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Alan Guedes: “Desafios iniciais me deixaram mais ‘cascudo’, mais preparado e pronto para o futuro”

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Redação Folha de Dourados –

Na tarde de quarta-feira (8), o prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), concedeu em seu gabinete, na Prefeitura, essa entrevista exclusiva à Folha de Dourados.

Nesta entrevista, o prefeito Alan Guedes diz que encontrou grandes desafios que o obrigaram a gastar recursos importantes para “arrumar a casa” e impediram investimentos iniciais em outras áreas. Confessa que gostaria de fazer mais, o que se comprova, segundo ele, pela grande quantidade de projetos (com recursos garantidos) que estão engatilhados para terem início.

Diz ainda que está preparado para administrar Dourados pela segunda vez e que, na próxima campanha, vai rebater as críticas e apontar eventuais contradições  dos adversários.

Alan Guedes também falou sobre a possibilidade de eventual coligação com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e do deputado federal Rodolfo Nogueira.

Leia a seguir, a entrevista na íntegra.

Folha de Dourados – O Senhor teve uma ascensão política bastante rápida, pois em menos de 10 anos desde que ingressou na vida pública, conquistou o cargo de gestor da segunda maior cidade do Estado. A que se deve essa trajetória tão bem-sucedida?

Alan Guedes – Eu não considero isso como uma façanha, mas um caminho natural, sabe? Nasci aqui, sou um cara da cidade, as pessoas me conhecem…Fui eleito vereador em 2012 e 2016, e em 2018 virei presidente da Câmara, meio que num ato de oposição que acabou criando corpo e dando certo. Eu já tinha manifestado o desejo de não disputar mais a eleição de vereador, achava que o meu tempo de contribuir como vereador já tinha sido encerrado. Era minha avaliação pessoal, não queria mais. continuar na Câmara, tinha o interesse já de estrear numa eleição majoritária. Como está na cidade, o vereador tem a vantagem também de estar no dia a dia, não estar trabalhando fora e ter uma proximidade com as pessoas. E desde muito novo, eu já costumava percorrer os mais diferentes meios sociais e entidades. Minhas duas faculdades eu fiz aqui, concomitantemente. O fato de a minha família, da minha esposa também ser toda daqui gerou um sentimento de que o caminho natural seria o de me tornar prefeito. Acredito muito na mão de Deus, mas sei que fiz a minha parte também. O douradense, com a sabedoria que lhe é peculiar, me permitiu ser prefeito muito jovem. A gente pode considerar que se há algo de extraordinário nisso, está mais ligado à minha idade do que necessariamente ao fato de ter sido eleito.

Ao chegar ao comando da Prefeitura, tinha dimensão do que encontraria? Ou foi tomando ciência ao longo dos primeiros meses de mandato?

Quando eu fui eleito, a gente já sabia que a situação não estava boa. Porque havia sintomas disso quando eu estava na Câmara [de vereadores]. Via a gestão parcelando salários, sem emitir ordens de serviço de contratos importantes ou estes sendo encerrados, não renovados e não licitados. Isso já se avizinhava a um momento duro. Já se desenhava como uma dificuldade muito grande. Gerir uma cidade do tamanho de Dourados, uma capital regional como é Dourados, não é fácil. Todo dia tem um novo desafio. Mas, de fato, eles surpreenderam, até porque nesse período a gente encontrou também a pandemia. No final de 2020, ela deu uma arrefecida, mas na virada do ano, passados os primeiros 15, 20 dias de janeiro, ela deu uma novamente uma encorpada e isso gerou desafios adicionais aos que a gente já enfrentava. Então, eu sabia que seria difícil. Nunca imaginei que seria fácil, porque não é, e só quem senta na cadeira [de prefeito] para saber isso. Quem não teve essa experiência não tem como mensurar, porque tem uma série de limitações de ordem pessoal, tem muita coisa que a gente não tem como compartilhar com ninguém, [como no caso de uma] informação sensível… Mas esse período de desafios, talvez os maiores dos últimos 20 anos, isso me forjou, isso me deixou mais cascudo, mais pronto, mais preparado para o futuro.

