Questão Agrária – 22/05/2011
Durante a abertura da 47ª Expoagro de Dourados na semana que passou, os líderes políticos ruralistas mostraram que a discussão quanto à questão agrária na região está mais viva do que nunca e que estão articulados para impedir que ocorram ocupações de terras em todo o Estado.
Nos discursos, o que se viu foi uma série de defesas da propriedade privada. As ocupações vem aterrorizando nosso Estado e não dão tranqüilidade ao produtor, disse o vereador Gino Ferreira (DEM).
Vamos dizer um NÃO à questão das demarcações de terras já tituladas, disse o Presidente da Federação da Agricultura do Mato Grosso do Sul- Famasul, Eduardo Correa Riedel sobre a questão indígena.
Vamos nos unir para esta batalha e acabar com essa falta de respeito com a Constituição. Se o ministro tivesse tempo o levaria para conhecer a região da Picadinha e mostrar a utopia que é o quilombo que inventaram lá, afirmou em seguida o deputado estadual Zé Teixeira (DEM).
Até o senador Waldemir Moka (PMDB) entrou no clima. Temos que resolver de uma vez por todas essa questão das terras indígenas no Mato Grosso do Sul, disse ele.
O governador André Puccinelli(PDB), com seu jeito peculiar de tratar os assuntos de maneira fria foi direto em seu discurso. Quando há balburdias ou obstruções, esse governo atua. Quanto à questão indígena apresentamos uma solução, mas, por questões ideológicas de algumas pessoas e de outros países que querem nos convencer como se ainda fossemos tutelados a questão não avançou. Apresentamos um projeto para intermediar entre produtores e índios que se tivesse sido seguido tinha resolvido o problema, disse ele.
Nem o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, do Governo Dilma que é do PT (ele é da corrente do PMDB, a mesma de André), também criticou as ocupações. Nêgo que invade terras dos outros eu nunca vi produzir um quilo de arroz (…) Sou a favor assim: o Congresso terminou o processo de demarcações? Não demarcou daqui para trás, acaba com isso!, disse ele sendo aplaudido pelo público.
Sem levar em consideração os quase 400 anos de escravidão indígena e negra no Brasil, o ministro ainda ressaltou que a família dele chegou da Itália em 1891 e foi trabalhar em uma fazenda de café em São Paulo. Ele contou que após três anos eles já tinham um sítio. Viemos da agricultura familiarressaltou.
Enquanto isso
O Mato Grosso aguarda a publicação de quais áreas serão demarcadas enquanto indígenas no Estado, o que a Funai ainda deu prazo exato para acontecer. Na questão do quilombo da Picadinha, trata-se na verdade de remanescentes quilombolas, de descendentes de escravos e o Incra já reconheceu a á área. Quanto aos sem terras, estima-se em 13.400 o número de famílias vivendo em 180 acampamentos por todo o Estado, segundo números do jornal Estado de São Paulo.
Fonte: Folha de Dourados