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‘Crônica é uma história verdadeira’, por Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen – escritor 

Minha prima certa vez me perguntou se as crônicas que escrevo são histórias verdadeiras e eu não respondi para que ela ficasse nesse sem saber que faz com que a mulher fique sem argumentos depois de perguntar se o marido já a traíra e ele lhe responde perguntando: se eu disser que não você vai mesmo acreditar? E se eu disser que sim, isso vai te deixar em paz? Pois bem, deixemos de lado a infidelidade do casal e vamos a resposta à minha prima: Sim, crônica, por definição é um texto literário a partir de um fato, o que não significa que seja um relato, mas um texto construído com referência a uma verdade. 

Por exemplo, a verdade é que o escritor decidiu comemorar as vendas que seu livro teve no último mês e reuniu alguns amigos numa mesa de bar para beber alguns desses livros vendidos. O Garção perguntou o que desejavam e logo de cara disseram que poderia trazer dois livros de cerveja e mais dois de fritas para acompanhar, tudo por conta do poeta! Uma breve explicação do que seria livros de cerveja e o Garção trouxe a poesia e quatro copos de literatura e duzentas e quarenta páginas de fritas para deleite dos viajantes das letras. 

Meia hora bebendo alguns livros, e um grupo de três jovens em pé ao balcão conversavam quase num cochicho enquanto olhavam para o escritor que se dispusera a gastar livros com os amigos. Não bebiam, não tinham dinheiro para beber, mas fizeram uma aposta com um deles que estava sendo observado de canto de olho pela mesa da literatura. Um tapinha no ombro e o jovem de camiseta polo vermelha saiu do grupo e aproximando-se um pouco tímido deu a cartada do seu jogo: o senhor é escritor, não é? Sim. É…, será que o senhor pode pagar uma cerveja para mim? Garção, traz um copo e uma cadeira, aqui do meu lado! 

A aposta já estava ganha, mas a surpresa do convite à mesa foi tamanha que o jovem nem conseguia beber as páginas iniciais que pedira, enquanto os outros dois amigos boquiabertos no balcão não sabiam se festejavam a vitória do amigo ou se também buscariam lugar à mesa da cultura regional. Quero que tu me digas, qual é a história por trás desse pedido. História? Sim. Verdadeira? Você me pediu uma cerveja e eu te dei uma verdadeira. É que eu apostei com meus amigos… Eu sei, vi vocês conversando, eu quero saber qual é a tua história verdadeira, eu sou escritor, preciso publicar uma crônica amanhã! 

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