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‘A música que eu mais gosto’, nova crônica do escritor Elairton Gehlen

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Elairton Gehlen, escritor –

Vou aumentar o volume, eu disse, esta é uma das músicas que eu mais gosto!  

Minha mãe pôs a mão no ouvido, em forma de concha, para ouvir melhor. Aumentei o volume no máximo e a Rádio Ambiente Suprema me proporcionou um dos momentos mais emocionantes da minha vida! Aos poucos, a mão que ainda tem um braço com mobilidade suficiente para alcançar a cabeça com relativa facilidade, foi deixando o ouvido e indo para a mesa onde acompanhava a música com batidas suaves ao ritmo de ‘O Milionário’, os Incríveis. Seus olhos que, há mais de 31.700 dias apreciam este mundo, me olhavam e voltavam para a mesa como a ver a música e me dizer, não sei muito bem o que ela quer dizer, mas sei perfeitamente o que tu queres! 

Uma música. Tem uma música que, se ouço, logo me volto para a janela do quarto da casa de meus pais onde na adolescência me debruçava olhando perdidamente as luzes da vila onde talvez estivesse a garota daqueles meus sonhos de juventude. Tem música que me lembra que ainda posso amar como amava quando ia aos bailes e encontrava a bem-amada e dançava com ela a última música só para poder ficar mais um tempo e ir com ela até o carro onde seus pais a esperavam ansiosos e confiantes e desconfiados ao mesmo tempo. Uma música me lembra que posso ter sentimentos, não importa a idade, ainda posso amar mais e até melhor do que na juventude quando a ouvia animado pelos hormônios da testosterona. Uma música hoje me mostrou que posso amar mais do que jamais amei na vida: O milionário, uma mão em forma de concha ao ouvido e depois batendo na mesa e um olhar me dizendo que sabe mais do que aquela música possa expressar. 

Quando era adolescente aprendi a tocar Noite feliz no órgão do colégio interno onde estudava. Depois disso não aprendi a tocar mais nada, mas ouvi muitas músicas daquelas que se pode dizer que marcaram minha vida, tanto na juventude quanto na idade adulta quando ouvia Beatles, Pink Floyd, Queen, Credence, Bonnie Tyler, Suzi Quatro, Martinho da Vila, Chico Buarque, tantos outros e, claro Os Incríveis e sua belíssima música O Milionário. Saí da casa de meus pais aos treze anos de idade para nunca mais voltar para morar com eles. Quarenta e nove anos depois descarrego minha mudança na casa da minha mãe para cuida-la. Hoje, quando estávamos à mesa, liguei o rádio Ambiente Suprema, o som do seu melhor ambiente, quando tocou O Milionário, minha mãe foi tão generosa comigo permitindo que eu percebesse o quanto eu a amo.  

De certa forma, o Milionário sou eu! 

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