O excelente anfiteatro da Escola Estadual Presidente Vargas foi palco de noite cultural memorável na terça-feira (18). Lá, dezenas de pessoas presenciaram as posses de três novos membros e da nova diretoria da Academia de Letras do Brasil, Seccional Dourados (ALBD), num ambiente fraterno e acolhedor.
O evento foi iniciado com apresentações culturais do jovem músico João Martinelli, da musicista Luana do Prado Macena, a Lumacê, da acadêmica Rosana Daza, e da cantora e compositora Laura Cyrineu. Coube ao Grupo Curimbas de Ouro e as Baianas ao Som dos Atabaques, encerrar a noite cultural.
O acadêmico da ALBD, Wiliam Girassol, representou o presidente da Academia de Letras do Brasil, Seccional do Estado de Mato Grosso do Sul, Jorgem Monson; o presidente da Academia Douradense de Letras, Marcos Coelho, foi representado pelo secretário Rogério Fernandes Lemos; o reitor da UFGD, Jones Dari Goettert, foi representado pela professora doutora e coordenadora do curso de Letras, Leoné Astride Barzotto; o reitor da UEMS, Laércio Alves de Carvalho, foi representado pela professora doutora e pró-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários, Érika Ferri; e o secretário municipal de Educação, Nilson Francisco da Silva, foi representado pelo secretário adjunto, professor José Vicente Tardivo.
Novos membros
Laura Cyrineu Munhoz e Silva. Tomou posse na cadeira número 32, cujo patrono é professor e maestro Adilvo Mazzini. Padrinho: Fernando de Castro Além, que foi representado pela acadêmica Maria José Martinelli Silva Calixto.
É cantora, compositora e escritora. Graduada em fonoaudiologia e pedagogia, é especialista em voz e mestre em educação. Natural de Itapetininga-SP, reside em Dourados desde 2013. Sua trajetória profissional sempre envolveu a música e o universo lúdico. Atualmente, trabalha como empregada pública, responsável pela brinquedoteca do HU-UFGD. É autora de dois livros, utilizando a contação de histórias e a música como estratégias educacionais.

Em Dourados, teve quatro projetos contemplados por leis de incentivo à cultura, pela Secretaria Municipal de Cultura. Laura está sempre engajada em ações que valorizam a arte como transformação pessoal e coletiva, acreditando ser um caminho para o desenvolvimento humano.
Luana do Prado Macena. Tomou posse na cadeira número 33, cuja patronesse é a musicista Maiara Amaral. Madrinha: acadêmica Ilsyane Kmitta.
Luana é cantora, compositora, multi-instrumentista e professora. É nascida em Dourados, criada em Ponta Porã, Bela Vista e Ivinhema – onde reside a maior parte de sua família materna e patena. Vinda de uma família que ama música, começou a tocar guitarra e cantar aos doze anos nas rodas de violão, nas reuniões familiares e apresentações escolares. Aos dezenove anos começou a trabalhar profissionalmente com música em Dourados, onde atua desde então.
Entre 2019 e 2025 integrou grupos musicais como The Luanna, Bandoleiras do Centro-Oeste e Operários do Groove, participando de eventos e festivais pelo estado do MS e principalmente em Dourados, como o Festival Universa, Festival de Todos os Povos, o Balaio Festival, entre outros. Em 2024 iniciou sua carreira solo com o pseudônimo artístico “Lumacê” em uma colaboração com o rapper Miliano no single “Monges e vândalos”.

Paralelamente à carreira artística, Luana é acadêmica de licenciatura em música e aprofundou seu estudo e trabalho dentro da educação musical infantil e inclusiva e do ensino do canto popular. É sócia da Central do Groove, onde também atua como professora.
Osvaldo Arnez tomou posse na cadeira número 34, cujo patrono o escritor e jornalista Luciano Serafim. Madrinha: acadêmica Valeria Araújo.

É nascido em São Paulo-SP, em 26 de junho de 1953. Formado em jornalismo, Teologia e Gestão Pública. Pós graduado e MBA. tem 5 livros lançados, mais de 100 artigos jornalísticos, 2 artigos científicos, mais de 300 obras entre óleo sobre tela e desenhos a nanquim. Em 2011, recebeu o titulo de Cidadão Douradense por bons serviços prestados ao município de Dourados.
Na solenidade, discursou em nome dos novos membros da ALBD.
Nova diretoria
A chapa Vanguarda Literária, liderada pela professora da UEMS, Ilsyane do Rocio Kmitta, foi eleita, na tarde de sábado (8), para conduzir a Academia de Letras do Brasil, Seccional Dourados (ALBD), no triênio 2025-2028.
Além de Ilsyane Kmitta na presidência, a nova diretoria é assim constituída: vice-Presidente, Fernando de Castro Além, 1ª-Secretária, Maria José Martinelli Silva Calixto, 2ª-Secretária, Ellem Maria Cembranelli da Costa, 1ª-Tesoureira, Suzana Arakaki, e 2ª-Tesoureira, Roselâine Terezinha Migotto Watanabe.



