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Aos 88 anos, advogado faz história no Júri de Anastácio/MS e conquista absolvição com tese de clemência

Na última terça-feira, 24 de junho de 2025, o Tribunal do Júri de Anastácio, em Mato Grosso do Sul, foi palco de um momento histórico para a Justiça brasileira.

O advogado Cezar Mafus Maksoud, com 88 anos de idade e mais de seis décadas de atuação na advocacia (OAB/MS 569), defendeu um réu em plenário e conquistou a absolvição com a rara e ousada tese da clemência, um feito jurídico e humano que transcende o caso concreto.

A atuação de Maksoud é notável não apenas pela vitória, mas por representar um fato histórico no Brasil: dificilmente um advogado com tamanha longevidade profissional esteve em plenário de júri, com voz firme, argumentação técnica e domínio emocional da causa.

Sua presença ativa no tribunal, à beira dos 90 anos, é uma exceção em um espaço onde a rotina intensa exige vigor físico e mental, ambos ainda notoriamente preservados pelo decano.

Ao lado do filho, o advogado Cezar José Maksoud formou uma dupla de gerações: de um lado, a memória viva; de outro, a promessa da continuidade.

Juntos, defenderam o réu com a tese da clemência, que propõe ao corpo de jurados, em nome do povo soberano, a possibilidade de renunciar à imposição de pena (mesmo diante de eventual comprovação dos fatos) com base em valores superiores como a compaixão, a humanidade e a justiça social.

Durante sua sustentação, Maksoud emocionou os presentes ao dizer: “Sobretudo porque Deus é justiça e nós estamos participando de um atributo divino”.

As palavras, proferidas com entonação serena e convicta, calaram fundo nos jurados. O desfecho foi histórico: tese acolhida, réu absolvido.

Ao proferir a sentença, o juiz Luciano Pedro Beladelli não deixou passar despercebido o momento: “É muito importante ver uma pessoa que atua há décadas no júri e também na área do Direito ainda na ativa com essa saúde, uma potência de voz e entonação perfeita. Que o senhor tenha muita saúde, muito sucesso e continue atuando por muitos anos.”

Além da vitória técnica, o episódio marca o júri como um espaço onde o tempo se curva à sabedoria e à experiência. A imagem de um advogado quase nonagenário, altivo e comprometido com a causa da Justiça, reafirma o tribunal do júri como o território mais democrático do Judiciário brasileiro.

Mais do que uma absolvição, Anastácio testemunhou uma celebração da vida, da advocacia criminal e da democracia. E registrou, para a história, que a Justiça não tem idade para ser feita, mas sabedoria para ser compreendida.

Participaram da bancada de defesa os advogados Cristiane Chiovetti de Morais, Lígia Martins Gonçalves, Cezar José Maksoud e Cezar Mafus Maksoud.

(O Garantista)

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