Foi esse o legado celebrado na noite desta quarta-feira, 20 de novembro, durante a festividade do Dia da Consciência Negra na Praça Antônio João. O Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento da População Afro-Brasileira (Comafro) homenageou Mestre Guerreiro, um dos maiores expoentes da cultura na cidade, pelos seus 40 anos de presença e trabalho em Dourados (1985-2025).
Em uma barraca ornamentada especialmente para a ocasião, durante a Noite Cultural Zumbi dos Palmares, a história do mestre foi enaltecida. O presidente do Comafro, Ailson do Carmo de Souza, não conteve a emoção ao agradecer publicamente a dedicação do homenageado.

“Muito obrigado, Mestre Guerreiro, pela sua existência, pelo seu trabalho e a sua dedicação ao nosso povo e a toda a comunidade douradense”, declarou Souza. “O Comafro agradece ao Mestre Guerreiro pela sua grande dedicação à capoeira, muito obrigado pelo seu trabalho em prol da comunidade douradense e pelo legado da cultura afro-brasileira.”
A reverência não é à toa. Mário Alves dos Santos, o Mestre Guerreiro, é uma figura que transcende grupos e gerações. Natural de Sergipe, nascido em 18 de junho de 1950, ele se apaixonou pela capoeira ainda criança, treinando nas ruas o que via nas rodas da época. Sua jornada o levou a Salvador, onde aprimorou sua arte com Mestres Carlinhos e Antonio Diabo, e depois a São Paulo, onde se formou professor na Associação de Capoeira Vera Cruz, sob a tutela do saudoso Mestre Silvestre.

Desde 1985, Dourados se tornou sua casa e palco de seu trabalho. À frente da Associação de Capoeira Baiana, Mestre Guerreiro já é reconhecido como o professor de mais de 15 mil alunos ao longo dessas quatro décadas, educando e formando gerações de douradenses.
Sua contribuição vai muito além das fronteiras do estado. Reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como um dos mais importantes contribuidores para a capoeira, Mestre Guerreiro foi um dos contemplados com o prêmio “Viva Meu Mestre” em 2011, que destacou 100 mestres com trajetórias fundamentais para a perpetuação deste patrimônio cultural brasileiro.

Neste ano, seu nome volta a brilhar no cenário nacional, estando na lista dos favoritos ao prestigiado Prêmio Zumbi dos Palmares.
Para a comunidade de Dourados, no entanto, seu maior título já é realidade há 40 anos: o de Mestre, educador e guardião de uma cultura que, graças ao seu trabalho, segue viva e forte, gingando no ritmo da vida douradense.




