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Elairton Gehlen: ‘Ano Novo: investir para o futuro!?!?!?’

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Elairton Gehlen – escritor –

Eu já fui tachado de Chato por escrever crônicas muito verdadeiras!  Chato é aquela pediculose pubiana que incomoda e causa constrangimento e irritação, no caso o Pthirus púbis, que irrita a pele, mas, se for um escritor… Já estou numa idade em que não tenho mais nenhuma necessidade de muitas curtidas em minhas publicações, também não espero reconhecimento público pelo meu trabalho, então estou ‘de boa’, como dizem os jovens, para escrever sem rodeios. Se meus textos alcançarem um ou dois leitores interessados, já me dou por satisfeito! 

E, se por acaso, pelo menos um estiver pensando em poupar para o futuro, que tal um plano de aposentadoria? Quando chega o ano novo todo mundo canta aquela música que fala de muito dinheiro no bolso e saúde para dar e vender. Não desejo estragar a festa de ninguém, então vamos lá, falar de dinheiro no banco e saúde no hospital, que é de onde a gente tira esses produtos para o consumo, especialmente quando se está aposentado. Mas, se esses planos de aposentadoria propostos pelos bancos e planos de saúde são tão bons para seus contribuintes, qual a vantagem dos operadores? Pela propaganda, eles devem ser muito bonzinhos!! 

Andei fazendo umas contas, que matemático é assim, faz conta até para saber se vale a pena ter um amor! Não sou contra planos de aposentadoria, mas só queria entender o porquê de os bancos e as financeiras apostarem tanto no “seu bem-estar futuro” com planos tão “maravilhosos” de aposentadoria, em que você investe “um pouco” a cada mês e “garante” seu bem-estar na velhice. O texto a seguir não é uma recomendação para que você invista ou deixe de investir num plano qualquer. 

Eu fui empregado da Caixa Econômica Federal por 28 anos e, como todo mundo sabe, economiários podem contribuir para um plano de previdência complementar onde o empregado paga uma parte durante o tempo em que trabalha na empresa e o empregador, no caso a CEF, paga a outra e quando o trabalhador se aposenta recebe um valor complementar. Eu optei por não contribuir e hoje vivo da aposentadoria do INSS, enquanto meus colegas tem um belo adicional em seus proventos, por outro lado, eu pude usufruir do dinheiro que daria para o fundo durante os vinte e oito anos que fui empregado na empresa! Foi uma escolha. 

Previdência privada não é bem assim, o montante gerador do benefício é feito exclusivamente pelo contribuinte e o operador ainda cobra uma taxa para administrar o dinheiro e no fim o governo ainda cobra pelo menos dez por cento de Imposto de Renda sobre o valor total do benefício. Ainda assim pode ser bom, se você se dispõe a contribuir por um longo período, tipo uns trinta anos. Só não se esqueça que, se tiver uma crise generalizada no mercado financeiro, a empresa pode quebrar e o contribuinte ficar sem nada. 

Eu disse, lá em cima, que ia fazer uma conta, afinal sou matemático! Então vamos lá. Só para facilitar, vamos imaginar que uma operadora consiga atrair mil participantes que se disponham a pagar mensalmente o valor de R$ 1.000,00 por mês para ter uma aposentadoria de aproximadamente R$ 5.000,00 por mês depois de trinta anos de contribuição. O benefício está claro, R$ 5.000,00 por mês, mas qual é mesmo a conta do operador? 

Simples, com mil participantes, o operador arrecada mensalmente a bagatela de R$ 1.000.000,00. Isso mesmo, um milhão de reais, e sabe do melhor? Só vai pagar a primeira parcela para o contribuinte depois de trinta anos quando já tiver arrecadado nada menos que R$ 360.000.000,00. Entendeu? Primeiro o operador do plano de previdência retira R$ 360 milhões de reais do mercado para só então devolver R$ 5.000,00 para cada participante!! 

Nem todo participante paga R$ 1.000,00 por mês, mas existem, no Brasil, mais de 13 milhões de participantes, e arrecadação mensal supera a casa de R$ 8 bilhões mensais, aí já fica fácil de imaginar que o valor destinado aos bancos e financeiras é bilionário, e eu não estou nem aí se eles ficam ricos. O que me preocupa é como a sociedade empobrece. Esse dinheiro deveria estar no mercado, gerando empregos e bem-estar para todos. 

Previdência privada é só um rabinho neste monstro chamado capitalismo financeiro. A verdadeira mensagem dos bancos e financistas é: deus é o dinheiro!! Adore o teu deus e danem-se os teus irmãos! 

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