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Brasil possui teste que permite personalizar uso de antirretroviral

Tratamento Antiaids – 26/10/2009

Brasil possui teste que permite personalizar uso de antirretroviral

De acordo a revista ISTOÉ, está disponível no Brasil um teste que indica como o antirretroviral maraviroque é metabolizado pelo organismo de cada pessoa, o que permite um tratamento antiaids mais personalizado. 

Leia a seguir a reportagem na íntegra. Remédios sob medida
Novos testes revelam como cada pessoa reage a medicações contra doenças como câncer, depressão e Aids e tornam o tratamento mais personalizado

Por que um remédio funciona bem para uma pessoa e, para outra, não apresenta resultado? Esta questão sempre intrigou médicos e farmacêuticos. Há algum tempo, parte da resposta já era conhecida: peso, alimentação e horário em que a medicação é tomada, por exemplo, influenciam a maneira pela qual ela é aproveitada pelo organismo. Mais recentemente, ficou claro também o poder da genética nesse processo. 

Entre outros achados, a ciência descobriu que variações genéticas presentes em um único gene – o CYP2D6 – interferem no metabolismo de 25% dos medicamentos disponíveis.

 Dependendo do tipo de alteração, a droga pode não fazer efeito porque é metabolizada rápido demais ou, ao contrário, permanece tempo excessivo dentro corpo, aumentando o risco de toxicidade do remédio.

Informações como essas são fruto de uma área de estudo em expansão chamada farmacogenética. 

Ela se dedica a estudar as interações entre características genéticas e o funcionamento de medicamentos. O objetivo é identificar os fatores que influenciam a atuação das drogas e usar o conhecimento para fazer com que a escolha dos remédios seja cada vez mais acertada. E personalizada. 

É simples. Se o indivíduo possui uma variante genética que prejudicará o desempenho de um medicamento, o médico pode trocar a opção, mudar sua dose, enfim, planejar um tratamento diferente daquele que foi imaginado.

Muitos dos dados levantados estão dando origem a testes que apontam como cada um reage a uma determinada medicação. 

No Brasil, acaba de chegar um dos mais modernos do gênero. Trata-se do Amplichip 450, que mostra 28 alterações presentes nos genes CYP2D6 e CYP2C19. Entre os remédios metabolizados por eles estão o carvedilol, para hipertensão, os antidepressivos amitriptilina e paroxetina e os antiepiléticos fenitoína e diazepan.

A consultora de comunicação Karin Faria, de São Paulo, usou o Amplichip para saber as respostas de seu filho, Miguel, 5 anos, ao diazepan. O garoto é portador da síndrome de West, doença que provoca crises epiléticas. Antes do exame, foi descoberto que o remédio se acumulava em níveis tóxicos dentro do organismo do menino. 

“Descobrimos que o Miguel metaboliza o remédio um pouco abaixo da média. Ele também não possui duas enzimas de inativação/desintoxicação, o que deve ser a causa da toxicidade”, conta. 

“Agora, o médico poderá optar pelo uso de remédios similares, mas que não sejam metabolizados por estas enzimas, ou pela redução das doses de drogas que possam causar toxicidade.” O teste mostra também a reação de cada mulher ao tamoxifeno, usado contra o câncer de mama. 

“A presença de variações no gene CYP2D6 faz com que o remédio não seja convertido na sua forma ativa”, explica Ismael Dale Cotrim, do Centro de Diagnósticos Salomão e Zoppi, o único por enquanto a oferecer o novo exame no Brasil. “Dessa maneira, não há a resposta esperada.”

No Centro Infantil Boldrini, em Campinas, os médicos pesquisam as mutações que facilitam ou dificultam a metabolização de quimioterápicos usados nas crianças. “

Um dos alvos são as mutações envolvidas no metabolismo do metotrexate, tioguaninas e tiopurinas, drogas muito empregadas em tumores pediátricos”, explica a oncopediatra Silvia Brandalise, diretora do centro.

No caso do câncer, a análise das peculiaridades do tumor também tem sido feita como forma de indicar a terapia mais eficaz. “Os conhecimentos têm feito toda a diferença na hora de decidir a abordagem terapêutica”, afirma o oncologista José Augusto Rinck Jr., do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo. 

Para o tratamento do câncer de colon, por exemplo, é possível saber quem responderá à droga cetuxumab usando um teste que avalia a ação de uma proteína, a K-Ras. Foi a análise do perfil do tumor que mudou o tratamento da assessora comercial Renata Porto, 44 anos. 

Ela teve o diagnóstico de câncer de mama há três anos. Após quase dois anos de tratamento, fez um teste e descobriu que a radioterapia não surtiu efeito. “Agora, estou mais segura de que o tratamento poderá dar certo”, diz.

O recurso da farmacogenética também está sendo usado em outras áreas da medicina. No Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, está ajudando a redirecionar o tratamento de portadores de depressão e transtorno obsessivo compulsivo, entre outros distúrbios. 

Com um exame, os médicos identificam alterações que podem levar, por exemplo, à metabolização rápida demais da medicação. “Nesse paciente, as drogas não causam efeitos terapêuticos ou colaterais. Ele vai precisar de uma dose muito maior para funcionar”, explica Wagner Gattaz, presidente do Instituto.

Há ainda opção de exames do gênero para a Aids. Um teste criado na Universidade Federal de São Paulo, sob a coordenação do médico Ricardo Diaz, indica que paciente pode se beneficiar da droga maraviroque, uma das alternativas mais modernas contra o HIV. 

Na área da cardiologia, também é possível avaliar a reação indivídual às drogas clopidrogel (impede a agregação plaquetária) e varfarina (anticoagulante). 

“Há marcadores genéticos que influenciam na metabolização e na biodisponibilidade desses remédios”, explica o cardiologista Alexandre da Costa Pereira, do Instituto do Coração, em São Paulo

Fonte: ISTO

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