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MS: alfabetização bilíngue transforma escolas indígenas em motores de resistência cultural

Nas aldeias de Mato Grosso do Sul, a alfabetização vai além do ato de aprender a ler e escrever. Em um estado que abriga a terceira maior população indígena do Brasil, com mais de 116 mil pessoas, o ensino é também um instrumento de preservação cultural, resistência linguística e afirmação da identidade coletiva.

Segundo o Censo de 2022, ao menos 48 línguas indígenas seguem vivas no estado, entre elas Guarani-Kaiowá, Terena, Guató e Kadiwéu. Mais da metade dos indígenas com 2 anos ou mais ainda utiliza o idioma materno em casa, embora o português avance nas comunidades, impulsionado pela necessidade de acesso à escola, ao trabalho e a serviços públicos.

Na Escola Estadual Indígena Natividade Alcântara Marques, em Dois Irmãos do Buriti, o ensino bilíngue é usado como ferramenta de valorização da cultura Terena. O professor Rafael Antônio Pinto explica que, além de seguir a BNCC, a escola incorpora saberes tradicionais, como danças, comidas típicas e conhecimentos dos anciãos.

Atualmente, a rede estadual mantém 40 unidades de Educação Escolar Indígena em 24 municípios, mas apenas quatro comunidades têm alfabetização nos anos iniciais em língua materna. A falta de materiais pedagógicos específicos ainda é um desafio, o que motivou a criação do projeto Alfabetiza MS Indígena, que desenvolve conteúdos produzidos dentro das próprias aldeias.

Em Campo Grande, a Reme atende mais de mil estudantes indígenas, com destaque para a Escola Municipal Sulivan Silvestre de Oliveira – Tumonó Kalivono, que oferece aulas de Língua Terena e Cultura Indígena.

Jogos didáticos como o “Bingo na Língua Terena” e o “Disco Terena” foram criados para tornar o aprendizado mais lúdico e aproximar os alunos de sua ancestralidade. Para jovens como André e Ian, estudantes do ensino médio, aprender a língua indígena é um reencontro com a história e uma forma de resistência cultural.

Conforme destacou o Midia max, a alfabetização indígena em Mato Grosso do Sul representa não apenas acesso ao conhecimento formal, mas também o fortalecimento da identidade e da memória coletiva dos povos originários. (M.E)

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