Símbolo da tradição popular, o quentão tem raízes históricas que atravessam continentes e ganha diferentes sabores conforme a região, reforçando sua presença cativa nas celebrações típicas
O quentão, protagonista nas celebrações juninas e julinas em todo o Brasil, é mais do que uma bebida quente servida nas festas: é um elo entre passado e presente, tradição e identidade. Sua história começa longe daqui, com os colonizadores portugueses que trouxeram ao Brasil o costume europeu do mulled wine – vinho quente com especiarias, consumido desde o tempo do Império Romano. No entanto, em terras tropicais, a receita recebeu ingredientes e alma locais. No lugar do vinho, a cachaça – produto abundante da cana-de-açúcar no Brasil colonial – ganhou protagonismo. Assim nasceu o quentão tipicamente brasileiro: aromático, forte e acolhedor.
As variações do quentão refletem as marcas culturais e climáticas de cada região. No Sul, especialmente onde a influência da imigração italiana é forte, a versão com vinho é predominante e muitas vezes também chamada de quentão, apesar da base distinta. No Norte e Nordeste, é a cachaça quem dita o sabor, reforçando a força da identidade regional. O que permanece em comum, de Norte a Sul, é o ritual: reunir em torno da bebida os sabores de especiarias como gengibre, canela e cravo-da-índia, todos aquecendo as noites e corações das festas de São João e adjacentes.
Além de tradição, o quentão é também símbolo de hospitalidade e pertencimento. Nos eventos comunitários, escolas, quermesses e festas familiares, a bebida é presença garantida ao lado de fogueiras, danças de quadrilha e pratos típicos. E para quem quiser preparar o seu em casa, supermercados como Fort Atacadista e Comper reúnem todos os ingredientes. A receita clássica com cachaça mistura açúcar caramelizado, especiarias e destilado fervidos juntos até atingirem o ponto perfeito. Já a versão com vinho tinto é igualmente rica em sabor, geralmente adoçada com açúcar e acompanhada de frutas cítricas, proporcionando uma experiência mais suave.
Com adaptações simples, o quentão continua atual sem perder sua essência. O aroma que sai da panela remete à infância de muitos e convida novos paladares a mergulhar nessa tradição tão querida. Ele aquece não apenas o corpo, mas também a memória afetiva de gerações. Entre uma dança e outra na festa, o quentão sempre estará ali, fumegando em canecas coloridas, servindo de pretexto para boas conversas e celebrações. É o sabor da festa junina em forma líquida, envolvido pelas histórias que aquece.
Como fazer o quentão de cachaça:
Uma das receitas mais conhecidas de quentão é o que leva cachaça em sua mistura.
Ingredientes
½ Litro de uma boa cachaça
500 ml a 1 litro de água
1 xícara de chá de açúcar refinado
150 g de gengibre sem casca em pedaços
5 a 7 paus de canela
1 colher de chá de cravo
Modo de preparo: primeiro derreta todo o açúcar em uma panela, acrescente o gengibre em pedaços, os cravos e a canela. Por último, adicione a cachaça junto da água, deixando a mistura ferver por entre 25 a 35 minutos. Se você quiser um quentão mais forte e marcante, use 7 paus de canela e apenas 500 ml de água nesta receita.
Como fazer o quentão de vinho:
O quentão de vinho é uma alternativa muito famosa e deliciosa para esta bebida.
Ingredientes
750 ml de vinho tinto seco ou suave
1 a 2 Litros de água
4 rodelas de gengibre
1 ½ xícaras de açúcar (300 gramas)
1 laranja ou limão em rodelas
1 colher de sopa de cravo ou anis-estrelado
5 paus de canela
Modo de preparo: misture o vinho, o açúcar e a água em uma panela em fogo baixo, após 15 minutos, acrescente os ingredientes restantes. Deixe ferver por 10 minutos e estará pronto para servir.