“Em 2021 usamos mais de R$ 30 milhões para pagar a folha de dezembro de 2020. Depois, um outro grande desafio: a pandemia”

E qual foi o principal desafio que você encontrou e falou: isso eu tenho que encarar, isso aqui não tem jeito, vamos ter que resolver logo…

A gente assumiu no dia 1º de janeiro de 2021. Foi uma sexta-feira, feriado de Confraternização Universal. Depois, os dias 2 e 3 caíram no sábado e no domingo, e dia 4, segunda-feira, foi o primeiro dia útil, e a gente foi logo para a parte financeira do negócio. Porque a folha venceria dali uma semana. Eu tinha recebido um relatório de gestão com data do dia 20 de dezembro que mencionava alguns aspectos financeiros, e a gente achava que isso estava encaminhado. Porém, a realidade que nós encontramos nas contas era diferente daquela dos relatórios datados do dia 20 de dezembro. Embora eu tenha recebido esse relatório dia 30, as informações eram do dia 20.  E isso gerou o primeiro grande choque. Porque tínhamos uma informação e nos deparamos com outra realidade. Então, caímos para dentro do problema e resolvemos. Como? Sangrando, infelizmente, recursos que poderiam ser usados em outras áreas. Em 2021 usamos mais de 30 milhões de Reais para pagar a folha de dezembro de 2020. Depois, um outro grande desafio do qual não tivemos como escapar foi a gestão da pandemia em 2021. Esse foi um grande desafio, que não foi só em 2021, mas sim de 2021 com reflexos em 2022, porque a gente precisou priorizar investimentos, fazer contratações.

Houve ajuda dos governos estadual e federal?

Claro que o governo federal ajudou, o governo do Estado ajudou muito, mas com muitas coisas o município precisou arcar financeiramente, colocar o dinheiro, e para isso tivemos que deixar outras prioridades de lado para atender a gestão da pandemia. A pandemia foi um grande desafio. Em alguns momentos, a gestão da pandemia  nos deu até um sentimento de impotência, só que a gente não tinha como transparecer isso… Tinha que ir para o dia seguinte e voltar mais forte… a gente cansou de jantar aqui nesse gabinete, de assistir o “Jornal Nacional” aqui e continuar trabalhando, porque a gente não podia andar na rua; ou era aqui, ou era em casa, e aí a gente tinha muito para fazer. Então, nós ficávamos aqui durante horas e horas, mais de 12 horas todo dia para encontrar saídas.

“Em alguns momentos, a gestão da pandemia nos deu até um sentimento de impotência, não tinha como transparecer… Tinha que ir para o dia seguinte e voltar mais forte”

Algum momento de alegria durante esse período conturbado?

Eu lembro que a gente comemorou quando conseguimos contratar cinco leitos de UTI para o Hospital Santa Rita. A gente vivia momentos muito difíceis, mas nós conseguimos, com o apoio da Secretaria de Estado de Saúde, habilitar e abrir leitos e botar para funcionar leitos na Unidade Materno-Infantil do Hospital da Mulher e da Criança da UFGD, que era a única estrutura hospitalar pronta na qual podíamos colocar leitos novos. Ampliamos muito os leitos no Hospital da vida, na UPA, que não havia sido dimensionada para aquilo, mas no período mais duro ali, entre final de março, começo de abril e maio, o nosso consumo de oxigênio quadruplicou. Precisamos instalar um tanque novo de gás porque a linha da White Martins que vem de Cuiabá não ia vencer a rota, então a gente precisou instalar um cilindro maior, para a carga durar mais tempo. Portanto, houve algumas adversidades que podem parecer pequenas, mas que certamente forjaram o caráter dessa gestão, de encarar, de não fugir dos desafios, por mais que sejam duros.

” a cidade [Ao tomar posse] se encontrava num momento difícil do ponto de vista administrativo, financeiro, com grandes contratos não renovados, não licitados”

Da posse até agora, alguma frustração?

Sem dúvida, sem dúvida. Frustrações, fazem parte do trabalho do gestor. Se o cara que virar prefeito de uma grande cidade, falar que não teve frustrações no trabalho, no mínimo não está sendo honesto intelectualmente. Aqui a gente teve muitas frustrações, muitas frustrações. Por quê? A cidade se encontrava num momento difícil do ponto de vista administrativo, financeiro, com grandes contratos não renovados, não licitados. E a gente entra querendo fazer tudo. E aí, mesmo não tendo esses contratos, a gente foi tentando organizar algumas ações. E a pandemia veio e apertou muito. É claro que eu me frustro porque a gente não conseguiu vencer ainda totalmente essa questão da infraestrutura, dos buracos, uma pauta que a gente entende importante. A cidade tem um asfalto velho, que durante gestões passadas (e aí não estou falando de A, B ou C) de maneira geral, que negligenciaram o fato de que o asfalto tem data de validade, ele precisa ser recuperado. Essa é a frustração de não conseguir entregar algumas coisas, de demorar para entregar outras. A gente conseguiu uma façanha, que isso eu considero uma façanha, assinar em um ano e dez meses com o Fonplata. E agora a gente começa a ver obras saindo do papel, são modelos de licitações diferentes, licitação internacional. Tive frustrações por coisas que demoraram um pouco a acontecer e outras que não aconteceram como eu gostaria.

E alegrias?

