Marçal rompe o silêncio, expõe a dor da família e desafia os difamadores em nome da verdade e da honra
Valfrido Silva, do Contraponto MS –
Ao contrário do habitual e sempre alto-astral “alô você!”, que marcou décadas de microfone e popularidade, o radialista Marçal Filho, há exatos cinco meses e quinze dias prefeito de Dourados, surgiu sombrio nas redes sociais nesta quinta-feira. Não havia sorrisos nem trilha de otimismo. Havia um homem e um recado:
“O que tenho pra dizer hoje é muito sério.”
E foi.
“Não vou desistir do meu trabalho”, mas sem falar em obras, promessas ou números. Sem estúdio. Sem assessoria. Sem escudo. A transmissão foi pessoal, crua, direta — como um último apelo à sanidade pública.
Ao lado dele, Patrícia Leite, sua esposa, vestia — literalmente — a dor e a dignidade. Estava paramentada com o uniforme da limpeza urbana, o mesmo que usou ao sair às ruas, no início do mandato, para ajudar o marido a resgatar a cidade do abandono. Com recursos do próprio bolso, ela bancou o equipamento. Com as próprias mãos, pôs-se a varrer os rastros do descaso, numa cena inédita na história de Dourados.
Agora, e talvez por isso, Patrícia é o novo alvo de uma campanha sórdida de difamação. Antes foi a filha. Sempre ele, no centro. Agora, a família inteira. Difamações, calúnias, injúrias. Ataques covardes disfarçados de opinião. Campanhas anônimas disseminadas como metástase moral em grupos de WhatsApp.
Marçal, que também é advogado, foi categórico:
“Os responsáveis serão punidos com o rigor que a lei e a gravidade dos fatos exigem.”
Ele não citou nomes. Não precisou.
O cheiro da manipulação é velho conhecido nas ruas e bastidores. Mudam os rostos, mas os métodos seguem os mesmos. Ele lembrou: Durante a campanha eleitoral, atacaram sua filha para tentar impedi-lo de vencer. Agora, atacam sua esposa para impedir que governe.
Mas a live não foi só um desabafo. Foi um ato de fé — e um pedido de justiça.
Um apelo emocionado, em tom bíblico.
Poderia ter dito — e de certo modo disse — aquilo que Jesus pronunciou diante da turba pronta para apedrejar a mulher acusada de adultério: “Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.”
Só que, ao contrário do episódio bíblico, em Dourados parece que todos estão dispostos a atirar. Atiram por política. Por rancor. Por ressentimento. Por medo de perder o poder — ou de ver alguém exercer o poder com mais coragem que outros jamais tiveram.
Não se trata mais de disputa eleitoral. Trata-se de violência simbólica. De tentar destruir não a administração, mas o homem. E não apenas o homem, mas a mulher que anda ao lado dele — não de salto e selfie, mas de bota, vassoura e dignidade.
E o mais grave: tudo isso ocorre num ambiente onde quem deveria defender a verdade, muitas vezes se cala. Onde a honra é desvalorizada e a mentira, compartilhada com emoji de riso.
Sim, há crimes sendo cometidos. Mas há também covardias — essas que não entram no Código Penal, mas que arrastam reputações para o lamaçal da infâmia.
Marçal não pediu compaixão. Pediu justiça. E fez isso de peito aberto, ao lado da mulher que escolheu dividir a vida — e agora também a tentativa de linchamento moral.
Ela, com o uniforme de guerra. Ele, com o rosto cansado de quem sabe que não há live, decreto ou processo capaz de limpar tudo o que já foi jogado contra sua família.
Mas ainda assim, ele tentou. Tentou lembrar à cidade — e talvez ao país — que há limites. Que há famílias. Que há filhos assistindo. E que, mesmo em tempos de fake news, há verdades que não se apagam.