Juca Vinhedo –
A FRASE
“O presidente Lula deveria ligar sim para o presidente Trump. Aliás, já passou da hora. O Brasil não pode ser refém do populismo e da vaidade de quem governa”. (Senadora Teresa Cristina, integrante de comissão de parlamentares que foram aos Estados Unidos em busca da solução para o “tarifaço” de Donald Trump).
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“Ele não quer conversar. Se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava” — criticando a ausência de resposta por parte dos EUA às tentativas brasileiras de diálogo. (Presidente Lula, sobre a tentativa de conversar com o presidente Donald Trump).
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Sabotagem e traição
Em vez de buscar soluções colaborativas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro declarou que atuará para impedir que a comitiva de senadores brasileiros obtenha qualquer avanço nas negociações com os EUA sobre a sobretaxa de 50% aplicada a produtos nacionais. A estratégia representa um claro desrespeito ao princípio da atuação diplomática institucional e uma afronta ao próprio Legislativo, cuja missão é defender os interesses nacionais. Ao escolher dinamitar a diplomacia oficial, Eduardo busca expor o país a uma ruptura de articulação mortal em meio a uma emergência econômica.
“Embaixador” trapalhão
A postura de Eduardo Bolsonaro ilustra o que críticos já denominam de “diplomacia paralela”, baseada na retórica beligerante e no alinhamento ideológico, em vez de no diálogo e na negociação profissional. Sua ação contradiz declarações anteriores de exaltação à diplomacia profissional (como quando afirmou que a diplomacia brasileira é reconhecida em todo o mundo por sua excelência). O discurso de sabotagem institucional revela um oportunismo político sem precedentes na história do país.
Ovando sonha alto
O deputado federal Luiz Ovando (PP-MS) considera a senadora Tereza Cristina como nome viável para disputar a Presidência ou ocupar uma vice em 2026. Segundo ele, o Brasil precisa se afastar das “aventuras presidenciais” e apostar em perfis com “espírito estadista”. A fala, no entanto, revela mais uma tentativa de reposicionar o PP nacionalmente do que propriamente um projeto estruturado. Tereza desconversa sobre o tema, o que, para Ovando, é sinal de “modéstia”.
Riedel no PP
Ao avaliar a gestão do governador Eduardo Riedel (PSDB), o deputado Luiz Ovando fez um aceno duplo: elogiou o desempenho técnico, mas cobrou mais articulação política. Para ele, Riedel “ainda precisa se firmar” e deixar de atuar sob a sombra de lideranças passadas. Ovando também confirmou que o PP aguarda a filiação do governador, que já teria sinalizado positivamente à senadora Tereza Cristina. “Mas falta assinar a ficha”, cutucou.
De inimigo a aliado
A cena que se desenha nos bastidores do PL sul-mato-grossense é digna de novela política. O vereador campo-grandense Rafael Tavares – por exemplo – que não poupava adjetivos duros a Reinaldo Azambuja (que está de malas prontas e com promessa de comando da sigla), agora terá que repartir o palanque com o ex-governador. Resta saber como o vereador vai justificar aos seus seguidores mais radicais essa aproximação forçada.
Mudança de voo
Cansada do isolamento político e de não encontrar eco na sigla que atualmente representa, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), tem sinalizado a possibilidade de migrar para o PSDB. Ela teve encontro discreto com o deputado federal Aécio Neves na sede tucana em Brasília, e, conforme relatos, a pauta não foi mero cumprimento de formalidade. Ali se discutiu a viabilidade da filiação da senadora com vistas ao pleito estadual.
Pouco comando
Embora tenha saído das urnas em 2022 como o deputado federal mais votado de Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon parece enfrentar dificuldades para transformar capital eleitoral em protagonismo partidário. Após defender candidaturas próprias do PL em diversos municípios nas eleições de 2024, contrariando os interesses do alto comando, foi destituído da presidência estadual da sigla pelos caciques do partido. Desde então, busca novo abrigo político e negocia sua entrada no Republicanos, onde sonha com uma candidatura majoritária.
