José Tibiriçá Ferreira Martins (*) –
O “voto camarão” ocorre porque os candidatos a vereador não querem perder votos, e muitas vezes não colocam em seus materiais impressos a imagem do candidato à prefeitura, por exemplo. Nisso, eles não criam antipatia de eleitores que teriam preferência pela chapa majoritária A ou B. Na linguagem política isso quer dizer que: escolhe o corpo e perde a cabeça.
Uma tradição antiga que se alastrou a partir das candidaturas com a multiplicação de partidos sem representação, os chamados de aluguel. O lançamento de algumas candidaturas é apenas para lá na frente negociar o partido e as respectivas vagas, primeiro lança-se a candidatura ao executivo, depois de algum tempo recua e se alia a outro, levando o grupo a troco de algo que pode ser negociado com valor pecuniário. Assim há muitas dezenas de partidos para serem leiloados, não existe ideologia mais, mas tudo gira em torno de valor.
Em nossa cidade assim se comportaram dois dirigentes, lançando os respectivos nomes aos quatro ventos como candidatos ao executivo, recuaram da pretensão após alguns meses. Um deles se coligou ao partido da situação que busca a reeleição e seu mentor candidatou-se à vereança, outrora foi até presidente da Câmara. O outro que também já foi presidente da Câmara por duas vezes desistiu da candidatura e indicou um companheiro de partido para vice de uma uma candidata ao executivo com os respectivos postulantes ao legislativo. A candidata há cerca de 20 anos tentou chegar ao executivo, mas não teve sucesso quando o da situação se reelegeu.
Faltam 36 dias para a eleição e já se percebe a infidelidade de muitos candidatos e candidatas que postulam uma vaga ao legislativo.
O voto CAMARÃO está de volta, correndo solto, ou seja, candidaturas de vários partidos para o legislativo pedem voto para si e deixam a critério do eleitorado a escolha do executivo.
Reunião sem a presença do candidato da coligação a que pertence é realizada, diferentemente dos da situação. “Pode-se ter a ausência de vínculo entre o candidato a prefeito e a proporcional, por exemplo, o ‘voto camarão’ ocorre quando o pleiteador não leva o seu candidato majoritário. Acontece também quando ele não faz campanha para ninguém, ou faz para um candidato distinto.
O voto CAMARÃO assim proposto, diria que é falta de ética, pois todos os postulantes foram escolhidos em convenção democraticamente pelo diretório. A vaga é do partido, cabendo à direção de cada um coligado agir nesta hora e fazer a substituição dos infiéis.
O partido majoritário fornece o material de campanha, paga cabos eleitorais contratados, fornece combustível e dinheiro para despesa na confecção do material de propaganda. Cada um deve abrir uma conta bancária para receber o fundo partidário. Após a eleição cada um terá que prestar contas dos gastos ao TRE. No espaço do horário politico apresenta suas propostas para a população na televisão e rádio. É a oportunidade para o eleitorado saber em quem votar, momento em que se apresenta e pede votos para si e para a candidatura majoritária a que está coligado.
Nas redes sociais a maioria que usa o espaço, com algumas exceções pede o voto para a candidatura ao executivo.
Não é um comportamento correto se omitir, assim procedendo desde já, mostra o seu perfil, pois como escrevi no início, sempre houve o voto camarão.
Eleito, sua função é: legislar, discutir matérias que envolvam impostos municipais, educação, linhas de ônibus e saneamento, entre outros temas da cidade. Fiscalizar a administração pública, cuidando da aplicação dos recursos e observando o orçamento.
Seu dever em acompanhar o Executivo, principalmente em relação ao cumprimento das leis e da boa aplicação e gestão do dinheiro público arrecadado.
Deve conhecer a fundo o Regimento Interno antes de chegar lá.
O eleitorado está atento ao comportamento dos futuros legisladores.
Dourados-MS, 01 de setembro de 2024.
(*) Advogado e produtor rural na Picadinha.