Juliel Batista –
O CEIM Professora Irany Batista de Matos, em Dourados, foi tomado por cores, criatividade e energia comunitária no último sábado, 29 de novembro, durante um movimento artístico que reuniu diversos artistas locais. A ação, que começou por volta das 8h da manhã e se estendeu até o fim da tarde, levou vida nova ao espaço escolar e mobilizou moradores da Vila Cachoeirinha.
Entre os participantes estavam Lumar, Antonio Rosa – Trezze, Kint, Damata, Tchello, Henrique, Weverton – Dim Dom, Aninha Art, Parresio, Gi Brandão, Gabriel, Nathalya Escobar e Ademir — responsável pelas fotografias. O evento reuniu artistas de diferentes estilos e trajetórias, criando um grande movimento colaborativo de arte.
Em conversa com a reportagem, o artista Lumar, um dos envolvidos na iniciativa, relatou como foi o dia de trabalho coletivo. Segundo ele, a recepção da escola e da comunidade fez toda a diferença.
“A gente chegou lá umas oito da manhã. A escola forneceu um café da manhã, almoço, e a gente ficou até umas cinco, quase seis da tarde pintando. A escola ficou bem bonita”, contou.
O projeto teve início após o professor e artista A., que trabalha na unidade, conseguir a autorização para a pintura. A diretora abraçou a proposta, mesmo sem haver pagamento pelo serviço artístico. Ainda assim, segundo Lumar, o clima de acolhimento compensou o esforço.
“O que a gente pudesse fazer, a gente faria. Elas entregaram um café da manhã gostoso, um almoço bom. Foi muito bom o acolhimento também da vizinhança. Não tem muita arte na Vila Cachoeirinha, então a gente chegou lá colorindo tudo. As crianças foram lá, teve criança que ofereceu até sacolé pra gente”, relatou.
“Não tem muita arte na Vila Cachoeirinha, então a gente chegou lá colorindo tudo.”
Além de revitalizar o ambiente escolar, o movimento despertou o interesse dos moradores, que acompanhavam a transformação das paredes e interagiam com os artistas. Para Lumar, esse tipo de ação reforça a importância da arte nos bairros e evidencia a força dos artistas locais.
“A cidade precisa de arte, precisa de mais ambientes pintados, mais bairros coloridos, principalmente na periferia”, destacou. Ele também lamenta que, apesar da produção existente, muitos artistas de Dourados ainda não recebem o reconhecimento devido.
“A cidade precisa de arte, precisa de mais ambientes pintados, mais bairros coloridos, principalmente na periferia”
“A gente não é visto, não é abraçado. A gente fica esperando migalha da própria região. Cansamos disso e queremos fazer acontecer sempre”, afirmou.
Mesmo não sendo um coletivo formalizado, o grupo tem atuado de forma constante pela cidade, buscando autorizações para revitalizar espaços públicos e comunitários. Lumar mencionou que já conseguiu autorização no Jardim São Pedro para pintar um centro de reciclagem, que também ganhou cores e melhorias, inclusive com ajuda de vizinhos.
“Quem é artista mais novo e quiser chegar pra conhecer e pintar, a gente não deixa restrito. É um espaço aberto”, enfatizou.
A expectativa, segundo ele, é que novas intervenções continuem acontecendo em Dourados, ampliando o acesso à arte e fortalecendo o cenário local.
“Agora sempre vai ter eventos na cidade envolvendo a arte. O teatro já tem, só faltam as artes visuais. A gente não tem um lugar pra expor, pra declamar, pra fazer qualquer coisa. Então a gente vai começar a fazer”, concluiu.
“Agora sempre vai ter eventos na cidade envolvendo a arte. O teatro já tem, só faltam as artes visuais.”
O movimento no CEIM deixa não apenas paredes coloridas, mas também um recado: a arte pulsa em Dourados, e seus artistas estão decididos a ocupar os espaços que lhes faltam.
Confira a galeria das artes produzidas no último sábado, registradas pelo artista @olhodecristhian:
