Sanesul – 11/06/2012
Nascimento
Se depender de solução técnica a Sanesul não vai mais precisar destruir asfaltos para fazer ligação de água e Dourados. É o que garante o gerente regional da Empresa de Saneamento, Paulo Torraca. Segundo ele, há várias alternativas que podem ser usadas e que dispensam a abertura da tradicional valeta, que rasga os asfaltos causando desperdício de dinheiro público e deteriorando a malha viária. Na analogia do gerente, as valetas abertas no asfalto são como “um corte que deixa cicatriz na pele, que jamais volta a ser como antes”.
Segundo Torraca, a Senesul está passando por uma mudança de “conceito” na implantação de rede de água e que, agora, a colocação dos ramais (canos) de água deve seguir a “tendência” de ser feita em “rede dupla”, ou seja, nos dois lados da via e na área da calçada, ao invés dos antigos ramais instalados no centro da rua (ligação tipo eixo) ou próxima ao meio fio (ligação tipo terça).
Privado – A mudança de conceito da Sanesul acontece simultaneamente à construção de asfaltos comunitários em Dourados. De acordo com Torraca, por ser pago pelo contribuinte o asfalto comunitário deve ter uma garantia dada pela empresa construtora, e destruir o asfalto para fazer ligações de água comprometeria essa garantia e causaria problemas com o contribuinte que pagou pela obra. Nesse caso, o prejuízo passa a ser privado e não público, como nos asfaltos pagos com impostos.
Um exemplo é o que está acontecendo no Parque Alvorada, onde está sendo executado asfalto comunitário. Lá, a Sanesul vai implantar 4.700 metros de ramais do tipo “rede dupla” (nas calçadas) e toda passagem de tubulação necessária está sendo feita antes da construção do asfalto. Assim, quando a ligação for efetivada em cada terreno, o asfalto não precisará mais ser quebrado. Segundo Paulo Torraca, “a tendência é que em todos os asfaltos novos em Dourados seja feita rede dupla”. Embora concorde que essa é a melhor alternativa, Torraca não dá garantias de que ela será implantada nos casos de asfalto for feito exclusivamente com dinheiro público.
Projeto de Lei – Uma das medidas que podem ser tomadas para tornar a implantação das redes duplas padrão em Dourados, é a criação de uma Lei que obrigue os empreendedores de loteamentos a executarem projetos contendo as redes duplas. Isso eliminaria problemas futuros de destruição de asfalto nas ligações de água. Mas a criação dessa Lei depende da boa vontade da Câmara de Vereadores ou do Executivo. A implantação de rede dupla também é viável em ruas ainda sem asfalto, e que são muitas em Dourados. Nesses casos, cabe apenas à Sanesul a iniciativa.
Mesmo em ruas já asfaltadas, grande parte das valetas abertas seriam desnecessárias, já que, de acordo com Torraca, existe um equipamento capaz de fazer perfurações de um lado ao outro da rua sem danificar o asfalto. “É o chamado Método Não Destrutivo”, explica o engenheiro. Mesmo sendo um equipamento já bastante utilizado, a Sanesul ainda não o possui, preferindo, ainda, rasgar o asfalto para depois remendá-lo.
Comunicação – Boa parte dos problemas que Dourados enfrenta hoje em relação à execução de obras de saneamento seriam evitados se houvesse mais comunicação entre Prefeitura e Sanesul. Segundo Torraca, “antigamente, não havia concordância entre os projetos da Prefeitura e os da Sanesul”. Ele conta que redes de esgoto feitas pela Empresa de Saneamento foram parcialmente danificadas durante a construção de galerias de água pluvial, o que poderia ser evitado com planejamento. “Hoje, a Prefeitura está fazendo isso; estamos discutindo projetos juntos; onde há previsão de construção de asfalto nós estamos sendo informados pela Prefeitura”, ressalta.
Outro problema que gera incongruência na execução de projetos e o desperdício de dinheiro público é a falta de acordo na viabilização de recursos em Brasília. De acordo com o gerente regional, as verbas provenientes de projetos elaborados pela Sanesul, pela Prefeitura e resultantes de emendas parlamentares deveriam fazer parte de um mesmo planejamento maior da Prefeitura, para que houvesse sincronismo na execução das obras, sem prejuízo de uma na realização de outra.
Torraca alerta que no próximo semestre a Sanesul deve começar a executar os recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) II, que prevê a construção de rede de esgoto que cobrirá 95% de Dourados. Se essas obras não vierem acompanhadas de galerias de drenagem, estas, quando forem feitas, vão comprometer a rede de esgoto. “Essa tubulação obedece a topografia, e quando é danificada pela construção de outra obra dificilmente fica igual de novo”, diz Paulo Torraca, salientando que já houve muitos casos onde a rede de esgoto foi prejudicada pela construção de galerias de drenagem.
Fonte: Folha de Dourados