Desde 1968 - Ano 56

21 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 56

InícioPolíticaBarbosinha: Dourados precisa, e vai voltar a ser grande de novo com...

Barbosinha: Dourados precisa, e vai voltar a ser grande de novo com protagonismo regional

- Advertisement -

José Henrique Marques

Goiano de São Simão, 55 anos, o advogado e professor universitário José Carlos Barbosa, o Barbosinha, é um homem precoce na vida pública. Em 1975, com 11 anos, chegou com a família no município de Dourados, no então distrito de Angélica. O tempo passou; o distrito virou município e Barbosinha já formado em direito, em Dourados, foi eleito prefeito de Angélica com apenas 25 anos.

Casado com Maristela de Castro Menezes, com quem tem o filho José Pedro, Barbosinha foi também presidente da Sanesul e da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento, secretário de Justiça e Segurança Pública de MS e está no segundo mandato de deputado estadual representando Dourados na Assembleia Legislativa, onde no ano passado foi líder do Governo.

Reconhecido como ótimo gestor [e orador], Barbosinha é candidato dos Democratas a prefeito de Dourados, onde a partir de 1º de janeiro de 2021 pretende, caso eleito, oferecer toda a experiência acumulada ao longo da vida pública.

Em entrevista exclusiva à Folha de Dourados ele disse ser “um sujeito de boa paz. Vim de baixo, de família humilde, comecei cedo na lida do trabalho e na política”, e que pretende valorizar o servidor público. “Precisamos trabalhar essa ‘orquestra’ chamada funcionalismo público, afinar os instrumentos e produzir os resultados. Não temos mais tempo para fazer experiência. Quem assume o Executivo tem que mostrar resultados. Isso é ter o controle da gestão”.

Para Barbosinha, Dourados precisa recuperar o protagonismo regional porque o município “enfrenta um dos piores cenários dos últimos tempos, traduzido por uma crise de gestão”. Ele revela que “só neste ano, deixamos de arrecadar quase R$ 50 milhões de ICMS. Se não corrigirmos isso, o próximo prefeito vai vegetar”.

A seguir, a entrevista:

Folha de Dourados – O senhor é deputado estadual em segundo mandato, já foi prefeito de Angélica e agora quer administrar Dourados. Seu perfil se adequa mais ao Executivo ou ao Legislativo?

Barbosinha – Penso que, depois de passar por essas duas esferas, me preparei para as funções de comando (exemplos da Prefeitura de Angélica, Sanesul e na Sejusp) e, nesse momento, estou mais focado para o gerenciamento da coisa pública.

Folha de Dourados – Com a ajuda de expressivas lideranças do Estado como o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o vice Murilo Zauith (DEM), os deputados Zé Teixeira (DEM), Marçal Filho (PSDB) e Renato Câmara (MDB), os ex-deputados Valdenir Machado (seu vice) e Geraldo Resende (PSDB), presidente regional do PSB, Ricardo Ayache, entre outros, o senhor terá ao seu lado, talvez, quase uma dezena de legendas. Se eleito, como os quadros desses partidos serão aproveitados dentro da Prefeitura?

À medida que você escolhe um prefeito preparado, forjado nos maiores exemplos de gestão e controle administrativo, que detenha o controle da parte política da administração, que seja capaz de conduzir a recuperação econômica da cidade, é de se admitir a escolha de nomes para que se tenha uma equipe técnica referenciada, sintonizada nesse novo tempo que pregamos. Não podemos negligenciar as escolhas, nem cercear contribuições que venham nesse sentido, temos técnicos fenomenais dentro da própria Prefeitura, que as vezes estão lá, num cantinho da sala, basta que sejam resgatados para ter uma oportunidade. Receber indicação é absolutamente normal e republicano, desde que os indicados preencham os requisitos técnicos e de probidade para o exercício do cargo.

Folha de Dourados – Por favor, faça um diagnóstico político-econômico de Dourados. Quais são os principais problemas?

Vejo que Dourados enfrenta um dos piores cenários dos últimos tempos, traduzido por uma crise de gestão. Na Saúde, por exemplo, Dourados funciona sob regime pleno, o Município é responsável por toda a macrorregião, composta por cerca de 32 cidades, com uma Média e Alta Complexidade que é referência para mais de 900 mil habitantes. Dourados, com mais de 230 mil habitantes, recebe em torno de R$ 14 por procedimento na divisão da per capta (dinheiro da União/Estado dividido por pessoa), enquanto que Campo Grande recebe em torno de R$ 44 para atender uma área demográfica estimada em 1,4 milhão de habitantes. Isso significa que um paciente de Dourados está valendo um terço em relação a um de Campo Grande.

