atento ao relógio e ao WhatsApp, onde receberia a mensagem, exatamente no horário marcado deu ares da graça para saber o motivo pelo qual o tempo poderia deixar de existir, então foi convidado a descer as escadas do prédio e entrar num carro estacionado no meio fio. Dentro dele a possibilidade de o tempo deixar de existir numa aleatória possibilidade dentre outras duas. Você não é uma pessoa normal! Disse, procurando entender essa novidade no relacionamento. Não existe normalidade fora do tempo! Respondeu a dona do tempo e apresentou as três possibilidades escritas em papel dobrado.  

Entre o desespero de ganhar apenas um selinho e o desespero maior ainda de não ganhar o que estava quase desesperado para ter, a sorte caiu no meio termo. Desconsolado com só abraços e um belo beijo de língua, ainda lutava para conseguir pelo menos uns dez minutos onde tudo é possível, quando dois faróis altos denunciaram o carro da vizinha de apartamento estacionando a trinta centímetros atrás. Aí ficou claro! Às vezes é sorte não ter sorte! 

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