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Delegada diz que reconstituição foi ‘primordial’ para esclarecer ataque contra adolescente

Redação –

A Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Dourados realizou, nesta semana, uma reprodução simulada para esclarecer a tentativa de homicídio contra uma adolescente de 14 anos, ocorrida em agosto deste ano. O caso ganhou grande repercussão após a jovem sofrer queimaduras graves, supostamente provocadas pelo então namorado, de 38 anos. A delegada adjunta, Gabriela Vanoni, detalhou o andamento das investigações em entrevista ao repórter Cido Costa, da Folha de Dourados.

Reprodução simulada foi decisiva, diz delegada

Segundo a delegada, a reconstituição realizada na quarta-feira (3) foi necessária devido às divergências encontradas nos depoimentos da vítima, do investigado e das testemunhas.

“Fizemos diversas oitivas, apreensões de objetos do local e até a roupa usada pela vítima no momento em que estava em chamas. Como havia inconsistências entre os relatos, decidimos pela reprodução simulada para compreender a dinâmica do fato”, explicou Vanoni.

A diligência foi feita em duas etapas: inicialmente com a participação da vítima, acompanhada por atores que representaram os envolvidos. Foram utilizados materiais inflamáveis semelhantes aos que teriam sido usados no dia do crime, permitindo que a perícia avaliasse a viabilidade das versões apresentadas.

Na segunda etapa, o próprio suspeito participou espontaneamente da simulação, reconstituindo o trajeto e suas ações dentro da residência. Uma atriz com estatura semelhante à da adolescente também foi utilizada para testar as possibilidades de acidente, crime culposo ou ação intencional.

“A perícia agora vai analisar vídeos, fotografias e testes com substâncias inflamáveis. Trata-se de um caso grave e complexo, e essa diligência será primordial para concluirmos a investigação”, afirmou a delegada.

Investigado segue com tornozeleira eletrônica

O suspeito chegou a fugir após o episódio, mas foi preso pela DAM após alguns dias. No entanto, como já havia transcorrido o prazo legal para flagrante, a prisão preventiva não foi decretada. Em vez disso, o Judiciário determinou o uso de tornozeleira eletrônica.

“Representamos por medidas cautelares, e o juiz concedeu a monitoração eletrônica. Ele tem colaborado com as determinações judiciais. Porém, isso não impede uma futura prisão, caso descumpra ordens ou se a investigação confirmar intenção criminosa”, explicou Vanoni.

A delegada ressaltou que o suspeito relatou ter tentado apagar as chamas com as próprias mãos — ferimentos que foram constatados e encaminhados para avaliação no Instituto Médico Legal.

Divergências nos depoimentos motivaram reconstituição

Questionada sobre a coerência entre as versões apresentadas, Vanoni afirmou que há pontos coincidentes, mas também divergências significativas.

“Por isso realizamos a reprodução. Só com laudos e análises técnicas poderemos dizer se foi um acidente, um crime culposo ou um crime intencional”, destacou.

Os laudos periciais devem ficar prontos em aproximadamente 10 dias, prazo que pode ser estendido devido à complexidade do caso.

Delegada faz alerta sobre violência contra mulheres e meninas

Ao final da entrevista, Vanoni aproveitou para reforçar a importância da responsabilidade coletiva no enfrentamento à violência contra mulheres.

“Todos nós temos papel nesse combate. Não podemos naturalizar ou minimizar situações de violência. É preciso denunciar, agir e proteger. Queremos que mulheres e meninas possam viver sem medo”, afirmou.

Diferença de idade não configura crime por si só

Sobre o assunto que tem gerado debates na cidade — o fato de a vítima ter 14 anos e o suspeito 38 — a delegada esclareceu que, do ponto de vista legal, a relação só configuraria estupro de vulnerável se a adolescente tivesse menos de 14 anos.

“Ainda que a diferença de idade cause estranhamento social, a lei não impede o relacionamento desde que seja voluntário e consentido. Nosso foco está nas circunstâncias do crime e na proteção da vítima”, concluiu.

A Polícia Civil segue com as investigações e deve apresentar novas informações após a conclusão dos laudos.

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