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‘Começo da semana, no meio de uma campanha com um fim eleitoreiro’, por Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen – escritor 

Estamos nos aproximando das eleições municipais e já se podem ver aqueles famosos cabos eleitorais pelas ruas, em bandos, com as mãos cheias de santinhos e o discurso totalmente preparado para defender seu ídolo de barro, seja quem for, desde que pague pelo trabalho será defendido até o dia da eleição. Votar nele? Aí já outra história! O compromisso é pedir o voto dos outros. 

Um bando desse cabos eleitorais se aglomeravam na sombra de uma árvore nos arredores do Parque Alvorada, sem máscara e tomando tereré sem a menor cerimônia quando passei e perguntei o nome do candidato, três se levantaram ao mesmo tempo para me entregar o santinho enquanto a cuia com a água gelada rodava de mão em mão até chegar a minha vez. Agradeci e fiz mais uma pergunta, se não consideravam perigoso estarem todos juntos, sem máscara e tomando tereré que vai de boca em boca. Ouvi uns quatro nãos ao mesmo tempo, daí uma senhora, de mais idade que a galera dos santinhos, aproximou-se e explicou que quando visitavam as casas colocavam as máscaras e o tereré era só assim, em lugares mais afastados. 

Agradeci de novo pela a atenção, embarquei na bicicleta e continuei, de máscara, minha pedalada vespertina, até a Universidade Federal, uma hora de viagem ida e volta, tempo suficiente para refletir sobre esse episódio que quero compartilhar com o eventual leitor.  

Começo de semana, no meio de uma campanha com um fim eleitoreiro. Eram todos trabalhadores iniciando mais uma jornada como se fossem operários de uma construção que ao fim não poderão nela morar ou, empregados do comércio vendendo produtos que não irão consumir ou quem sabe bancários contando o dinheiro que nunca terão em suas contas. 

O santinho está aqui comigo, estou olhando para ele como a um beato à espera da canonização. Os milagres estão escritos no verso, por mim, lendo cada promessa, já poderia declarar santo o carola. Quase escrevi um elogio, não fosse ter lido o jornal e ver que na Assembleia Legislativa, onde o agora Deputado Estadual atua, sua prática não corresponde ao prometido. Será que acontecerá o milagre da transformação da água em vinho depois de eleito para esse novo cargo? Crentes dessa religião não faltam, estão aos borbulhões profetizando a nova jeruzalém com o santinho de pau oco no trono. 

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