São muitas. A gente tem muito mais alegrias para mensurar do que frustrações. Porque talvez fique no imaginário popular a ideia de que você, para ser um bom prefeito, um bom governador, se você não tiver necessariamente grandes obras, você não consegue desenrolar, você não consegue avançar. A gente já entregou obras importantes que foram iniciadas e concluídas no nosso mandato. Obras de asfaltamento, pontes na zona rural e na cidade, reformas importantes de escolas, como aqui no Guaicurus, que é pertinho da Prefeitura. A escola Maria Angélica que estava condenada pela Defesa Civil quando a gente assumiu, era uma negligência muito grande. E nós interditamos a escola e fomos para um enfrentamento com recursos próprios para fazer uma reforma completa e concluir três salas de aulas que estavam iniciadas. Então, obras a gente tem o que mostrar e obras que já começaram e que vão caminhar e serão concluídas.

Quais outras realizações lhe trouxeram satisfação?

Tem muita coisa que me deixa feliz, que às vezes não é uma grande entrega. Por exemplo, nesses três anos e pouco, mais de duas mil famílias receberam título de escritura pública do Município. São duas mil famílias que tinham a posse de uma casa muitas vezes havia trinta, trinta e cinco anos, e não tinham o documento. Nesse caminho, nós ouvimos muita gente dizer que o marido, o companheiro de uma jornada inteira de vida não aguentou esperar para receber, e a senhora chorar, o senhor chorar, porque o companheiro de vida não aguentou esperar… filhos, cujos pais não conseguiram esperar. Um mês atrás, entregamos no Terra Roxa 148 escrituras. Essas alegrias são pílulas para gente avançar. No dia seguinte eu encontrei um senhor que trabalha no posto de gasolina e ele foi abastecer meu carro e falou: ontem você deu a maior alegria da minha vida.

Na educação, alguma realização com a sensação de dever cumprido?

Sim, por exemplo: quando a gente entrega com muita qualidade mais de um milhão de refeições por mês… Ontem eu fui fazer uma visita na escola Aurora Pedroso de Camargo, no Parque Alvorada, eu cheguei na hora da merenda e encontrei as crianças servindo a merenda, e a alegria foi tanta que elas fizeram um bolinho e logo tinha mais de cem crianças querendo tirar foto, querendo que eu assinasse a roupa, a camiseta. Isso é muito legal, a satisfação ocorre também nessas coisas que podem parecer pequenas, mas não são. Quando você vai para a sala de tecnologia, de robótica… uma pauta que eu reputo importantíssima, porque para o menino hoje ser mecânico de moto, ele tem que entender de programação; se ele quiser ser advogado e entender de programação, ele vai ser bom, porque hoje o ChatGPT [programa de Inteligência Artificial] e outros, são instrumentos que estão fazendo parte do cotidiano. Cito também os 1.200 computadores que nós compramos para as escolas, para a sala de tecnologia e para as atividades administrativas; os novos mobiliários, que foram todos trocados nas escolas, isso é uma entrega importante. Até então, nunca a gente tinha feito uma entrega tão grande de equipamentos como nessa. Portanto, eu tenho muito mais coisas que me deixam feliz do que coisas que me deixam frustrado.

E na saúde, quais ações que o senhor destaca?

Quando você pensa e relembra que a URMI (Unidade Regulatória de Medicamentos e Insumos) funcionava em uma casa caindo aos pedaços, com lona voando, caindo, tudo arrebentado…  E eu fiz um compromisso com as pessoas, eu falei: nós vamos organizar isso.  E hoje a URMI funciona num prédio pertinho da rodoviária, na rua Santos Dumont, ao lado do Posto Oshiro, um prédio que atende efetivamente a população. Nós concentramos ali três, quatro serviços: o complexo regulatório do Município, a URMI e o TFD (Tratamento Fora do Domicílio) … A gente concentrou ali num prédio ótimo, de excelente acesso no centro da cidade, permitindo que as pessoas possam ocupar melhor o espaço.  Então, dá muita alegria quando a gente vai para um evento, o “Desenvolve Dourados em Ação” e vê o nosso automóvel parado lá, no sábado, atendendo crianças, fazendo procedimentos odontológicos; quando a gente pega recursos próprios do município e avança em cirurgias de catarata, porque antes só quem pagava esse tipo de intervenção aqui era o Estado. O Município não fazia uma cirurgia de catarata com recursos próprios havia mais de sete anos. São essas ações que nos deixam bastante felizes.

“Tem coisas que eu gostaria de ter entregue mais e melhor. Porém, ante a insuficiência, porque o recurso não dá pra tudo, você tem que priorizar”

Então, nesses três anos e cinco meses o balanço é positivo?

