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Dia da Mães: ‘A rainha da Boa Vista’, escreve Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen – escritor 

Acordo de manhã e a primeira coisa que faço é ir até o quarto da minha mãe para saber se ela acordou, se passou bem a noite e se precisa de ajuda para se vestir, daí vou até a cozinha preparar o chimarrão enquanto preparo o café da manhã. Algum tempo depois escuto o barulho da bengala contra o piso, então vou até a mesa e ajeito a cadeira onde minha progenitora senta-se com dificuldade sobre uma almofada, empurro a cadeira para que fique próximo da mesa e então tomamos chimarrão por uns trinta minutos, daí sirvo o café com leite, corto uma fatia de pão e me sento à mesa para o desjejum. Para completar, tiro da ‘saboneteira’ seis comprimidos que serão tomados para que a vida continue. Um para afinar o sangue, outros para hipertensão, pressão alta, asma e mais outro tomado anteriormente para proteger o estômago contra a agressão destes. 

Hoje levei a Rainha da Boa Vista de 1.951 para uma consulta com a dermatologista. As notícias que me vieram do diagnóstico das manchas no rosto não foram boas! Escutei em silêncio, não tive coragem de antecipar qualquer preocupação, melhor esperar pelo resultado da biópsia que será feita depois de um tratamento alternativo. A médica disse carinhosamente: “Isso parece um cancerzinho”. Disse ‘cancerzinho’ como se dissesse ‘e´so uma gripezinha’! Minha mãe não ouviu, semana que vem tem agenda com um otorrinolaringologista para ver se melhora a audição usando aparelho nos ouvidos. A doutora estava com um barrigão enorme, logo entrará em licença maternidade, vai ser mãe, talvez daqui a uns sessenta anos será seu filho a leva-la para tratamentos de pele e outras doenças que aos oitenta e poucos anos vão transformando idosos em crianças outra vez. 

As histórias se repetem. ‘Acho que já contei para você’, ela diz quando vai contar outra e outra e outra vez a mesma história já contada. E são muitas as histórias. Desde a viagem do Rio Grande do Sul para o Paraná que demorou catorze dias, até o isolamento social por quê está passando, tem uma vida de liderança na comunidade. Mas tem uma que eu não quero repetição. Quando eu nasci, minha mãe quase morreu, teve hemorragia e não tinha um hospital, sequer uma farmácia onde se socorer. O recurso veio de uma parteira que injetou um medicamento sem nenhuma prescrição médica e salvou-nos.  

Em 1.951 uma garota de dezoito anos foi eleita a mais bela dentre todas as garotas da cidade da Boa Vista, no Rio Grande do Sul, tornando-se a Rainha da beleza! Hoje, aos 87 anos de idade, a minha Rainha continua bela e é com ela que homenageio as mães no seu dia.  

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