O ex-empresário Edison Brittes, condenado pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, revelou em entrevista exclusiva ao programa Doc Investigação, da RECORD TV, que a ex-esposa, Cristiana Brittes, foi a mandante do crime. Em conversa com a repórter Thaís Furlan, o condenado confessou que a ex-companheira enviou um áudio pedindo para que Daniel fosse morto.
De acordo com Edison, após algumas agressões na casa da família, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, o jogador Daniel foi colocado dentro do veículo e levado para uma área rural.
“Chegou no caminho tocou meu telefone, pego para atender, vejo quem é, eu rejeito a ligação. Era a Cristiana me ligando, eu não atendo e ela me manda três fotos, que eram as fotos dela na cama, que o Daniel tinha tirado. Até então eu não tinha visto. Com as fotos veio uma mensagem de voz, a Cristiana reafirmando o que ela tinha dito lá atrás, ‘mata, olha aí o que ele fez, mata’”, declarou Edison Brittes.
O condenado ainda confirma que estas mensagens nunca foram exibidas no processo, mas permanecem no aparelho telefônico. “As mensagens permanecem no meu celular. Isso é uma coisa que a minha defesa pediu para eu manter em off, e quem sabe em uma oportunidade. Esse celular nunca foi aprendido”, completou Edison.
Apesar de confirmar a existência do aparelho com as provas, Edison não apresenta as mensagens para a equipe de reportagem da RECORD TV.
“No momento certo vai aparecer este telefone, pode ter certeza que vocês serão os primeiros a ver. Mas estamos falando de um crime. Por que você acha que eu tenho obrigação de mostrar um telefone de um crime para você? Quem vai ter acesso a esse telefone primeiro é a justiça”, finaliza Edison.
A advogada Clarissa Taques, responsável pela defesa de Edison Brittes, recebeu com surpresa a informação deste aparelho telefônico com as provas.
“Essa informação é uma informação inédita para a defesa. A gente ouviu falar disso, mas ainda não temos faticamente onde está e com quem está. No momento oportuno a defesa vai trazer em benefício do acusado”, concluiu a representante do condenado.
Fim do casamento de Edison e Cristiana Brittes
A história do casal Brittes, marcada pelo crime brutal que abalou o Brasil, ganhou um novo capítulo após a condenação de Edison, com a confirmação do divórcio entre ele e Cristiana. Seis anos após a morte do jogador de futebol Daniel Correa, a relação dos dois, que já estava fragilizada, chegou oficialmente ao fim.

Clarissa Taques, advogada de Edison Brittes, confirma que o processo de divórcio está em andamento, encerrando formalmente uma união de 25 anos que gerou duas filhas. Enquanto Brittes aguardava julgamento, ele e a então esposa trocavam cartas cheias de juras de amor. Uma das correspondências mais emblemáticas foi escrita por Cristiana em março de 2024, um dia antes de Edison ser condenado pelo júri popular. O documento, revelado ao público pela primeira vez, era um gesto de carinho em que Cristiana expressava saudades e admiração pelo marido.
“As coisas não são as mesmas sem você. Nossa casa perdeu o brilho, parece não ter vida. É muito difícil ficar aqui, triste e solitária”, disse Cristiana na carta.
Durante o tribunal, Cristiana evitou olhar para o ex-marido e, logo após a condenação, ela pediu o divórcio. Insatisfeito com a separação, Edison alterou sua versão dos acontecimentos, acusando a mulher de ter ordenado o assassinato do jogador, mas essas acusações não se sustentaram no processo judicial.
Caso Daniel – relembre o crime
Daniel morava em São Paulo e jogava pelo time Esporte Clube São Bento (SP) em 2018. O jogador viajou para Curitiba, onde já tinha morado durante passagem pelo Coritiba Foot Ball Club, em outubro. No dia 26, foi até uma balada sertaneja para comemorar o aniversário de 18 anos da então amiga Allana Emily Brittes. Em 2017, Daniel já tinha comparecido ao aniversário de 17 anos de Allana.

Edison Brittes Júnior e Cristiana Brittes, pais de Allana, também estavam na balada. Já na madrugada do dia 27 de outubro, a família e amigos de Allana decidiram estender a comemoração e alguns convidados foram até a casa da jovem, incluindo Daniel.
Na residência, em São José dos Pinhais, Daniel enviou um áudio em um grupo de amigos falando que estava no local e que havia várias mulheres. Depois, o jogador Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, com a mulher desacordada, na cama do quarto da mulher.
Este foi o último contato de Daniel com os amigos. Com o desaparecimento do jovem, familiares ficaram desesperados e chegaram a contatar Allana, que afirmou que não sabia de nada.
Segundo o depoimento de Edison Brittes, ele ouviu a esposa gritando no quarto e, ao chegar, percebeu que a porta estava trancada. O suspeito relatou que arrombou a porta, encontrou Daniel em cima de Cristiana e começou as agressões. Daniel foi espancado na casa, colocado no porta-malas do carro de Edison e levado até um matagal. Além de Edison, três amigos de Allana, David William Vollero Silva, atual marido da jovem, Eduardo Henrique Ribeira da Silva e Ygor King também entraram no carro.
Allana, Cristiana, e uma amiga de Allana, Evellyn Brisola Perusso, ficaram em casa. A residência foi limpa e Evellyn contou em depoimento que só foi liberada após fazer almoço para a família. Em um matagal na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, o jogador Daniel teve o pescoço cortado e o pênis decepado. Em novembro, Edison Brittes confessou o assassinato e foi preso.
Cristiana Brittes é ex-esposa de Edison Brittes, que foi condenado a 42 anos de prisão pela morte do Jogador Daniel. A mulher também é mãe de Allana Brittes, que responde em liberdade, mas já foi presa duas vezes durante o processo.
David William Vollero Silva, Ygor King, Eduardo Henrique Ribeiro da Silva e Evellyn Brisola Perusso foram absolvidos pelo júri.