Sem dúvida. Claro que tem coisas que eu gostaria de ter entregue mais e melhor. Porém, ante a insuficiência, porque o recurso não dá pra tudo, você tem que priorizar. E eu acredito que a gente conseguiu priorizar o que era mais importante.

“Quando assumimos, aproximadamente 30% das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) não tinham médico. Hoje, 100% delas tem esse profissional”

Boa parte das críticas que são feitas à sua administração em redes sociais ou pelos adversários, é em relação à saúde. Esse gargalo tem jeito de solucionar? Na verdade, qual é o gargalo?

Tem jeito de solucionar, sem dúvida. A saúde tem um problema estruturante, não é só aqui em Dourados, é um problema nacional. É um problema que traz um debate importante, mas nós tivemos conquistas, né? Antes de falar sobre isso, a gente vai falar das conquistas. A nova URMI é uma conquista. Esse gabinete odontológico é uma conquista. O programa de castração de cães e gatos… claro que não está diretamente ligado à saúde, não é isso. Mas são inovações que aconteceram, que ajudam a saúde pública. Você controla uma zoonose e você está ajudando a saúde pública. Mas quando nós assumimos, aproximadamente trinta por cento das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) não tinham médico. E o médico é um profissional importantíssimo assim como é o enfermeiro, e outros profissionais também. Mas se você não tem um médico na estrutura da Estratégia de Saúde da Família, primeiro: você fica com uma equipe capenga, que não é financiada pelo Ministério a Saúde. Quando você não tem a equipe completa, o Ministério da Saúde não remunera a equipe, então o investimento para pagar aquela equipe sai só do caixa da Prefeitura, quando poderia sair também parte do Governo Federal. Quando a gente coloca médicos em cem por cento das unidades de ESF surgem outras demandas, entre elas, a salarial.

“Compramos seis ambulâncias com recursos próprios e dessas, entre elas duas UTIs. Cada uma custou 574 mil Reais”

E hoje cem por cento das equipes da Saúde da Família em Dourados têm médicos?

Cem por cento. O nosso processo seletivo sempre tem fila de espera, nós enfrentamos desafios para tomar essa decisão de não permitir falta de médico. É uma decisão que foi tomada e está sendo cumprida. Então não tem ausência de médico como tínhamos, os trinta por cento, quando iniciamos. Hoje você e qualquer um da imprensa e até os próprios adversários podem ir lá no novo almoxarifado da Secretaria de Saúde e vão encontrar um almoxarifado organizado. É o almoxarifado que tem condições de fazer frente às demandas das nossas mais de trinta unidades de saúde. Vai encontrar uma Central de Abastecimento Farmacêutico, uma CAF num ambiente organizado, com câmara fria, sala climatizada para remédios de alto custo e outros que precisam ser climatizados. Temos um ambiente na Secretaria de Saúde muito mais adequado, muito mais organizado. Isso também demanda trabalho e esforço. Nós temos novas ambulâncias, o SAMU de Dourados estava com as ambulâncias totalmente deterioradas, depois de seis anos sem novas ambulâncias. A pandemia contribuiu, mas também houve uma negligência das gestões em relação à frota de ambulâncias. Nós conseguimos suprir isso com dez outras ambulâncias, quatro sendo frutos de emendas federais do deputado Beto [Pereira], deputada Rose [Modesto], senadora Soraya [Thronicke] e deputado Luiz Ovando e estamos licitando mais uma, de emenda do deputado Geraldo Resende. Nós compramos seis ambulâncias com recursos próprios e dessas, duas UTIs. Cada uma custou 574 mil Reais. Nós temos quatro ambulâncias do SAMU hoje, que foram compradas no ano passado. Isso é a saúde avançando também. Nós temos o estoque de medicamentos e insumos, que foi o problema no ano passado. A pandemia também deixou esse legado, porque muita coisa, matéria-prima, muita coisa produzida na China também não chegava. Os laboratórios ganhavam por um preço, mesmo que exorbitante, e não entregavam. E aí nós fomos para esse debate de finalizar essa contratação. Hoje, das duas listas, a Relação Nacional de Medicamentos e a Relação Municipal de Medicamentos, Dourados está mais do que noventa por cento de suprimento. É claro que vai faltar algum item específico, porque os lotes de licitação são feitos por item, às vezes algum item fracassa, você tem que fazer um novo processo para licitar aquele item. E a gente se compadece de quem vai na unidade de saúde e não encontra o item que precisa. Por mais barato que seja, é direito do cidadão, mas nós estamos trabalhando para que isso não aconteça mais. Até o final de julho a gente espera entregar vinte unidades de saúde revitalizadas, estamos licitando materiais para a Secretaria de Saúde, como longarinas e móveis de escritório para dar um novo ambiente para as unidades. Fizemos uma revitalização num prédio que estava abandonado havia mais de vinte anos, o prédio do CCZ. Estava abandonado e a gente revitalizou. E outra grande entrega da gestão: eu vou até a Fiocruz essa semana para tratar do Inova APS, o Laboratório de Inovação da Atenção Primária em Saúde, que é um programa que nós conquistamos, junto ao Ministério da Saúde e à Fiocruz. Esse programa tem uma residência multidisciplinar em saúde da família e comunidades. São profissionais, como médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, trinta profissionais que estão sendo totalmente pagos pela Fiocruz por meio de financiamento do governo federal. Nós temos já garantidos dois períodos, R1 e R2, para que esses profissionais saiam especialistas em saúde da família e comunidade. Essa residência é cem por cento prática no posto de saúde com os preceptores, e isso permitiu que a gente tivesse quatro postos de saúde atendendo em horários estendidos, ou seja, doze horas direto, das sete da manhã às sete da noite, sem fechar para o almoço. Isso em alguns locais quadruplicou o número de consultas médicas. Olha que dado relevante!

