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Campo Grande: manifestantes vão às ruas contra projeto que reduz penas do 8 de Janeiro

Lethycia Anjos, Mariana Pesquero, do Mídia Max –

Movimentos sociais e representantes de partidos de esquerda realizaram, na manhã deste domingo (14), uma manifestação no centro de Campo Grande contra a aprovação do chamado “PL da Dosimetria”, projeto aprovado na última quarta-feira (10) pela Câmara dos Deputados.

Com faixas e cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo”, centenas de manifestantes caminharam pelas ruas da Capital em protesto contra o que classificam como retrocesso e estímulo à impunidade. Para o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a aprovação da proposta enfraquece a responsabilização de quem atentou contra a democracia brasileira.

PL da Dosimetria

A mobilização ocorre porque o projeto reduz as penas de condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 e pode beneficiar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados já julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Entre os participantes estava o Reinan, 45, representante do Sindicato Nacional das Agências Reguladoras, que levou a filha de nove anos à manifestação. Ele ressalta que decidiu levar a filha pois o ato também tem caráter educativo.

“O Brasil precisa de gente engajada na luta popular. Trazer as crianças é uma forma de mostrar que não podemos ser omissos. Ou seja, elas precisam entender desde cedo a importância de defender a democracia, especialmente as meninas, que ainda enfrentam mais desafios, como o feminicídio e a falta de valorização”, afirmou.

Deputado estadual, Pedro Kemp (PT) afirmou que o ato busca pressionar o Senado Federal, onde o projeto ainda passará por análise.

“Mais uma vez, a população dá um recado à Câmara dos Deputados, que tem votado matérias na contramão da vontade popular. Quem atentou contra a democracia precisa ser condenado e pagar por esses crimes”, declarou.

Kemp destacou ainda que, apesar do senso comum considerar Mato Grosso do Sul como um estado majoritariamente conservador, há forte organização popular e diversidade política. “Nem todo mundo aqui é conservador. Já tivemos governos do PT no Estado. Além disso, existe mobilização de sindicatos, movimentos sociais e partidos para dar um basta na Câmara”, completou.

‘Isso vai além de disputas partidárias’

Ato pede fim do PL da dosimetria
Ato pede fim do PL da dosimetria (Mariana Pesquero, Midiamax)

O ex-deputado federal e futuro candidato ao Governo do Estado pelo PT, Fábio Trad também participou do ato e reforçou que a mobilização vai além de disputas partidárias.

“Estamos reafirmando o postulado maior da democracia. Não é possível ficarmos omissos diante do avanço de um extremismo que não respeita a vontade popular nem os mais vulneráveis. A questão não é Lula ou Bolsonaro, é civilização contra a barbárie”, afirmou.

Segundo ele, a presença de Mato Grosso do Sul nas manifestações nacionais fortalece a defesa do Estado Democrático de Direito. “Essa luta não é só da esquerda. Democratas de centro, assim como da direita que respeitam as urnas e a alternância de poder deveriam estar aqui. A defesa da democracia é uma causa coletiva”, concluiu.

Marco Temporal

O ato também chamou atenção para a tese do marco temporal, tema considerado polêmico por movimentos sociais e entidades indígenas. A proposta defende que os povos indígenas só teriam direito à demarcação das terras que estivessem sob sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Contudo, movimento sociais afirmam que a tese desconsidera expulsões e violências sofridas por comunidades indígenas ao longo da história.

Nesta segunda-feira, o STF retoma o julgamento sobre o marco temporal. A análise ocorrerá em sessão extraordinária virtual, marcada pelo presidente da Corte, ministro Edson Fachin, após solicitação do relator do caso, ministro Gilmar Mendes. O Plenário deve apreciar três ações que questionam a validade da lei e uma ação que pede o reconhecimento de sua constitucionalidade.

Para uma manifestante que preferiu não se identificar ao longo da história do Brasil, especialmente durante a República, golpes de Estado ocorreram sem punição aos responsáveis, o que teria enfraquecido o respeito à Constituição.

“A Constituição de 1988 foi construída com participação popular. Punir golpistas é uma forma de afirmar que ela é válida e deve ser respeitada”, afirmou a mulher, que participava do ato com o filho de quatro anos.

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