Há 20 anos, o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes embarcou em sua última viagem pelo metrô de Londres, na Inglaterra, onde foi executado por engano pela Scotland Yard, após ser confundido com um terrorista fugitivo. Passadas duas décadas do caso de violência policial, a história vai ser contada na série ficcional do Disney+ Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto por Engano, que estreia no streaming nesta quarta-feira, 30, e conta com brasileiros no elenco.
Carolina Baroni interpretou Vivian Figueiredo, prima de Jean Charles, a familiar que mais falou com a imprensa britânica na época do ocorrido. Em entrevista ao Terra, a atriz contou que teve um trabalho grande e cuidadoso na preparação para interpretá-la.
“A construção desta personagem foi muito delicada, porque se trata de um caso em que uma família perdeu um filho, um irmão e um primo. Por isso, li muitas reportagens da época, que foram publicadas na Inglaterra e no Brasil, a fim de obter o máximo de informação possível. Esse processo exigiu muita dedicação também, porque o material foi ao ar há 20 anos. Também assisti a inúmeras entrevistas da Vivian Figueiredo para entender como ela se expressava física e verbalmente com repórteres e lidava com a situação”, diz ela.
Além de se basear em entrevistas da época do assassinato, Carolina também se encontrou com a família de Jean Charles. A atriz considera que o maior desafio que enfrentou foi lidar com a carga emocional envolvida na história, o que lhe exigiu controle, comprometimento e respeito.
“Foi marcante o encontro com os familiares do Jean Charles e o elenco. Foi uma experiência muito emocionante e bonita. A família compartilhou memórias e depoimentos. Eu pude conversar com a Vivian Figueiredo, e a troca foi linda. Sou muito grata por aquele momento, que reforçou ainda mais o meu compromisso em interpretá-la de modo respeitoso, cuidadoso e real para que ela se sentisse representada e orgulhosa”, recorda.
Carolina mora há sete anos na Inglaterra e comemora o fato de a série Disney+, mesmo sendo uma produção internacional, ter atores brasileiros no elenco e falando português. Para ela, esse é um “trabalho muito cuidadoso, que dá visibilidade a um caso importante para o Brasil, para a Inglaterra e para outros imigrantes”, além de também ser importante para retratar a história de Jean Charles de maneira mais cuidadosa.
“Infelizmente, histórias de violência são recorrentes e comuns em diferentes países. Por isso, recontar o caso do Jean Charles é um modo de honrar a memória dele, mas também de ajudar a sociedade a refletir sobre a necessidade de soluções efetivas para a violência policial, a xenofobia e o racismo, que são problemas ainda presentes em diferentes realidades”, analisa a artista.
(Informações Terra)