A queda dos números é alarmante. No ICMS, por exemplo, no último ano do Murilo [que foi prefeito de 2012 a 2016], de 100% da arrecadação, dividido pelos 79 municípios do Estado, Dourados tinha 7.07% do total. No primeiro ano da prefeita Délia Razuk, esse índice foi de 6,98%; segundo ano, 6,99%; no ano passado, 6,07% e neste ano, não chegamos a 5 pontos, isso significa que não estamos acompanhando as nossas receitas. Não estamos cuidando do nosso dinheiro… Só neste ano, deixamos de arrecadar quase R$ 50 milhões. Se não corrigirmos isso, o próximo prefeito vai vegetar.

Folha de Dourados – E as soluções?

Precisamos de eficiência, não adianta ficar tapando buracos, tem que cuidar do caixa, e com mãos de ferro. Resgatar o equilíbrio financeiro, colocar em prática a lição da dona-de-casa: gastar menos do que arrecada. Eu te pergunto: A população está satisfeita com a saúde, a educação, as vias públicas, os serviços de limpeza e de iluminação? A resposta que ouço é não. Por isso, a primeira coisa a ser feita é retomar o reequilíbrio financeiro do Município. Senão, o custeio da máquina vai continuar consumindo tudo o que o Município produz. E os investimentos?

Folha de Dourados – Os ajustes e reformas serão implementadas logo nos primeiros meses de sua administração, caso eleito?

Barbosinha – Eu digo que Dourados, do ponto de vista da iniciativa privada, pode se comparar a um avião à jato, voa em céu de brigadeiro; já do ponto de vista da atividade pública, estamos nos tempos da charrete, da carroça da roda de ferro… Para eliminar essa discrepância, vamos ter que agir rápido. Fazer um amplo diagnóstico do quadro real, e eu tenho certeza de que encontrarei na equipe técnica da Prefeitura, nos funcionários de carreira, o suporte necessário para promover as mudanças. Contar com essa equipe, valorizá-la e motivá-la, serão os ingredientes para essa transformação. Para isso espero contar com amigos em Brasília, da nossa bancada federal no Congresso, da querida Tereza Cristina [ministra da Agricultura e Pecuária] e, no Estado, da mão amiga do governador Reinaldo, do apoio imprescindível e fundamental do vice-governador e secretário estadual de Infraestrutura Murilo Zauith para que, dessa união de esforços, resultem os melhores projetos de mobilidade urbana, de controle orçamentário, boa aplicação do dinheiro público, ousadia na instalação de uma política de gerenciamento de tráfego, no sistema de uma cidade inteligente, conectando o planejamento urbano e o desenvolvimento econômico de maneira integrada, valorizando todos os segmentos.

Folha de Dourados – As redes sociais são hoje um termômetro do que pensa parcela significativa da população, principalmente os jovens. E nelas, o senhor é muito criticado por ter liderado a bancada do Governo do Estado na Assembleia Legislativa em matérias impopulares que causaram perdas de direitos de trabalhadores, aumento de impostos, enfim. Pode adiantar aqui sua defesa?

Ser líder do Governo (no primeiro ano da atual administração do governador Reinaldo Azambuja) foi uma designação que recebi e que julgo ter desempenhado satisfatoriamente, na interlocução do Executivo com o Parlamento. E, tenho certeza – as pessoas de discernimento vão entender da mesma forma – que Dourados ganhou com a minha presença na liderança do Governo. Conseguimos trazer para o Município obras estratégicas e emblemáticas, como os serviços de revitalização das principais avenidas da área central, a completa recuperação das avenidas Marcelino Pires, Joaquim Teixeira Alves e Weimar Torres e as transversais desse quadrilátero; a duplicação da Coronel Ponciano até o Distrito Industrial com a construção de um viaduto sobre o trecho da MS 156 que corta os bairros de grande densidade populacional como Guaicurus/Esplanada e Dioclécio Artuzi/Harrison de Figueiredo, a ampliação e modernização do Aeroporto ‘Francisco de Matos Pereira’ que vai possibilitar a ligação de Dourados aos principais centrais comerciais do País e do mundo; a aceleração da primeira fase e garantia já de ampliação do Hospital Regional, a pavimentação de 83 Km das linhas de ônibus que cortam os principais bairros da cidade e a construção da ponte de concreto ligando Porto Wilma, em Deodápolis a Dourados; a ligação por asfalto do trecho da Avenida Guaicurus no trevo do Aeroporto até o trevo da BR 463 que liga a Ponta Porã, desafogando o tráfego de veículos pesados. São só alguns exemplos do resultado positivo dessa ação, e é importante lembrar também que, sob a minha liderança, reduzimos o ICMS do diesel de 17% para 12%, a redução da aliquota do etanol no Estado foi de 25% pra 20% e os professores, que antes recebiam por nove meses do ano trabalhado agora recebem pelos 12 meses, mais o 13º. salário.

