Redação –
Em meio à dor pela perda do colega de trabalho Fernando Marconi Ramos, de 27 anos, morto em um grave acidente de trânsito no Anel Viário Samir Thomé, trecho da BR-158, em Três Lagoas, o motoentregador Leandro Barbosa Silva falou sobre a tragédia ocorrida na madrugada desta terça-feira (16) e fez um apelo em defesa da categoria.
Fernando conduzia uma motocicleta quando colidiu frontalmente com um Fiat Uno, ocupado por Fernanda Taina Costa, de 27 anos, e três crianças, de 9 anos, 5 anos e um bebê de 11 meses. Com o impacto, Fernando e a condutora do carro morreram no local. As crianças foram socorridas e encaminhadas ao hospital para atendimento médico.
Abalado, Leandro destacou que o colega morreu enquanto trabalhava e reforçou que não houve culpa por parte do motoentregador. “Ele morreu trabalhando. Muitos morrem trabalhando nas entregas”, desabafou. Segundo ele, a dinâmica do acidente aponta que o veículo invadiu a pista contrária. “As pessoas sempre criticam entregador, dizem que anda errado. Mas, nesse caso, como em muitos outros, ele estava certo. Quem invadiu a pista contrária foi o carro, que bateu de frente com a moto”, afirmou em entrevista ao portal Fatos Regionais.
O motoentregador também lembrou que Fernando não era natural de Três Lagoas e possuía poucos familiares na cidade. “Se não me engano, só a mãe. O pai trabalhava viajando. Era um menino novo, tentando vencer”, relatou, emocionado.
No depoimento, Leandro fez um apelo contra a generalização e o preconceito enfrentados diariamente pelos profissionais da categoria. “Tem sim alguns que andam errado, como em qualquer profissão. Mas a maioria é pai de família, trabalhador registrado, que faz entrega extra para conseguir colocar o pão de cada dia dentro de casa”, afirmou.
Ele ressaltou ainda que, faça chuva ou faça sol, os motoentregadores seguem nas ruas porque sempre há alguém esperando em casa. “Um filho, uma esposa, uma mãe, um pai”, disse. Segundo Leandro, além dos riscos de acidentes e assaltos, a categoria ainda lida com críticas relacionadas aos valores cobrados. “Reclamam de uma taxa de cinco reais. Aí o menino novo morreu por causa de uma taxa de cinco reais. Acham caro pagar, mas não querem sair do conforto de casa no sol, na chuva, correndo risco”, lamentou.
Para o motoentregador, erros individuais não podem definir toda uma classe profissional. “Nem na polícia, que existe para proteger e servir, todos trabalham 100% certos. Imagina no restante. Não podemos generalizar uma profissão inteira por erro de alguns”, afirmou. Ele citou ainda outros acidentes recentes para reforçar que, muitas vezes, a imprudência parte de diferentes condutores no trânsito.
A categoria pretende realizar uma homenagem a Fernando Marconi Ramos, mas aguarda informações da família sobre o local do velório e do sepultamento.