Leia a seguir o discurso de Ilsyane Kimitta:

“Prezados/as Acadêmico/as, autoridades presentes, familiares e amigos/as
É com imensa honra e profunda gratidão, e imbuída de intenso senso de responsabilidade que recebo a presidência desta distinta academia, ciente do legado de nossa história até aqui. Não estou sozinha nessa jornada, há uma diretoria que hoje assume essa gestão, se envolvendo nesse enredar de fazer uma gestão profícua e harmoniosa. Por isso, agradeço ao Fernando Castro Além, à Maria José Martinelli, à Suzana Arakaki, à Ellem Cembranelli e à Roselaine Migotto Watanabe, que aceitaram assumir comigo essa jornada. Agradeço aos membros da ALB que nos apoiaram, confiaram, e seguem conosco nessa caminhada.
Agradeço a Sra. Odila Lange que teve a iniciativa de fundar a Academia de Letras do Brasil, seccional Dourados, MS, em novembro de 2021, e com ela também agradeço os 21 membros fundadores, que conjuntamente e sempre resilientes, se empenharam para que a ALB chegasse até aqui.
Longa foi a caminhada, muitos foram os percalços, mas todos os membros desta academia, imbuídos do compromisso e da responsabilidade de integrar seu quadro acadêmico, propiciaram muitas conquistas, como a aprovação de projetos que foram desenvolvidos junto às escolas públicas de Dourados, organização e participação em eventos, atividades em parceria com as Universidades e demais instituições, sempre com o objetivo de fazer desta academia um referencial de conhecimento crítico e reflexivo. Atualmente, somos 32 acadêmicos/acadêmicas, sendo professora/es, artistas, músicos, literatos, juristas, jornalistas, intelectuais que em seu cotidiano trabalham e circulam em diversos lugares e que se unem em prol da cultura, da educação, da arte, da literatura.
Hoje, ao assumir essa gestão, juntamente com a diretoria eleita, temos como objetivo principal fazer da Academia de Letras do Brasil-Seccional Dourados, um lugar de diálogo, da educação e cultura, sempre acessível e atuante; prezando pela gestão democrática e participativa, estreitando parcerias com as universidades, no intuito de promover atividades e ações conjuntas. Nos propomos a aperfeiçoar o diálogo com as escolas públicas de Dourados, para o desenvolvimento de projetos e ações que incentivem a escrita e a leitura; aperfeiçoar o diálogo com a Câmara Municipal e suas representações para que nossos objetivos sejam contemplados. E por último, e não menos importante, incentivar a publicação de material bibliográfico (físico ou digital) dos membros da ALB. Nessa gestão nosso princípio básico consiste em primar pelo cultivo de boas relações pessoais no âmbito da ALB.
O diálogo permanente, é nossa meta, e será de fundamental importância, pois a academia deve ser a morada do pensamento crítico, do debate, do diálogo constante e aberto com as demais instituições culturais, com a imprensa, com o poder público para que educação e cultura estejam no centro das nossas prioridades.
Para nossa gestão, assim como para a ALB, cultura e educação são a base de uma sociedade justa, criativa e livre. É nas páginas de um livro, que encontramos a imortalidade da escrita, da fala, a essência do que é ser humano. A leitura nos oferece um diálogo incessante com nossa história, do passado e do presente. Mário Quintana costumava ressaltar que ”os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.
Ler não é apenas decifrar letras e identificar elaborados códigos gramaticais. É viajar sem sair do lugar, é viver mil vidas em uma só, é passear sorrateiramente pelas estrelas, é descobrir que não estamos sozinhos nos nossos anseios e nos nossos sonhos. Por vezes, a literatura nos propicia uma defesa contra as ofensas da vida, e na dança, na música, o balsamo para a alma. Uma das frases mais famosas de Nietzsche é que “Temos a arte para não morrer da verdade“. Isso reforça que arte é essencial para a existência humana, funcionando como um contraponto à dureza da realidade cotidiana.
Cora Coralina também dizia que “o saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”. Que sejamos uma academia feita de gente. A leitura, o acesso aos livros é uma necessidade democrática. Um povo que lê é um povo que questiona e que está menos vulnerável às verdades simplificadas e aos discursos vazios e retóricos. A palavra escrita é o instrumento mais afiado da nossa cidadania. Uma sociedade que prima por livros, não valoriza armas. A leitura tem o poder de nos chocar, de nos despertar para a realidade e de nos forçar a questionar, interagir, dinamizar o cotidiano em sua diversidade.