Então, as críticas na saúde são infundadas?

Muitas vezes as pessoas criticam, e a crítica é natural no processo político, mas elas não se atentam para as entregas que são feitas. A nossa UPA foi dimensionada para 350 atendimentos diários, porém, em média faz mais de 600. A UPA atende uma macrorregião de saúde que tem trinta e três municípios e a gente tem um problema de financiamento. O governador Eduardo Riedel sinalizou que vai ajudar nesse primeiro ano com parte do déficit de quarenta milhões de Reais, mas a gente precisa pensar o que ficou para trás também. O que ficou, o que os douradenses já pagaram. por serem sede de macrorregião. Então, os problemas da saúde não são de simples. Por isso, a gente vai continuar enfrentando os desafios que a saúde pública nos impõe, mas sem deixar de destacar os avanços que nós já tivemos.

“Em três anos, a rede municipal passou de 27 mil para 35 mil alunos, ou seja, são oito mil crianças a mais dentro das salas de aula”

Na educação, as reclamações são muitas em relação a falta de vagas em creches, no pré-escolar, no ensino fundamental. O que ocorreu? Dourados não se preparou para o crescimento populacional dessa faixa etária?

Eu acredito que a cidade tanto se preparou que nós saímos em 2021 do número de vinte e sete mil alunos na rede e passamos, três anos depois, para trinta e cinco mil alunos. São oito mil alunos a mais, praticamente trinta por cento de crianças a mais que estavam na rede municipal em 2021 e estão hoje. Nós temos problemas pontuais em aproximadamente quatrocentas crianças, que podem estar fora da sala de aula, porque temos crianças que estão matriculadas em uma escola que não é a escola da preferência, porque não é a escola mais próxima de casa, mas ela tem a vaga em outra escola e fica aguardando numa fila de espera. Então, ela conta como uma vaga esperando, mas na verdade essa criança também está matriculada. A rede municipal avançou nesse quantitativo de oito mil alunos e precisamos ter um crescimento também das estruturas. Nós construímos novas salas de aula modulares e elas permitiram que salas de aulas convencionais, de alvenaria, fossem realocadas para abertura de novas turmas. É só fazer uma conta simples: são oito mil crianças a mais, e a gente não construiu nenhuma nova escola, mas concluímos três salas de aula no Maria Angélica. E construímos quarenta salas de aulas modulares em vinte e quatro módulos. Portanto, a gente teve esse cuidado nessa ampliação da rede. Mas na estrutura da educação, quando você aumenta oito mil alunos, você tem que aumentar oito mil refeições, no mínimo, por período. Você tem que comprar dezesseis mil camisetas a mais. Você tem que comprar oito mil kits escolares a mais. E a gente dimensionou isso e hoje a rede atende. O número de professores também tem que ser maior. A gente fez concurso, um concurso que é um pioneirismo no Brasil. Um concurso para professor de educação especial. A gente tem aqui em Dourados 250 concursados, mas tem mais de seiscentos contratados. Efetivos, em estágio probatório, nós temos 250, que foi uma inovação. Isso enche a gente de alegria, porque você qualifica a rede, você coloca gente qualificada que vai perenizar, porque o professor efetivo pereniza, ele tem uma trajetória, uma carreira para seguir. Então, tudo isso, em si, é custo, mas também mostra que o planejamento foi bem feito.

E em relação às creches, como está esse planejamento?

