fbpx

Desde 1968 - Ano 56

27 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 56

InícioMeio AmbienteDesvio de recursos bélicos para o combate às mudanças climáticas no Brasil

Desvio de recursos bélicos para o combate às mudanças climáticas no Brasil

- Advertisement -

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

Em um momento crucial para o futuro do planeta, onde a crise climática apresenta-se como uma ameaça existencial, o Brasil se encontra na encruzilhada. De um lado, ostenta um dos maiores orçamentos militares da América Latina, direciona recursos valiosos à compra de armamentos e manutenção de um aparato bélico robusto. Do outro lado, as consequências das mudanças climáticas já se fazem sentir com força crescente, exigem medidas urgentes e investimentos em larga escala para mitigar os impactos e garantir a resiliência do País.

Diante desse cenário, torna-se imperativo questionar a atual distribuição de recursos no Brasil. Será que a segurança nacional se resume apenas à força militar? Ou seria mais sábio investir em um futuro sustentável, combatendo as raízes da instabilidade social e ambiental que alimentam conflitos?

Acredito que a resposta reside na busca por um equilíbrio entre segurança e sustentabilidade. Um Brasil forte e seguro não se constrói apenas com armas e blindagens, mas sim com investimentos em educação, saúde, infraestrutura verde e pesquisa tecnológica. Reduzir o aparato bélico e redirecionar esses recursos para políticas públicas de combate às mudanças climáticas não significa abrir mão da segurança, mas sim redefinir sua essência, focar na construção de um futuro resiliente e próspero para o povo.

Em 2023, por exemplo, o Brasil destinou R$ 52,8 bilhões à Defesa, conforme dados do Ministério da Economia. Em contrapartida, o investimento em ações de combate às mudanças climáticas no Brasil foi significativamente menor, totalizando apenas R$ 2,4 bilhões.

As mudanças climáticas representam uma grave ameaça à segurança nacional do Brasil. Eventos climáticos extremos, como secas, inundações e incêndios florestais, já causam perdas econômicas significativas e deslocamentos populacionais. Além disso, a crise climática pode exacerbar conflitos sociais e aumentar a instabilidade regional.

Investir em ações de combate às mudanças climáticas, como a transição para energias renováveis, o reflorestamento e a agricultura sustentável, não apenas contribui para a proteção do meio ambiente, mas também gera empregos, impulsiona o desenvolvimento econômico e reduz a vulnerabilidade do País a desastres naturais e conflitos.

Reduzir o aparato bélico no Brasil não se limita à questão orçamentária. É necessário repensar o modelo de segurança pública, buscando alternativas mais eficazes e menos custosas para garantir a segurança da população.

Um dos pontos-chave para essa mudança é a redução do número de policiais e militares. O Brasil possui uma das maiores taxas de homicídios do mundo, mas essa estatística alarmante não se traduz em maior segurança para a população. Na verdade, estudos demonstram que a militarização da segurança pública muitas vezes contribui para o aumento da violência, em vez de diminuí-la.

Ao invés de investir em mais armas e repressão, o Brasil precisa fortalecer políticas públicas de prevenção à violência, como programas de educação e geração de renda, além de investir na ressocialização de presos e na humanização do sistema prisional.

Reduzir o aparato bélico do Estado e redirecionar esses recursos para políticas públicas de combate às mudanças climáticas não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também de segurança nacional. Ao investir em um futuro sustentável, o Brasil constrói um País mais resiliente, próspero e seguro para toda a população.

Chegou o momento de o Brasil abandonar a lógica ultrapassada da segurança baseada na força militar e abraçar um novo paradigma, onde a segurança se constrói por meio da sustentabilidade ambiental, da justiça social e do desenvolvimento humano. Esse é o caminho para um futuro promissor às próximas gerações.

(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

- Advertisement -

MAIS LIDAS

- Advertisement -
- Advertisement -