Opinião – 14/09/2009
Demarcação Indígena e a Política
() Marcos Falco A polêmica gerada nos últimos tempos em relação à demarcação das terras indígenas no sul do MS tem se tornado um marco divisório da política no Estado. Fica bem claro agora como os políticos da direita conservadora atuam e quais interesses defendem. Quem tem acompanhado os posicionamentos e as atitudes do Sr. Governador em relação a questão da demarcação sabe bem disso. Ora, separar meio milhão de reais dos cofres públicos para custear gastos jurídicos dos advogados da Federação da Agricultura e Pecuária do MS – Famasul a fim de impedir o processo de estudos nas terras a serem demarcadas, defender a extinção da FUNAI e tentar a qualquer custo impedir o processo de estudos dessas áreas, são indícios claros de quais interesses o Governo defende.
Claro que, como princípio alienatório, tem-se tentado a qualquer custo fazer desta causa uma causa de todos, que os interesses em manter o status quo (manter as coisas como estão) sejam de toda sociedade. No entanto, sabemos historicamente como a classe latifundária, agrária e conservadora atua para manter seus interesses. Como esta mesma classe, teve o amparo da União para ampliar suas terras à custa dos territórios indígenas.
Nesta perspectiva, outro político, o Vereador do chapéu, de atitude não menos conservadora, já que tem atuado como representante dos interesses do latifúndio, do agronegócio e do partido deles – o DEM – dá demonstrações claras contra os índios, ao dizer que a ampliação dos territórios indígenas não vai resolver o problema. Dizer isso é fácil, mas como resolver o problema de quarenta mil índios confinados no Estado sem ampliar suas terras? A solução para esta pergunta o vereador não responde, só diz que a demarcação é injusta, que vai prejudicar a produção, etc…
Estas reflexões devem nos levar a olhar para o cenário político sob duas perspectivas: de lado os políticos corporativistas, conservadores e reacionários, que atuam em nome de uma parcela mínima e privilegiada da população, tanto do campo como da cidade, formando bloco DEM-PSDB e Cia. Do outro, Os políticos progressistas e que lutam pela transformação social, como é o caso do PT, PSB, PCdoB e Cia. No meio ficam os partidos de barganha que nem precisa citar.
O segundo grupo, que tem a frente o Governo Lula têm desenvolvido algumas políticas opostas ao primeiro, pois vejamos: questões como a demarcação das terras indígenas, são colocadas como uma questão de honra e obrigação do Estado; A iniciativa de mudar os índices de produtividade para fins de Reforma Agrária; A Valorização das instituições públicas; Das Estatais; Da redistribuição de renda; Da iniciativa de tornar a alimentação um direito constitucional; Da geração de empregos provocados pelo investimento maciço em infra-estrutura, vide o PAC; Da economia interna, soberania nacional e cooperação internacional são políticas que representam os interesses da maioria da população senão de toda sociedade.
Desta feita, é impossível dizer que tudo na política é igual, que os políticos são iguais. O cenário no MS, com o governador que temos e seus políticos, nos credenciam a dizer e a concluir que algo está errado, que por trás da retórica universalista mora os interesses corporativos dos que mandam e querem continuar mandando. Fiquem atentos, pois tais grupos irão polarizar as eleições 2010.
() É Professor, Educador Popular e Secretário de Organização do Partido dos trabalhadores de Dourados – MS e membro da AE – Articulação de Esquerda
Fonte: Folha de Dourados