É verdade que esse é um gargalo. A gente tem uma para entregar até o final do mês de junho e a gente espera que a primeira infância tenha um olhar mais especial do Governo Federal. As crianças de zero a três anos, são uma faixa etária que, embora não seja obrigatória, é uma faixa etária fundamental porque permite que as famílias possam voltar para sua atividade profissional. Isso diz respeito quase sempre às mães, não somente a elas, mas quase sempre as mães acabam deixando o mercado de trabalho, ainda que sejam empreendedoras ou participem da economia criativa, porque precisam ficar com as crianças quando não encontram vagas.  E a gente sabe que as crianças de zero a três anos têm um contingente maior que aguarda, embora não seja obrigatório. A gente gostaria de atender a totalidade, mas precisa de um enfrentamento maior, inclusive do próprio Ministério da Educação, do Governo Federal, que é quem tem a maior fatia dos recursos e que com a reforma tributária vai concentrar ainda mais esses valores.

“O eleitor douradense me conhece e os outros pretendentes. vai lembrar de como a cidade estava quando assumimos e como está hoje”

Falando agora de eleições, o senhor tem aparecido nas pesquisas, em segundo lugar, ou seja, parece que há uma parcela da população que quer experimentar uma gestão diferente. O que vai dizer para os eleitores para convencê-los a reconduzi-lo à gestão do Município?

O eleitor de Dourados é um eleitor muito sábio. O eleitor de Dourados me conhece e conhece os outros pretendentes. Sabe quem são, o que fazem da vida, como ganham a vida, como trabalham e de que forma até hoje tocaram a política. Até porque todos os pré-candidatos, de alguma forma, já tiveram atividade política em outros momentos. O douradense sabe como esses candidatos se portam e se portaram. O que nós vamos fazer na eleição é mostrar, evidenciar alguns pontos. E o eleitor douradense também tem uma outra característica: ele não tem memória curta, mas sim, uma boa memória. E o eleitor douradense, o meu conterrâneo, vai lembrar de como a cidade estava quando nós assumimos e como ela está hoje.

“Hoje eu estou muito mais experimentado, calejado e pronto para ser prefeito novamente. Vamos mostrar por que não fizemos algumas coisas”

O senhor vai mostrar isso?

Certamente. Eu não posso comparar minha gestão com gestões de trinta anos atrás. Eu preciso comparar com as gestões que estavam antes de eu assumir, as mais próximas. Isso vai trazer uma reflexão. Sem dúvida nenhuma, hoje eu estou muito mais experimentado, mais inteligente, mais calejado, mais pronto para ser prefeito novamente. Se assim o douradense, sábio como é, com a memória boa que tem, me confiar, nós vamos mostrar o legado da nossa gestão, a casa organizada. Nós vamos mostrar que às vezes nós não fizemos alguma coisa e por qual razão não fizemos. Isso vai ficar muito claro. Por exemplo, a cidade demorou para começar a ser limpa por uma empresa. Não tinha dinheiro. O contrato de limpeza, que custa pouco mais de trinta milhões por ano, você não tinha de onde tirar. Então, o que nós iríamos fazer em 2021? Pagar a folha de dezembro de 2020, que não era nossa. Tudo tem justificativa, mas não é no sentido de apresentar uma desculpa. Vamos mostrar que quando foi possível, em julho, nós contratamos de forma emergencial, e na virada do ano contratamos uma empresa que está até hoje fazendo o serviço. Então, nós estamos prontos, eu estou pronto para fazer esse debate, daquilo que nós fizemos pela cidade na nossa gestão.

E o que não fez, vai dizer o porquê?

O porquê não fizemos e quando vamos fazer. E aquilo que nós pensamos e queremos para a cidade para os próximos quatro anos.

Acredita que Dourados agora está melhor organizada administrativamente para dar uma alavancada?

Eu não tenho dúvidas, eu tenho absoluta certeza de que a situação administrativa da cidade hoje permite que a gente alavanque o desenvolvimento de maneira muito efetiva.

Temos projetos que somam R$ 210 milhões para recapear toda a cidade em recursos próprios e do governo do Estado. depois que executarmos isso, somente daqui a quinze anos vai se falar em tapa-buracos novamente.

O senhor tem projetos, que estariam, digamos assim, na ponta da agulha?

Nós investimos mais de 20 milhões de Reais em projetos. Se a gente tinha problemas com tapa-buracos, com asfalto velho, tivemos que fazer o tradicional, porque nesse caso não tinha o que fazer. Enfrentamos os problemas de modo tradicional… você vai lá com uma equipe própria, tapa com massa fria, massa quente, tudo bem. Mas nós estamos fazendo esse trabalho e planejando o futuro. Hoje nós temos projetos que somam 210 milhões de Reais para recapear toda a cidade. A gente vai investir em recursos próprios e do governo do Estado. Temos os projetos, e depois que executarmos isso, somente daqui quinze anos vai se falar em tapa-buracos novamente. Então, isso vai permitir para a cidade um futuro muito mais promissor. Ao invés de investir em tapa-buraco, o cara vai fazer um outro tipo de investimento. Nós vamos corrigir e licitamos há pouco problemas de drenagem. E é um problema, não tem nenhum outro inimigo mais duro do asfalto do que a água empoçada. A água empoçada é inimiga de asfalto, come o asfalto. Então, isso também é um desafio. Nós temos projetos, investimos muito para fazer tudo isso. Custou mais de 20 milhões de Reais em projetos, das mais diferentes naturezas. Nós estamos, enfim, assinando um convênio com o Estado, um compromisso que o governador Eduardo Riedel fez comigo, de recapeamento para uma região importante, mas nós temos projetos elaborados com recursos próprios para outras regiões também, que pretendemos licitar nos próximos dias.