É por essas razões que aqui estamos. Vemos a história de Dourados como a matéria mais rica da diversidade cultural que desfrutamos. Não somos apenas uma cidade, somos uma fronteira viva, onde os caminhos de diversos povos como os Guarani e Kaiowá, os migrantes do sul, do nordeste e de outras regiões do país. Os imigrantes de outras nações que cruzaram aqui seus caminhos tecendo uma teia cultural riquíssima e de beleza ímpar. A ALB se faz guardiã dessas memórias e dessa história que é tecida por muitas mãos, é nosso dever narrar, cantar, registrar, preservar e celebrar cada capítulo dessa história, em contínua construção.
Esse intuito é possível, ampliando o alcance da palavra levando a literatura, a história, a arte e a cultura por diversos espaços, fortalecendo parcerias com escolas, bibliotecas, universidades, com a comunidade em geral, incentivando a leitura, a escrita, a música, especialmente entre os jovens talentos de Dourados. Pois, se a palavra registra a história, a música é seu canto mais expressivo e a literatura é seu berço.
Cultura é diversidade, e diversidade é respeito. Ao valorizarmos a literatura, as artes, a cultura, estamos dizendo ‘sim’ ao direito de cada um ser quem é, e ao direito de todas as histórias serem contadas. É a nossa maneira mais bonita de praticar a tolerância e a inclusão.
A cultura, as artes e a literatura, são a ferramenta mais poderosa contra a ignorância e a apatia. A cultura nos dá senso crítico e nos ensina a olhar para a nossa história, entender nossos problemas, buscar soluções, encontrar caminhos, como agentes de mudanças e não apenas como meros espectadores da nossa história.
Cultura diz respeito, se refere aos aspectos da sociedade humana que são apreendidos e não herdados, são compartilhados e tornam possíveis a cooperação e a comunicação. Dourados é cantada em prosa e verso, se colore pela arte, baila em um ritmo cultural próprio, pulsa em seus vários ritmos, a música é um poema popular que derruba barreiras de preconceito, racismo e exclusão social, é a história mais acessível atravessando gerações para além do papel e a ALB pulsa nesse mesmo ritmo inovador e inclusivo.
A ALB prima pela valorização da diversidade cultural. Dourados é um mosaico de culturas, indígena, fronteiriças, de imigrantes e de todas as gentes, da nossa gente. Nossa literatura, nossa cultura devem refletir toda essa diversidade, essa pluralidade, viabilizando todas as narrativas que compõem as diversas identidades e sua impar beleza. É compromisso da ALB primar pela literatura e pela diversidade cultural, viabilizada através das políticas culturais, tendo a cultura como ferramenta de transformação social. A cultura é a identidade de um povo, seu DNA social, tecido por uma pluralidade de mãos. E aqui estamos como agentes dessa tecitura que nos propomos entretecer pelas historicidades que circulam pela nossa Dourados.
Sendo uma mulher na presidência, o compromisso é também de tributo as nossas patronesses que nos inspiraram até aqui, e também um incentivo as jovens mulheres e seus múltiplos talentos. Vemos como de grande relevância, um olhar especial para o papel da mulher na cultura e na arte sul mato-grossense. Incentivando e valorizando suas obras e produções, escrevendo mais um capítulo da história de nossa cidade, sem ter que aparar as arestas da insegurança, do medo, da violência e do feminicídio.
A ALB, essa academia é feita de imortais que respiram a cultura do nosso tempo. Juntos faremos com que a ALB não apenas guarde a memória, mas seja a vanguarda da literatura e da inovação cultural, com a sabedoria e o empenho de cada um para que no final desse mandato tenhamos nos fortalecido, e nosso alicerce seja vernacular, preservando a história, tecendo memórias, celebrando a vida, a educação e a cultura, incentivando as artes, a literatura e as relações interpessoais.
Como disse o poeta Manoel de Barros “Que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.” Hoje somos todos encantamento, assumimos a presidência e compomos a nova diretoria da ALB Dourados. Que nosso encanto seja profícuo e leve, feito brisa em tarde primaveril.
E que sejamos semente onde nos querem deserto!
Muito Obrigada!”
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