Dr. Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –
A história da migração humana é um mosaico fascinante, onde cruzamentos inesperados revelam conexões ancestrais. Este artigo explora as intrigantes relações entre os povos indígenas do Brasil e o povo japonês, desvenda pistas que sugerem um parentesco que pode transformar a forma como ambas as comunidades se reconhecem e se relacionam.
Ao examinarmos as culturas indígenas brasileiras e a japonesa, encontramos diversos pontos em comum que transcendem as barreiras geográficas. Um dos aspectos mais marcantes é a profunda conexão com a natureza. Tanto os povos indígenas quanto os japoneses reverenciam a terra, os animais e os elementos naturais como entidades sagradas, integrando-os em rituais, crenças e práticas cotidianas. Essa cosmovisão compartilhada se manifesta em diversas tradições, como:
Xamanismo indígena: permeado pela comunicação com os espíritos da natureza, como no ritual do Yawanawa, onde os participantes ingerem ayahuasca para entrar em contato com o mundo espiritual.
Shintoísmo japonês: com a reverência aos kami (deuses) que habitam rios, montanhas e florestas, como a prática de purificação ritual com água em templos shintoístas.
Estudos genéticos revelam que os povos indígenas do Brasil e o povo japonês compartilham ancestrais comuns. Análises de DNA mitocondrial, por exemplo, demonstram que ambos os grupos possuem haplogrupos (marcadores genéticos) que indicam uma origem asiática. Essa ancestralidade compartilhada pode ser explicada por migrações que ocorreram há milhares de anos, conectando as populações que hoje habitam o Brasil e o Japão.
O reconhecimento dessa ancestralidade compartilhada pode ter um impacto significativo na forma como os povos indígenas do Brasil e o povo japonês se relacionam. Essa reconexão pode:
- Fortalecer os laços: por meio do intercâmbio cultural, da colaboração em projetos de pesquisa e da defesa conjunta dos direitos indígenas;
- Desenvolver uma postura de colaboração e respeito mútuo: reconhecer e valorizar as diferentes culturas e cosmovisões, promover o diálogo intercultural e a aprendizagem mútua;
- Promover a valorização da diversidade cultural: combater o racismo, a discriminação e a intolerância, construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ações para o Futuro:
Povo japonês:
- Apoiar a preservação da cultura e dos direitos dos povos indígenas: financiar projetos de proteção dos territórios indígenas, da promoção da língua e da cultura indígena e da defesa dos direitos indígenas;
- Financiar projetos sociais, culturais ou ambientais, realizar campanhas de conscientização e apoiar organizações indígenas;
- Pressionar governos e empresas a adotarem medidas que protejam os direitos dos povos indígenas e promovam o ecodesenvolvimento.
Comunidade internacional:
- Pressionar o governo brasileiro a demarcar terras indígenas e garantir a proteção dos territórios tradicionais e dos recursos naturais;
- Cobrar das empresas que operam no Brasil o respeito aos direitos dos povos indígenas e a consulta prévia, livre e informada antes de qualquer empreendimento que possa afetar as terras e os modos de vida da população indígena;
- Apoiar organizações indígenas que lutam pelos seus direitos, fornecer recursos financeiros, técnicos e políticos.
O reconhecimento da ancestralidade compartilhada entre os povos indígenas do Brasil e o povo japonês é uma oportunidade para construir um futuro mais justo e equitativo. Por meio do diálogo intercultural, da colaboração e da ação conjunta, podemos fortalecer os laços entre essas duas comunidades e promover a valorização da diversidade cultural, a proteção dos direitos indígenas e o desenvolvimento sustentável.
Este artigo é um ponto de partida para pesquisas mais aprofundadas sobre este tema fascinante, inspira ações que contribuam para a construção de um futuro mais justo e equitativo para indígenas e japoneses.
(*) É Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.