Na eventualidade de esse processo ter um rompimento, uma ruptura, você acha que se perde isso, um outro gestor ficaria perdido?

Sem dúvida, porque tem muita vaidade também, além de a pessoa perder, tem aquela coisa de “não fui eu” e deixar  o projeto “esfriar”. Eu acredito que possa haver, sim, uma ruptura. Eu não acredito que outra pessoa empreenda o mesmo ritmo que eu empreenderia no projeto que eu iniciei.

No seu caso, a máquina já está engrenada?

Com a engrenagem rodando. Para que no futuro a gente consiga alavancar e dar vazão a esses projetos.

O senhor certamente vai ser bastante atacado durante a campanha. Mas além de mostrar o que fez, também vai mostrar que os adversários teriam pontos fracos, teriam “telhado de vidro”…

Eu disse há pouco que as douradenses conhecem os seus pretendentes e nessa linha, naturalmente numa campanha majoritária, tudo que a gente fez na vida é aberto, vem à tona. Se lá atrás você teve algum problema com a Justiça, sem dúvida nenhuma, esse problema vai aparecer, além de outras situações que você eventualmente teve na vida política ou na vida pessoal. Isso vai aparecer. Eu não vejo como não aparecer. Não necessariamente porque a gente vai fomentar. Eu vou fazer uma campanha propositiva, como é o meu perfil, como foi a campanha passada. Mas a gente, sem dúvida nenhuma, entende que o momento eleitoral, principalmente numa campanha majoritária, faz com que a vida do candidato seja bastante esmiuçada e certamente nessa análise cuidadosa da vida, se tiver alguma coisa para aparecer, vai aparecer.

Comenta-se que há uma articulação de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à sua campanha, talvez até uma possível coligação com o PL. Isso é uma coisa que vem sendo conversada ou já está consolidada?

Primeiro, a gente precisa respeitar o PL como partido. O PL é um partido nacional, partido grande. Tem uma bancada muito grande de parlamentares federais, uma boa bancada no Senado. Em nível nacional, o PL e o PP são parceiros. O presidente do PP, o senador Ciro Nogueira, foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente Bolsonaro até o final do mandato. O PL local tem as suas especificidades, tem a sua chapa de vereadores, tem um vereador, o Marcelo Mourão. Tem o presidente, deputado federal Rodolfo [Nogueira]. Nós estamos conversando, não tem nada acertado e também nenhuma porta fechada. A gente vai continuar conversando porque sabemos que se há um alinhamento nacional, se as principais figuras nacionais do PP e do PL caminham juntas, isso seria natural, poderia acontecer aqui, sem nenhum trauma. A senadora Tereza [Cristina] e o senador Ciro, duas das maiores lideranças do PP nacional hoje, ocuparam ministérios no governo Bolsonaro. A Tereza Cristina na Agricultura, e o Ciro Nogueira na Casa Civil. Eu tenho gratidão pelo presidente Bolsonaro, eu repito, já falei isso outras vezes, porque quando nós fomos passar no Senado o decreto legislativo do Fonplata, a gente precisou de apoio. E eu falei com o deputado Ricardo Barros e com a senadora Tereza, na época uma pré-candidata ao Senado. E eu conversei no mesmo dia de manhã com o Ricardo Barros e um pouquinho mais perto da hora do almoço com a senadora Tereza Cristina, e do celular dela eu conversei com o senador Ciro, então ministro. E ele falou pra assim: prefeito, eu vou encaminhar para a mesa do presidente e vou despachar com ele para que isso possa ir o mais rápido possível para o Senado. Chegando lá, no dia seguinte, o processo estava despachado para o Senado. Então, como é que você não vai ser grato? E aí eu fui a Brasília, estive com o senador Rodrigo Pacheco e foi pautado na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal e votado no mesmo dia. Então, a gente sabe que a composição política coroou o trabalho burocrático, o trabalho da gestão de organizar tudo isso para que pudesse avançar. Portanto, eu estou muito tranquilo em relação à eleição, em relação ao eventual apoio do PL, eventual apoio do presidente. Tudo isso vai depender de uma conjuntura e nós temos nesse período, tempo a favor. Até o prazo das convenções há ainda um tempo e a gente vai continuar trabalhando e fazendo a nossa parte.

