Eduardo Machado Rocha – 20/09/2010
Eduardo PalomitaO juiz-prefeito Eduardo Machado Rocha concedeu entrevista à Grande FM neste sábado (18 de setembro) pela manhã onde ele afirmou que não é político e vai retornar à sua carreira de magistrado. A presidenta da Câmara, vereadora Délia Razuk (PMDB), poderá assumir o momento que quiser a prefeitura dentro da linha sucessória. Ele disse que o prefeito afastado Ari Artuzi (sem partido) não tinha escrúpulos à frente do cargo e que a prefeitura nas áreas da Saúde, Educação e Obras estava um caos. Ele pede para que o povo aprenda a votar e jamais delegue mandatos a Artuzi.Veja trechos da entrevista transcritos pelo douradosinforma:Pergunta – Nesses dias à frente do cargo o senhor pode nos fazer uma avaliação de como o senhor pegou a prefeitura e os encaminhamentos feitos até aqui?Resposta – Eu não tinha noção do que esperava. Mas tinha ideia do que ia fazer porque a minha esposa é procuradora do Município, eu aproveitei e ela veio a ser a minha primeira assessora e dizer tudo o que acontece, começou a trabalhar comigo no gabinete. O segundo passo foi manter o Passaia, dando ele um voto de confiança porque se não fosse ele eu não estaria lá, tudo isso não teria vindo à tona. Em conversa com ele mais detalhadamente, entendemos que ele merecia o voto de confiança. Até porque eu não poderia chegar lá no escuro. O terceiro passo foi analisar todos os secretários que estavam trabalhando e não estavam envolvidos e que tinham competência para tocar o cargo, de forma que foram mantidos da Saúde, Indústria e Comércio e Assistência Social, até porque a máquina precisava andar. O quarto passo foi verificar pessoas quem eu conheço há muitos anos, pessoas de minha inteira confiança e além de tudo que tivessem capacidade para gerir e administrar a pasta de forma a dar continuidade rápida, no caso do Francisco Eduardo na Administração, o Idenor Machado na Educação, o Silva Júnior na Comunicação, o João Azambuja na Fazenda e o Farnesi no Gabinete e o Adilson como procurador geral do Município até porque ele é um procurador de carreira. (…) Assim que tomei posse fizemos uma reunião com todos os secretários para verificar o que poderia ser feito de forma rápida. Fizemos uma reunião com a Saúde, depois com a Educação e com a Obras e constatamos que em todos esses setores a situação era caótica. Se o prefeito que foi afastado continuasse no cargo seria um caos total porque a saúde estava parando, a educação estava capengando, graças aos heróicos diretores que ali continuaram e a persistência dos professores em ensinar. Nos hospitais estavam faltando agulhas descartáveis, seringas, luvas, remédios; na Educação alunos estudando ao relento porque não tinha sala de aula, não tinha giz, enfim, era um caos. Dourados tinha prefeito que não administrava, não estava nem aí com o povo, não estava nem aí com a administração pública. É lamentável que a população de Dourados tenha colocado uma pessoa sem nenhum escrúpulo dentro da prefeitura, é lamentável, cada dia que eu passava ali e verificava os recursos que foram perdidos, recursos que deixaram de ser aplicados quer por questões políticas ou outras questões a minha revolta ia avançando como qualquer pessoa do povo que constata essas irregularidades. Tanto é que no início eu cheguei a dar entrevista um pouco mais exaltado. Mas, enfim, cada povo tem um governo que merece. Eu espero que a população de Dourados, população do Estado de Mato Grosso do Sul, do Brasil, nunca mais deixe esse rapaz exercer nenhum cargo porque ele não pode, não tem condições de exercer e as provas existentes no processo sobre ele são contundentes. O povo precisa aprender a votar, não é possível que essas pessoas que fazem assistencialismo e o fazem com o próprio dinheiro do povo e depois chegam lá e vão dando um medicamento, um tapinha nas costas com o próprio dinheiro do povo. Isso é um absurdo, tem que acabar, o povo precisa aprender a votar. (…) Veja bem, eu não tenho nenhuma pretensão política, eu vou continuar na minha carreira de magistrado, a minha revolta é grande. Tive em Brasília terça-feira passada e para minha surpresa eu pude constatar a grande vontade do Governo Federal em melhorar a condição do País. Cheguei lá no Ministério da Fazenda, no Ministério das Cidades e outros ministérios e verifiquei que lá estão pessoas altamente capacitadas e honestas e voltadas para ensinar no sentido de melhorar a situação de cada Município. A minha visão com relação ao Governo Federal mudou. Aqui no Estado nós tivemos no início um grande apoio do Governo do Estado, do André Puccinelli que prontamente me procurou e colocou toda a máquina do Governo à disposição. Tanto é que nós cancelamos uma licitação que tinha sido dirigida, de R$ 33 milhões; de imediato vamos adquirir remédios sem licitação porque é urgência urgentíssima, mas como o Município não tinha recursos suficientes, o secretário de