fbpx

Desde 1968 - Ano 56

19.2 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 57

InícioArquivoDe peixaria improvisada a sócia de gigante japonesa

De peixaria improvisada a sócia de gigante japonesa

Brasil – 14/03/2011

 
 Aos 15 anos, Sérgio Colaferri Filho cismou que tinha que ter um reajuste em sua mesada. O adolescente pediu um aumento a seu pai, mas ganhou, em vez disso, um saco cheio de relógios. Se era para fazer dinheiro extra, pensou Sérgio pai, que o filho o fizesse com seu próprio esforço. Foi a centelha para que Sérgio Filho entrasse no mundo dos negócios e nele fizesse nascer a Netuno, uma das maiores empresas da indústria de pescados do País. Com os relógios, Sérgio aqueceu a lábia de vendedor. Em 1988, com um gordo cartel de relógios vendidos, o empreendedor aceitou o convite de um amigo para comercializar o que sobrava dos peixes reservados para exportação. Colaferri instalou-se no quintal de uma casa no bairro Brasília Teimosa, no Recife, e foi à luta: antes de alugar um galpão com freezers, ele guardava seu estoque no freezer de casa. Sérgio conheceu o chileno Hugo Campos Bahamondes um ano e meio depois do errático início das atividades da Netuno. Estão juntos há 20 anos. A eles juntou-se o irmão de Colaferri, Alexandre – e mais recentemente, a japonesa Nissui, uma gigante do mercado da pesca que fatura mais de US$ 5 bilhões por ano que viu na Netuno a porta de entrada definitiva no promissor mercado de peixes brasileiro. À compra e venda de pescados a empresa somou uma frente exportadora, seu carro-chefe até o baque causado pela crise financeira global de 2008. Com o crescimento da companhia, na década de 1990 a Netuno também entrou no ramo da aquicultura, outra de suas mais destacadas frentes de atuação. Fazem parte desse ramal de trabalho as fazendas de criação de camarão e o projeto de criação de tilápia em cativeiro no rio São Francisco, na região de Paulo Afonso (BA), Jatobá e Itacuruba (PE). A crise global de 2008 abalou a Netuno. O número de funcionários, que era então de 1,5 mil pessoas, teve que ser reduzido em um terço em virtude da retração do mercado externo – que chegou a responder por 70% das vendas da empresa – e também do aperto na oferta de crédito. Atualmente, atraída pelo ascendente mercado interno – e, ao mesmo tempo, desestimulada pela taxa de câmbio -, a Netuno realiza 75% das vendas no Brasil. Foi na sequência dos percalços da crise, em 2009, que Netuno e Nissui criaram uma joint venture para atuação conjunta. A operação exigiu a criação da Netuno Internacional, da qual cada empresa tem 50% de controle. A operação teve um aporte total de US$ 80 milhões. “O foco da Nissui é aquicultura”, diz Hugo Campos, um dos sócios da Netuno. “Eles são especialistas nisso e querem desenvolver o mercado no Brasil”. O pior do susto de 2008 a Netuno já superou. Com faturamento de cerca de R$ 250 milhões, a empresa repôs todas as vagas que foram eliminadas durante o momento mais encruado da crise global. Com o sócio japonês, a empresa – que, além de atuar na criação de tilápias e camarões e de comprar de lagostas de mais de mil pescadores artesanais, também trabalha como trading de pescados – reforça o trabalho que tenta engordar o sempre criticado baixo consumo per capita de peixes no País. “O pescado é uma commodity internacional”, diz o chileno Campos. “Maior que ele, só o petróleo”.

Fonte: IG

- Publicidade -

ENQUETE

MAIS LIDAS