José Henrique Marques –
Ao invés de exigir de agência de publicidade os comprovantes públicos de pagamentos de mídias à imprensa de Dourados, Campo Grande e de Maracaju(?), o prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), destinou mais R$ 510 mil para gastar com propaganda, como demonstra o Diário Oficial do Município de segunda-feira (09).
Com o aditivo contratual da ordem de 17%, Alan Guedes gastará, em 2021, cerca de R$ 3.510 milhões com publicidade através da agência Art & Traço Publicidade, de Campo Grande, que detém o contrato, através de processo licitatório, da Prefeitura de Dourados.
Mas, se por um lado o prefeito é benevolente com a agência (que fica com mais de 20% do total gasto com a imprensa) é por outro, complacente com o posicionamento da mesma empresa de negar, segundo o secretário de Governo, Henrique Sartori, os comprovantes de pagamentos das mídias até aqui veiculadas.
Pelo menos é isso que Sartori alegou ao vereador Diogo Castilho (DEM) que requereu à Prefeitura “a destinação dos valores pagos à imprensa”, conforme revela documento obtido pela Folha de Dourados (veja abaixo).
No documento, datado em 26 de julho, “respondendo” ao vereador, chama atenção a frase: “Nesta toada, encaminhamos ofício, via correio, para que a referida empresa se manifeste”. Em tempos de internet, de assinatura digital e de outras maravilhas do mundo moderno, a Prefeitura de Dourados recorre aos Correios para obter informações que deveria ter em seus arquivos. O solícito secretário não explicou, contudo, se foi “carta registrada” ou “simples”.
É por essa e por outras que parece proceder a suspeita da vereadora Lia Nogueira (PP) de que o modus operandi utilizado por Alan Guedes enquanto presidente da Câmara em 2019 e 2020 tenha avançado na Prefeitura. O prefeito é acusado de ter desviado R$ 1 milhão dos cofres públicos no escândalo já conhecido em todo o MS como a “farra da publicidade”. O caso está no Ministério Público e na Procuradora de Justiça de Mato Grosso do Sul. O MP tem a competência constitucional de fiscalizar a lei.
A estratégia de negar a comprovação para quem pagou e onde depositou os milhões de reais do dinheiro do povo de Dourados gastos com a imprensa (até mesmo de Maracaju) foi adotada por outra agência (da Câmara), a Lupa Comunicação, em caso que está judicializado.
Ocorre que tanto a Prefeitura como a Câmara de Dourados sonegam [como se não tivessem a obrigação de saber o destino do dinheiro do contribuinte] informações de partilha das verbas oficiais nos ditos portais da transparência, até mesmo aos vereadores – e jogam a culpa nas agências.
Para ter acesso às informações da Câmara, Lia Nogueira recorreu ao Poder Judiciário e esse deve ser o caminho para investigar se o suposto esquema criminoso alçou tentáculos nos cofres da Prefeitura, já que Alan Guedes abrigou sob suas asas dois dos supostos cúmplices: o jornalista Alfredo Barbara, na chefia de Gabinete, e o agente penitenciário licenciado e do dono da Lupa, Milton Junior, em assessoria especial.
Sabe-se que é trio (Alan, Alfredo e Junior) é quem define a política de comunicação da Prefeitura de Dourados, tendo Sartori como ordenador de despesas.
