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A Feira Livre, personagens, suas trajetória de vida: o agroecologista Antônio Weber

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Por Ilson Boca Venâncio –

Oxalá todo homem que possuísse a terra por propriedade, tivesse por ela amor suficiente para preservá-la, protegendo-a para que não perca a sua vitalidade, seria uma atitude nobre de amor a vida. 

Apesar de conhecer muito bem minha cidade, tive um pouco de dificuldade para identificar o caminho devido às mudanças constantes que se faz na geografia como os desmatamentos. Mais assim que identifiquei a matinha da chácara da Blanche Torres, achei o caminho para o sítio do Antonio.

Assim que cheguei e fui adentrando logo percebi o que vi, e o aroma que senti, muito me agradou, já estava no meio do outono, mais havia muitas flores.

Uma vegetação bem formada em frutos e plantas, e árvores, não só regionais como outras tantas trazidas de outras regiões, formando assim um lugar de se admirar.            

Vi ali, uma demonstração pratica de que quando se quer há possibilidade de restauração da vegetação da terra.

Recebido com muita alegria pelos meus amigos Zilda e Antonio Weber fui convidado para uma caminhada de reconhecimento.

Peguei a câmera fotográfica e o acompanhei ao passeio, a cada árvore e planta, era pra mim como um reencontro com amigos, há muito não visto, fora momento de muita emoção, que até me esqueci de fotografar.

Muitas plantas regionais, as quais reconhecermos, outras tantas de outros lugares que lá conheci. Até mesmo um lago com uma ilha arborizada ali foi construído, a qual já havia recebido moradores silvestres.  

Depois de uma boa caminhada nos sentamos no galpão para um tereré, quando Antônio me contou que quando ali chegou, era um chão de soja, que em toda área só restara três arvores velhas em uma parte de pedras.

Conta que foi plantando, fazendo manejo combatendo as ervas daninhas e o capim, formando uma grande família vegetal de plantas, frutos, árvores e hortaliças que têm convivência harmônica.  Até a lagoa foi plantada, uma ilha com uma árvore ao centro.

– Eu tenho uma roda d’água que bomba dois mil litros por hora, o que não ocupa vai para o lago.

Ele diz que além dele e Ester, sua fiel companheira de trabalho, o seu filho Tiago, que é engenheiro agrônomo, tem uma participação bastante ativa em todo processo.

Depois de um saboroso tereré, ouvir algumas músicas de sua autoria e lhe perguntei o por quê da participação na feira.

Ele me respondeu que depois que construiu aquele espaço, era preciso espalhar essa consciência, não só preservar e reconstituir as matas degradadas, mas constituir áreas desmatadas pela monocultura.

Esse foi o caso do Antonio, ao pegar uma terra degradada pelo plantio de soja – plantou uma floresta produtiva.

Admirado com o resultado do trabalho precisava espalhar essa experiência, externando para a comunidade, para isso a Feira Livre, foi o espaço de interlocução.

“O resultado melhor da feira para nós se torna interessante, devido a possibilidade da argumentação, conversar com as pessoas sobre a cultura do orgânico, as vendas que vem da mudas do Pupunha, Guanandi,  Buriti.  Com certificação do orgânico, nosso trabalho se tornou orgânico e pedagógico”, explica Antônio. 

Ele me diz que quando foi para feira, foi curioso como aprendiz, em uma banca que uma amiga tinha onde revendia plantas que vinha de fora. Ele ia la pra comprar e acabou fornecedor.

Aí decidiram pela produção local, climatizando a produção para poder ser cultivada aqui, para ter um produto de qualidade duradoura.

 Antonio afirma que as plantas que vem de fora, não estão adaptadas ao nosso clima, e sim maquiadas para durar algum tempo e logo morre.

“No começo a feira tinha mais o papel de interlocutora para divulgação, mas os contatos que fizemos já nos trouxe aqui muitos contatos importantes”, diz, “como as universidades e outros grupos interessado em ecologia. A questão financeira na Feira Livre, nunca foi focada por nós como único objetivo”.    

“Hoje que temos certificado orgânico considero o nosso trabalho ecológico e pedagógico, nós levamos pra feira a cultura do orgânico, através da conversa com as pessoas, buscamos essa consciência”, afirma.

Ele afirma que “através da feira é que passamos a comercializas as nossas mudas, fazemos o plantio a domicílio, usando terra e adubo orgânicos orientando as pessoas do cultivar”.   

Quanto a feira como coletivo, Antonio ressalta a dificuldade de organização quando o tema é associar ou cooperar.  Diz ele que o capitalismo nos ensinou o “eu”, não o “nós” e que é preciso que alguém organize um modelo justo para que a feira seja livre e mais organizada.   

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