Mas o ex-presidente Bolsonaro, pessoalmente, já sinalizou alguma coisa?

Eu conversei com o ex-presidente Bolsonaro, ele relata que tem companheiros aqui. Eu fiz campanha com o ele, tem vídeo no Instagram. Quem quiser olhar está lá, nunca escondi isso de ninguém, tem foto, tem vídeo. Ele tem pessoas que estão do lado dele há mais tempo, como é o caso do deputado Rodolfo [Nogueira]. E eu acredito que ele queira que os seus companheiros fiquem confortáveis na tomada de decisão. A decisão vai passar, naturalmente, pelo presidente Bolsonaro, pelo presidente do PL, o ex-deputado Valdemar da Costa Neto, e pela bancada federal de Mato Grosso do Sul, o deputado [Marcos] Pollon e o deputado Rodolfo [Nogueira]. Precisa haver uma construção coletiva. Assim, todo mundo fica confortável e isso pode acontecer. Mas não há um indicativo de apoio, há uma sinalização de boa vontade, de cooperação. O [ex] presidente reconhece a nossa gratidão em relação ao trabalho dele em favor da cidade, com relação ao Fonplata, ele sabe que a cidade tem gratidão a ele por isso, e eu especialmente também, por isso eu penso que na hora certa, na hora da tomada da decisão, isso vai ser levado em consideração.

E a possibilidade da esposa do deputado Rodolfo, [Gianni Nogueira] ser sua vice… vocês têm conversado sobre isso?

Não, não temos conversado sobre isso porque o projeto pessoal não pode sobrepor ao projeto político-partidário. Primeiro a gente precisa definir o partido, se o partido vai ficar junto ou não. Hoje se fala, inclusive dentro do PL, da possibilidade da esposa do deputado Rodolfo ser candidata. E nós temos que respeitar as decisões partidárias. Se o PL deliberar internamente que vai ter uma candidatura, independente de quem seja, a gente vai respeitar, porque isso faz parte do processo democrático. Ter uma candidatura faz parte processo democrático.

Mas se o PL pleitear a vaga de vice-prefeito (a) é possível uma coligação?

Se primeiramente o PL sinalizar que pode caminhar conosco, nós vamos sentar e definir quais são as prioridades do partido, porque a gente passa a discutir uma eleição que não é só a de 2024. Vamos olhar para a eleição seguinte, para a eleição de 2026, onde estarão no jogo duas vagas ao Senado, a renovação da bancada de deputados federais, tudo isso vai para um contexto de discussão eleitoral. Qualquer nome que o PL apresentar vai ser avaliado por mim e pelo meu partido para eventual comprovação.

O eventual apoio do ex-presidente Bolsonaro é um diferencial?

O eventual apoio do Bolsonaro traz em si um sentimento de boa parte do eleitorado que reconhece a liderança do ex-presidente, sem dúvida. Pode ser importante, mas pode não fazer diferença. A gente não sabe como vai estar o cenário.

Vocês não mensuraram isso ainda?

Não, nós não mensuramos. As pesquisas indicam que o ex-presidente tem ainda uma fatia importante do eleitorado douradense, que reconhece a liderança dele. Mas eu entendo que a eleição municipal passa também pela discussão do dia a dia da cidade, independentemente de quem seja o candidato. Claro que todo apoio é importante, é bem-vindo. Principalmente no caso de partidos que caminham juntos já em nível nacional. Se acontecer é bom, se não acontecer a vida vai seguir. A minha candidatura e a minha expectativa de ter um resultado eleitoral que me permita continuar na prefeitura por mais de quatro anos não está necessariamente vinculada a essa decisão. O que está vinculado à minha decisão é o meu partido, o meu arco de alianças já definido, as pré-candidaturas a vereador do meu grupo político, do meu partido. Nós trabalhamos para eleger a maior bancada. Sem dúvida, a maior bancada de vereadores da Câmara Municipal será a do PP, a partir de 2025. Hoje a gente tem o mesmo quantitativo de vereadores que o PSDB, mas eu não tenho dúvidas que a bancada do PP será maior depois da eleição. Isso é um grupo político, não é um sentimento individual, não é um trabalho para uma liderança específica, para vencer um projeto, ou um projeto para ganhar de outro projeto pelo fato de alguém não gostar do candidato, não gostar do prefeito, não é isso. O nosso projeto político é um projeto de grupo, liderado pela senadora Tereza, pelo deputado federal Luiz Ovando, e juntos a gente vai enfrentar esse desafio.

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