Folha de Dourados – O senhor tem um histórico como gestor público. Já foi prefeito, secretário de Estado e presidiu a Sanesul. Como pretende administrar Dourados?

Conversando, dialogando, construindo, buscando sempre o entendimento em torno de pontos positivos. Como sempre fiz. É só conversar com as pessoas que me conheceram como presidente da Sanesul, como secretário de Segurança do Estado, precisamos trabalhar essa ‘orquestra’ chamada funcionalismo público, afinar os instrumentos e produzir os resultados. Não temos mais tempo para fazer experiência. Quem assume o Executivo tem que mostrar resultados. Isso é ter o controle da gestão. E Dourados precisa, e vai voltar a ser grande de novo, a ser a Dourados que a gente quer.

Folha de Dourados – Em falas públicas e na imprensa têm dito que Dourados não pode se limitar ao debate miúdo sobre como tampar buracos e trocar lâmpadas. Na sua opinião, qual a visão política elevada que alavancará o desenvolvimento do município propiciando, inclusive, pavimentação asfáltica, iluminação e outros serviços públicos de qualidade?

Dourados precisa recuperar o protagonismo regional. A criação de um Escritório de Projetos, que venha dar qualidade aos nossos pleitos, no sentido de capitalizar o maior volume de recursos nas instâncias do Governo Federal e do Estado, vai facilitar a interlocução com a bancada federal. Cabe ao prefeito de Dourados comandar esse procedimento, esse chamamento para assumir a liderança regional e a partir daí ocupar os espaços políticos que nos pertencem. Não queremos há tanto tempo eleger um senador da República? Não sofremos hoje com o vácuo de representação na Câmara dos Deputados? Nesse sentido, ousamos construir um projeto de responsabilidade coletiva, de maturidade, onde as lideranças devem sentar à mesa e discutir essa retomada da governança política regional.

Folha de Dourados – As pesquisas divulgadas até aqui [registradas junto à Justiça Eleitoral] o apontam na frente e, portanto, pelo menos por hora, é o candidato a ser batido – e alvejado. Qual será o tom de sua campanha?

Sou um sujeito de boa paz. Vim de baixo, de família humilde, comecei cedo na lida do trabalho e na política. Vamos procurar estabelecer sempre o diálogo, a conversa, o entendimento, com o eleitor, as autoridades e nossos eventuais concorrentes. A democracia permite a disputa e favorece amplamente a troca de impressões, com propostas para conduzir à retomada da nossa autossuficiência.

Folha de Dourados – O senhor tem seis oponentes: Alan Guedes (PP), Jeferson Bezera (PMN), Professor João Carlos (PT), Mauro Thronicke (PSL), Racib Harb (Republicanos) e Wilson Mattos (PTB). Como analisa seus adversários?

Como disse, todos estão em busca de um alvo. Só espero que o objetivo comum seja Dourados, a Dourados que propomos para que volte a ser grande, do tamanho dos nossos sonhos.

Folha de Dourados – O PTB da prefeita Délia Razuk lançou candidatura própria, o advogado Wilson Mattos. Será um crítico contundente da atual administração?

Não podemos julgar as pessoas pelo que fizeram, ou deixaram de fazer. Oportunidades são dadas a todos, alguns a aproveitam fazendo, outros não. Eu estou me apresentando para fazer, e fazer diferente.

Folha de Dourados – Deixe uma mensagem ao povo de Dourados.

Podem contar comigo.

- Advertisement -

MAIS LIDAS

- Advertisement -
- Advertisement -