Quem trocou as roupas de Raissa antes de enterrar o corpo naquela cova rasa? Essa é a pergunta ainda sem resposta na investigação do Caso Raissa.
Uma análise feita pela Coluna Arquivo Aberto, a partir das imagens das câmeras de segurança no dia do crime, comparadas com as fotos da perícia no local onde o corpo foi encontrado, mostra que Raissa não foi enterrada com as roupas que usava. Elas foram alteradas.
O que não se sabe ainda é se essa troca ocorreu antes ou depois da morte? É fato que quando Raissa chega à casa de Marcelo, ela veste uma jaqueta preta, calça clara e sapatos pretos. As últimas imagens da jovem com vida, registradas pelas câmeras de segurança, mostram isso.
Já no dia em que o corpo foi encontrado, as fotos da perícia mostram ela vestida com uma calça preta e uma blusa florida. Em respeito aos leitores e à família, essa imagem não será reproduzida.
No depoimento de Marcelo, tudo parece ter acontecido muito rápido: a declaração de amor, as ofensas, a “violenta emoção” e o assassinato. Ele não menciona, em nenhum momento, uma troca de roupas. Diz apenas que matou Raissa com uma fita plástica, o enforca-gato, e depois embalou o corpo.
A perícia desmentiu, em partes, essa versão. Segundo os peritos, as lesões que causaram a morte da Miss são incompatíveis com uma esganadura provocada pelo enforca-gato. Na verdade, a perícia indica que quem matou a jovem usou as próprias mãos.
Agora, surge um novo ponto cego na história de Marcelo: como e por que o corpo de Raíssa foi enterrado com roupas diferentes das que usava momentos antes de ser morta? Qual o motivo dessa troca? Teria relação com o roteiro da proposta de emprego falsa, da viagem que nunca existiu, da versão de que Raíssa saiu sozinha sem dizer para onde ia? A troca de roupas seria mais um detalhe no plano para fazê-la desaparecer?
A Justiça deve buscar esclarecer esse ponto com Marcelo e Dhony. Assim como a forma como Raissa foi morta.
Dados financeiros seguem obscuros
A investigação do Caso Raissa aguarda ainda que Marcelo apresente os comprovantes dos PIX que ele disse ter feito para a vítima. Segundo o possível assassino, a jovem pedia ajuda com frequência, e ele atendia. No entanto, esses comprovantes ainda não foram entregues ao delegado Diego Valim. A informação é importante, pois pode definir o contexto das transferências, quantas foram e por quanto tempo essas transações aconteceram.
É possível que Marcelo esteja esperando a instrução do processo para apresentar os documentos. Até agora, não há qualquer prova das transferências que ele alega ter feito.
Celulares podem mudar versão
As perícias nos aparelhos de Dhony Assis e Marcelo Alves devem chegar em breve. As informações extraídas deles são importantes e poderão confirmar a versão de Marcelo — ou mudar os rumos da investigação.
O celular pessoal de Marcelo, vendido poucos dias após o crime, segue um mistério. Dhony, que vendeu o aparelho, não disse para quem nem por quanto.
O que resta para a polícia é torcer para que a extração de dados da nuvem, com base no número que estava sendo usado, revele informações úteis para a polícia. Caso isso não aconteça, o celular vendido poderá ser tratado pela justiça como mais uma prova destruída por Marcelo e Dhony, a exemplo do telefone de Raíssa, além dos documentos e pertences da vítima. O que só reforça a suspeita sobre tudo nesta versão dada pelo comediante e seu dito filho de criação.
E nessa corrida contra o tempo, a investigação suplementar do Caso Raissa, deve ser concluída nas próximas semanas. O delegado Diego Valim parece estar bastante confiante nas informações que vem colhendo nessa nova fase do Caso Raissa. Seguro de que nada pode ser descartado, ele tem em mãos muito mais do que se sabe até agora.
Resta agora saber para qual resultado esse trabalho de inteligência vai levar. Estará Marcelo dizendo a verdade? Ou será que sua confissão não passou de mais uma tentativa de despistar as investigações, escondendo o real motivo e a autoria do crime ?
(Informações RIC)