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‘A agonia de um serviço essencial’, por Victor Teixeira

Victor Teixeira (*) –

Enquanto o Governo Federal busca a construção de duas Unidades de Saúde na Reserva Indígena de Dourados (RID) após ter inaugurado lá o primeiro SAMU Indígena do país, o risco de o hospital da comunidade fechar por dívidas ameaça as desejáveis expectativas acerca da garantia do bem-estar dos moradores da comunidade.

A ONG Missão Evangélica Caiuá indica outubro como o mês até o qual o Hospital e Maternidade Porta da Esperança poderá funcionar. Na forma de dívidas de cerca de R$ 4 milhões caracterizadas atualmente por um fechamento mensal das contas com R$ 200 mil a menos do que o cabível para endereçar despesas apresenta-se um quadro que se desenvolvia entre 2020 e 2022. 

Nesse intervalo de tempo houve queda nos recursos disponíveis para o pagamento de dívidas de curto prazo, o que as faz passar de mais de 90% dos débitos. A soma dos débitos, incluindo os pagáveis a longo prazo, se aproxima de 100% do patrimônio do hospital.

Dependente tanto de repasses públicos como de doações arrecadadas por igrejas, o centro médico foi beneficiado entre janeiro de 2019 e o mesmo mês de 2020, com seu mais recente convênio federal de mais de R$ 49,6 milhões. Atualmente a participação do Poder Público no fomento às atividades da instituição consiste em repasses mensais pela Prefeitura de Dourados e o governo estadual de R$ 35 mil cada. A quantidade de atendimentos, porém, resulta em despesas maiores.

Se afunila o prazo para que os administradores do hospital revisem a distribuição dos gastos da instituição e as esferas de poder estatal façam o mesmo em relação a seu modo de ajudá-la. Uma interrupção no funcionamento pela primeira vez em 62 anos de inicialmente exemplar atuação pegará desprevenidos mulheres indígenas gestantes e qualquer outro habitante da RID acometido por doença quanto às condições de locomoção até estabelecimentos urbanos capazes de prestar socorro!

No dia 5 do mês passado a União, por meio do Ministério da Saúde, homologou um contrato de mais de R$ 3 milhões, vencido por uma empresa de Campo Grande, para construir na RID duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de porte III, ou seja, com três equipes de atenção básica. Quatro dias depois a área indígena foi a primeira do Brasil a ser contemplada com uma unidade própria do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Em caso de condições clíncas cuja seriedade exija muito mais atenção que a possível de ser oferecida pelas UBSs e a depender do tempo em que o hospital vier a permanecer inoperante, a agilidade das ambulâncias restará como facilitador da busca por atendimentomédico!

(*) É acadêmico de Jornalismo e estagiário na Folha de Dourados

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