Redação –
A ação da Polícia Militar que resultou no baleamento de um adolescente de 17 anos no último sábado (30), no Parque de Exposições de Rio Verde de Mato Grosso, continua gerando forte repercussão e revolta entre moradores da cidade. O jovem foi atingido pelas costas durante uma abordagem policial no local onde grupos de motociclistas realizavam manobras conhecidas como “grau”.
Segundo relatos de moradores, o espaço já era tradicionalmente utilizado pela comunidade para esse tipo de atividade e, em anos anteriores, chegou a ser cedido oficialmente por autoridades locais. “O espaço em que os garotos estavam fazendo as manobras sempre foi cedido para grau. Todo mundo usava. Teve um vereador que cedeu ano passado para os jovens fazer manobra”, contou uma moradora à reportagem, sob anonimato por medo de represálias.
O disparo que atingiu o adolescente também danificou o tanque de outra motocicleta no local. Por pouco, outro jovem não foi ferido. “O que ele fez de tão grave para ser baleado pelas costas? Ele é trabalhador, correto”, questionou uma moradora, evidenciando a indignação da comunidade com a conduta do policial envolvido.
Ainda no domingo (1º), um grupo de jovens voltou ao Parque de Exposições e realizou novas manobras em forma de protesto contra a ação da PM.
Histórico de violência preocupa moradores
Moradores também mencionaram outros episódios recentes de violência policial na cidade. “A cidade está revoltada porque não é a primeira vez. Ano passado, teve dois que morreram a tiros com a polícia e não deu em nada”, afirmou um morador.
Investigação e afastamento
O caso está sendo apurado pelo 5º Batalhão de Polícia Militar de Coxim, responsável pela 2ª Companhia da PM em Rio Verde. O policial que efetuou o disparo foi afastado das funções até a conclusão do inquérito. O adolescente ferido foi inicialmente atendido no Hospital Geral Paulino Alves da Cunha e, posteriormente, transferido para uma unidade de saúde em outra cidade. Segundo boletim médico, ele não corre risco de morte.
Nota oficial da Polícia Militar
Em nota, a Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (PMMS) afirmou estar ciente dos fatos e informou que instaurou procedimento administrativo para apuração da conduta do policial. A corporação também destacou que outras medidas podem ser adotadas ao longo da investigação.
“A PMMS reafirma seu compromisso com a ética, o respeito e a integridade em todas as suas relações e não tolera comportamentos que violem seus princípios e valores. A investigação será acompanhada pela Corregedoria-Geral e os resultados encaminhados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário”, destacou a nota.
A corporação ressaltou ainda que não divulgará mais informações até a conclusão do processo, a fim de preservar a integridade da apuração.