Saúde em contato com a Secretaria de Saúde do Estado conseguiu os medicamentos para que os postos e os hospitais não parassem, então isso tenho a agradecer ao governador André Puccinelli.Pergunta – O senhor no primeiro ato disse que abriria as contas da prefeitura, de todas as secretarias, o Tribunal de Contas está trabalhando nesse sentido, como está esse encaminhamento?Resposta – Tudo foi aberto. Nós estamos com a Controladoria do Município trabalhando junto com o Ministério Público na Obras, na Secretaria de Saúde, Educação, enfim, todas as secretarias estão autorizadas a fornecer e abrir todos os livros e documentos aos auditores. Nós temos auditoria do Município, temos a Controladoria, nós temos auditores do MPE, nós temos auditores do Tribunal de Contas do Estado e nós temos também auditores do Tribunal de Contas da União… Todos eles com equipes bem informadas, trabalhando e vasculhando todos os documentos.Pergunta – Não existe uma forma de o senhor continuar até que se esclareçam mais essas questões que estão sendo investigadas?Resposta – Não. Eu ocupo o cargo interinamente por força de uma decisão judicial, de forma que não é a pessoa do Eduardo que está ocupando o cargo, é o diretor do Fórum que está ocupando o cargo. Esse cargo é do Poder Judiciário. A minha estada como prefeito interino ela se daria enquanto houvesse anormalidade nas instituições democráticas do Município. Já houve a normalidade com a Câmara elegendo a sua mesa diretora onde coube a senhora Délia Razuk (PMDB) a presidência. De forma que agora como ela é a presidente do Legislativo ela deve subir à prefeitura. Eu fui comunicado por telefone pelo desembargador Brands de que vai haver a revogação da decisão e eu vou permanecer até o ato de transmissão do ato à senhora Délia Razuk. Em contato ela me disse que vai à prefeitura na segunda-feira (dia 20 de setembro) para que ela marque o dia da posse. Ela pode tomar posse inclusive nesta segunda-feira. De forma que não há nenhuma possibilidade de eu continuar no cargo, o cargo de prefeito é do povo, então compete à pessoa que o povo elegeu e nesse caso a representante legítima é a senhora Délia Razuk.Pergunta – O senhor fez o que estava ao seu alcance?Resposta – Sim, trabalhamos além da conta, não só eu como minha esposa e todos os secretários porque em 15 dias nós conseguimos colocar a prefeitura para andar e com indícios de desvios de verba enormes. (…) Não se sabe se a prefeitura vai ter recurso para honrar integralmente o 13º salário. Com relação aos empreiteiros em tive uma conversa ontem com eles porque tem escolas aí que não tem a mínima condição de ser utilizada, mas assim mesmo estão sendo utilizadas, essas escolas não tem condições de receber urnas eletrônicas. Não sabemos onde colocar essas seções eleitorais e a eleição precisa acontecer, de forma que conversamos com os empreiteiros e os secretários de Educação e de Finanças e fizemos um levantamento rápido do que poderia ser pago e nos comprometemos entre 10 e 15 dias de pagar elas, senão 100%, pelo menos um valor aproximado para que continuem às obras e pedi a eles que dêem um voto de confiança à administração interina para que imediatamente retomassem as obras para que essas escolas estejam prontas até o final do mês para que lá possamos instalar as sessões eleitorais.Pergunta – O senhor tem um encontro com Délia Razuk e a partir daí toma-se uma decisão a respeito dos destinos do Município na questão administrativa?Resposta – Sim, a senhora Délia vai assumir a prefeitura. Só lembrando também que nesse curto período nós conseguimos uma redução com a empresa de transporte escolar em torno de R$ 55 mil/mês, o que vai gerar uma economia por ano de quase R$ 700 mil, quer dizer, valores que estavam sendo pagos a mais (…)Pergunta – Qual a mensagem que o senhor deixa para a população de Dourados?Resposta – Eu deixo a mensagem de que a democracia custa cara, mas ela é necessária. Nós temos essa liberdade de estarmos falando aqui o que nós queremos com limites porque se extrapolarmos estaremos sujeitos à penalidade porque nós vivemos num estado democrático de direito. E o estado democrático de direito somente sobrevive desde que respeitadas todas as suas instituições democráticas que é o Legislativo, Executivo e Judiciário. Esses poderes harmônicos e independentes entre si têm permanecido, de forma que as eleições são necessárias, a liberdade de votar é necessária, mas também é necessário que o povo aprenda a votar de forma consciente. Não é admissível mais que eles podem receber uma cesta básica, levar uma pessoa da família até o posto de saúde ou ao hospital ou ter amizade fácil em época de eleição se comprometa a dar o voto a essa pessoa. Não, é necessário saber quem é essa pessoa, estudar essa pessoa e votar de forma correta porque o voto não é nada mais do que uma procuração em branco que você outorga a essa pessoa. (…)
Fonte: Dourados Informa