CGU denuncia MS
Relatório da CGU revela que o governo federal desconhece o andamento de mais de 60 % das obras financiadas pelo FNDE no Estado. Das 29 obras incluídas no pacto de retomada, apenas 2 estão concluídas; 10 permanecem inacabadas, 6 foram canceladas e 4 se encontram paralisadas. Há casos absurdos de discrepância: uma escola o Bairro Moreninha 2, em Campo Grande, declarada com 33% de execução, mal tem o alicerce pronto, enquanto oficialmente consta como significativamente avançada.
Obras fantasmas
Em Mato Grosso do Sul, cerca de R$ 269 milhões foram aplicados em obras de educação básica distribuídas em mais de 163 municípios. Contudo, 72 % das planilhas orçamentárias apresentadas ao FNDE exibem incoerências graves frente aos laudos técnicos de vistoria em campo. Apenas 20 % das obras atendem aos padrões de detalhamento exigidos — o que põe em xeque a eficácia dos investimentos públicos estaduais e federais na educação.
Os 20 anos da UFGD
Em discurso na Câmara, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) celebrou os 20 anos da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD. Segundo ele, a universidade representa “uma virada histórica” para a região, sendo uma instituição federal de qualidade que transforma vidas por meio do ensino e da ciência. Segundo o parlamentar, a UFGD nasceu de articulação política apartidária e mobilização da sociedade local.
UBS de cara nova
Em visita à UBS do CSU do Água Boa na última segunda-feira, o prefeito Marçal Filho anunciou a entrega de novos equipamentos, como bebedouro, ventiladores, autoclave, cadeira odontológica, lavadora e até uma máquina de raio-x para uso odontológico — itens que, segundo ele, melhoram tanto o atendimento ao público quanto as condições de trabalho das equipes. Com a frase “cuidando com amor e construindo com trabalho”, o prefeito reforça a imagem de gestão que alia sensibilidade social à eficiência administrativa.
SAMU pede socorro
A condição precária do prédio que abriga o SAMU de Dourados contrasta com a imagem de eficiência que o prefeito Marçal Filho quer colar em sua administração. Sem espaço para as viaturas, muitos ficam estacionadas na rua, e até mesmo no canteiro central em frente da sede do Serviço. E isso acontece quando há recursos – mais de R$ 3 milhões – disponíveis desde o ano passado no Ministério da Saúde para a construção da sede própria.
Eficiência questionada
A vereadora Ana Paula Benitez Fernandes (Republicanos) enfrenta um pedido formal de cassação protocolado na Câmara Municipal de Dourados, por possível acúmulo ilegal de cargos e quebra de decoro parlamentar. A representação, assinada pelo servidor público Leonardo Pescinelli Martins, aponta que ela exerce três vínculos simultâneos: dois cargos como professora da rede municipal (40 h semanais) e o mandato de vereadora (44 h), totalizando impressionantes 84 horas por semana. O denunciante questiona a compatibilidade dessa carga com o exercício pleno da função legislativa e com a exigência de dedicação exclusiva à direção escolar.
Inclusive à noite
Além de acusar acúmulo excessivo de funções, o autor da denúncia ressalta o possível enriquecimento ilícito da vereadora, que teria recebido cerca de R$ 37.200 em julho de 2025, distribuídos entre os três cargos públicos. A compatibilidade de horários é questionada especialmente às segundas-feiras, quando Ana Paula participa da pré-pauta e das sessões legislativas, muitas vezes até a noite — período em que, conforme a denúncia, ela estaria ausente das funções escolares que exigem presença integral.
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BASTIDORES DO PODER
O nome do mal
O presidente e o secretário-geral do PSDB, senador Teotônio Vilela Filho (AL), e o deputado Márcio Fortes (RJ), chegaram com grande atraso a uma reunião. Para minimizar o vexame, Fortes foi logo justificando:
– Desculpem o atraso, mas o presidente Teotônio teve uma crise de um mal muito raro, o distúrbio cronotopocinético, mas já está tudo bem.
Ninguém entendeu nada, muito menos Vilela, que se sentia muito bem.
– Que diabo de doença você me arrumou? – cochichou Vilela, depois.
– Ah, Téo, eu também sofro dela: distúrbio cronotopocinético. “Crono”, de tempo, “topo”, de terreno ou distância e “cinético” de movimento. Somando tudo, quer dizer que o sujeito não consegue calcular quanto tempo precisa movimentar-se para vencer determinada distância, chegando sempre atrasado.
(Jornalista Claudio Humberto, no livro “Poder sem Pudor”).