Ilson Boca Venancio – 18/07/2011
Nesta semana que se comemorou o ‘Dia do Compositor Sertanejo’ achei oportuno falar de um dos mais atuantes músico e compositor desse gênero, Nélson Domingos, o nosso Dominguinhos.
Meu amigo como todo brasileiro vem de uma mistura diversa: o seu pai Pedro Domingos veio da Bahia para Cafelândia no interior de São Paulo, onde se casou com uma catarinense filha de sírios e foi em Guararapes-SP, que ele nasceu.
Influenciado pelo convívio familiar tanto do lado materno quanto o paterno que tinham a música como hábito, principalmente o seu avô Vicente Domingos, que tocava muito bem o violão que ele acredita ter desenvolvido esse seu gosto pela música..
Ele me contou que desde pequeno se apegou a música e a gaita de boca foi o seu primeiro instrumento, com sete anos de idade já tocava todas as músicas que ouvia.
Veio com a família para Dourados em 1951, com nove anos foi morar na Colônia Federal no travessão do ‘Laranja Doce’. Quando chegou aqui na sequência comprou um cavaquinho, depois um violão mais adiante o seu primeiro acordeon. Com um ano de estudo já tocava todos.
Em 1961, em um festival de música acontecido na Serraria, atual Indapólis apresentado por Nho Vito, conheceu os irmãos Petelim, como tinham o gosto musical parecido foi o ponto comum e formaram ali mesmo o ‘Trio Douradense’.
Vindo a Dourados se apresentar na Rádio Clube que funcionava ao lado do Clube Social na Avenida Joaquim Teixeira Alves com a Nélson de Araujo. Tinha como apresentador a figura de Nho Vito, locutor o nosso extrovertido Sultan Rasslan, jornalista João Franco e o homem que tinha os passarinhos na garganta, o Armando Perrupato, que imitava o canto de muitos pássaros.
Foi com o Trio Douradense que em 1963 gravou o primeiro disco em rotação 78 e com ele começou a divulgar as suas músicas ‘Flor Guarani’ e ‘Visitando Mato grosso’ através das ondas do radio. Em1965 voltaram a São Paulo e gravaram duas faixas de um LP misto.
Nessa caminhada por São Paulo para divulgar suas músicas cantaram em várias rádios e visitaram a dupla Délio e Delinha que nesta época fazia um programa na Rádio Excelsior. Lá se apresentaram e foram também nas Rádios Nacional de São Paulo e Rádio Nove de julho, emissoras que tinham um longo alcance e uma boa receptividade pelo público ouvinte.
Lembra que em 1976 ele e o acordeonista Romeu Ribeiro de Melo foram a São Paulo a pedido da dupla Milionário e Zé Rico, para um duo de acordeon e gravarem as músicas ‘Fofoca de amor’ e ‘Perdão também é vingança’ eram duas polcas ao estilo sul-mato-grossense.
No sexto álbum dessa famosa dupla, e deixaram a pedido da gravadora uma faixa gravada ‘Brincando com a Oito baixo’ que foi inserida num LP coletivo de sanfoneiros.
Com o Duo do acordeon voltou a São Paulo em 1977 para gravar um LP produzido por Dino Franco produtor musical da gravadora Chantecler.
Dominguinhos conta que apesar da correria atrás do sucesso nunca se afastou do público douradense participando ativamente da programação do rádio.
Relembra a mudança da Rádio Clube para a sua sede própria afirmando que esse foi um bom tempo para a música, período marcado também pela presença do Zé Rico que morava aqui e tocava com o Marati,
Dominguinhos faz questão de dizer que apesar de seu nome ter surgido antes que o do sanfoneiro nordestino Dominguinhos, que até determinado tempo se chamava ‘Nenê do acordeon’ toma o cuidado de usar o seu primeiro nome Nélson Domingos colocando Dominguinhos entre parênteses.
Sua carreira começou em 1961 e durante a sua caminhada com a música experimentou muitos ritmos e estilos indo das raízes regionais, sertanejas, popular, até os clássicos do jazz e blues.
Tocando teclado no ‘Serenata ao Luar’ do saudoso Dr. Arquiduque, junto com o Sandro Sax, Biko do Trombone, Maestro Geraldo (violão e violino), Seu Nenê, (trombone), Juliana (órgão) e Arqueduquinho (ritmista) entre inúmeras apresentações coloca em destaque a apresentação na inauguração da sede do Sebrae em Brasília.
Dominguinhos conta que tocou com quase todos os músicos da cidade além dos grupos que fez parte como componente que foram o Trio Douradense e o Duo de Acordeon com o Romeo, também participou como instrumentista dos discos de Marcilio Lima, (violão) Laércio e Marati, (acordeon) Milionário e Zé Rico, Duo do Acordeon, Salu e Salim (acordeon) e com Odair Vilela.
Pela sua versatilidade e amor pela música teve participação em inúmeras outras gravações e apresentações tocando acordeon e teclado.
Hoje aposentado de uma empresa de telecomunicação passa o tempo, além da música, consertando acordeon, instrumento que durante algum tempo andou esquecido, mais que ultimamente voltou a ser muito procurado.
Fala que o sucesso da música sertaneja e regional em nossa cidade muito se deve as emissoras de rádio e seus apresentadores que souberam valorizar essa arte tão popular.
Eu que vivenciei essas histórias fiquei muito feliz em relembrá-la através dessa pessoa que posso assegurar é também um grande amigo.
Fonte: Folha de Dourados