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Dourados: Reserva Indígena tem 51 crianças com deficiência, sem tratamento adequado

Na escola Tengatuí Marangatu, professora kaiowá Linda Moraes relata as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência dentro da Reserva Indígena

Nas aldeias de Dourados, crianças vem perdendo movimentos e tendo atrofias por falta de atendimento fisioterapêutico; alunos com autismo crescem sem estímulos e terapias essenciais para desenvolvimento social, físico e emocional, diz relatório

Devidamente matriculadas na rede municipal de ensino situadas na Reserva Indígena de Dourados, há 14 alunos com autismo e 37 com deficiências físicas, paralisia cerebral, deficiência intelectual, neuropatias, surdez, deficiência auditiva, baixa visão, entre outras deficiências. A informação consta de relatório elaborado pela da PRODTEA – Associação de Pais e Responsáveis Organizados pelos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista.

O documento destaca que esses alunos não têm atendimento multiprofissional básico. “O cenário é de descaso, desleixo, desumanidade e chega a ser desesperador”, afirma. “A Reserva Indígena de Dourados tem apenas quatro unidades básicas de saúde, que fazem o atendimento de toda a população dividida por micro áreas”.

Para a entidade, “é desesperador acompanhar crianças que vem perdendo movimentos, tendo atrofias por falta de atendimento fisioterapêutico, crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que crescem sem estímulos e terapias essenciais para desenvolvimento social, físico e emocional”.

Essas crianças “chegam à idade de nove a onze anos para serem laudadas, e quando o são, não tem nada além da escola” para obtenção de algum tipo de acompanhamento.

Relatório detalhado

Além do número de alunos já com laudo médico comprovando apresentarem algum tipo de deficiência, o relatório detalha a situação de vulnerabilidade em que se encontram essas crianças e suas famílias. A inexistência de serviço de acompanhamento na rede pública de saúde dentro da Reserva e as dificuldades que as mesmas encontram também na rede educacional, assistencial e cultural também são relatadas.

O levantamento foi elaborado a pedido do deputado federal Geraldo Resende (PSDB-MS), que pretende intermediar a formatação de convênios e parcerias entre a União, Estado e Município na busca de soluções para garantir o acesso dos indígenas aos serviços públicos, “no mínimo nas mesmas condições que são ofertadas às pessoas que residem nas áreas urbanas”.

As questões relacionadas à inclusão social, educação, infraestrutura, acessibilidade, cultura e assistência social também foram relatadas pela Associação. “Esse documento será muito importante para nortear nossas ações e intervenções nos âmbitos e órgãos tanto do Município, do Estado e junto ao governo federal”, explica o parlamentar sul-mato-grossense.

Dourados: Reserva Indígena tem 51 crianças com deficiência, sem tratamento adequado
Reunidos na Escola Tengatuí Marangatu, no início deste mês, famílias pedem socorro por atendimento a crianças com deficiência que residem na Reserva Indígena de Dourados

Educação

A Associação lembra que desde 2007 houve a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais dentro das escolas da Reserva Indígena de Dourados. “A luta constante por uma educação escolar indígena diferenciada e especifica está dando resultados depois de anos e anos”, reconhece.

No entanto, atualmente há casos de crianças que ingressam na escola com nove a onze anos, sem laudo, sem informação alguma”. A entidade registra ter inúmeros casos em que professores e coordenadores das escolas se “juntam” para fazer o encaminhamento de crianças para atendimento de saúde, inclusive promovendo eventos para arrecadações para encaminhamentos a médicos particulares para avaliação dessas crianças, as quais somente a partir do laudo tem seus direitos garantidos.

“Dentro da RID seguimos a resolução/SEMED nº 046, de 09 junho de 2022 do Município de Dourados-MS que regulamenta o trabalho da educação especial nas escolas, sempre no embate do respeito à diversidade e à especificidade cultural apresentada pela educação escolar indígena”.

No aspecto educacional, o documento que explica que é considerado público alvo, devidamente matriculado na rede municipal de ensino das aldeias do município de Dourados, a quantidade de cinquenta e um alunos entre as mais diversas deficiências, como: física, paralisia cerebral, TEA, deficiência itelectual, neuropatias, surdez, deficiência auditiva, baixa visão, entre tantas outras.

“As deficiências podem até ser diferentes, porém o acompanhamento clinico, terapêutico e pedagógico, em todas as áreas (saúde, educação, assistência social, esporte e lazer, cultural, etc.) são necessidades em comum entre as pessoas com as mais diversas deficiências para que todos possam desenvolver-se na sua plenitude com dignidade e respeito”, conclui o documento no âmbito educacional.

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