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Pollon de molho; Senado: quatro empates; Fábio Trad convencido; ‘Cavala’ sem renas

Juca Vinhedo –

A FRASE

“A gente não escolhe candidato, adversário. Vejo toda hora [Ronaldo] Caiado, Tarcísio [de Freitas], [Romeu] Zema, Ratinho [Jr.], Eduardo [Bolsonaro], Michelle [Bolsonaro]. Toda hora inventam um nome. Ou seja, quem inventa muito nome é porque não tem nenhum. Então eles estão em dúvida porque eles sabem de uma coisa: eles perderão as eleições em 2026. Eles perderão.”

(Presidente Lula, em entrevista concedida na semana passada).

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“Eu trabalhei o tempo todo para ajudar o pai dele. Primeiro, é uma ingratidão enorme, porque estou ajudando pessoas que se colocaram nessa situação, de estarem presos por causa desse radicalismo deles. Segundo, é duro responder a um idiota. Como é que eu vou responder a um idiota como ele?”

(Paulinho da Força, deputado federal, respondendo a críticas de Eduardo Bolsonaro).

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“Na prática, ela beneficia sim criminosos comuns, pois padroniza o marco básico de progressão em um sexto da pena, reservando percentuais mais altos apenas para crimes violentos e hediondos. Isso representa um afrouxamento relevante em relação ao sistema atual, que exige 20% para primários e 30% para reincidentes, mesmo em crimes sem violência”, disse o especialista.

(Rodrigo Azevedo, professor de direito da PUC do Rio Grande do Sul (RS) sobre a proposta da Dosimetria).

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Valentia seletiva

Os deputados Marcos Pollon, Marcel Van Hattem e Zé Trovão descobriram que a coragem costuma variar conforme o ambiente. Na tribuna, muita valentia; no Conselho de Ética da Câmara, um tom de “coitadinhos”. Os três respondem pelo episódio de agosto, quando ocuparam a Mesa Diretora para pressionar o presidente Hugo Motta a pautar o projeto da anistia.

Atestado estratégico

Confrontado com as consequências, Pollon recorreu a uma explicação no mínimo curiosa à época do “motim”: disse ser autista e não entender o que acontecia. Na semana passada, às vésperas das oitivas, passou mal e apresentou atestado médico de nove dias. Coincidência médica ou timing parlamentar?

Lágrimas regimentais

Já Van Hattem adotou outro figurino: voz embargada e pedido emocionado para adiar a sessão. O objetivo ficou claro — empurrar o julgamento para 2026. Quando o Conselho aperta, a retórica inflamada dá lugar à estratégia protelatória. No entanto, a retomada das audiências das defesas e testemunhas está mantida para esta terça-feira no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Mais chororô

Durante sua manifestação de defesa, na quarta-feira (10), o deputado Marcos Pollon foi outro que demonstrou fraqueza ao ser confrontado a possibilidade de ter seu mandato suspenso por seis meses. Visivelmente abalado, chorou ao ler uma mensagem enviada pela esposa, que afirmou estar “bastante preocupada” com os processos disciplinares pelos quais ele está passando.

Rigor de ocasião

O chamado PL da Dosimetria virou dor de cabeça entre juristas e um espelho incômodo para a extrema-direita. O discurso de “endurecer penas” não combina com um texto que, na prática, afrouxa regras de progressão para vários crimes. Especialistas lembram o óbvio: a Lei de Execução Penal vale para todo mundo. Como bem pontua Rodrigo Azevedo, não existe no ordenamento brasileiro uma legislação feita sob medida para um grupo específico.

Passo atrás

Para o criminalista João Vicente Tinoco, o projeto desfaz parte do endurecimento imposto em 2019. É um recuo seletivo, vendido como ajuste técnico, mas com efeitos bem mais amplos do que admitem seus defensores. O relator Paulinho da Força garante que o texto não beneficia criminosos comuns. Juristas discordam e lembram: mudar regra geral pensando num caso específico costuma gerar distorções — e muitas.

Porta entreaberta

Apesar da reação contrária de amplos setores da sociedade à proposta da anistia, o relator do PL da Dosimetria no Senado Esperidião Amin não fechou a porta para a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ao ser provocado, respondeu com “O que impede?”. Amin disse que vai ouvir líderes e bancadas até quarta-feira.  Tradução livre do Congresso: sem acordo amplo, o tema pode emperrar antes mesmo de chegar ao plenário.

Alerta civil

O Pacto pela Democracia, que reúne mais de 200 organizações, levou ao Senado uma advertência direta sobre os riscos do projeto em discussão. Na avaliação do grupo, a proposta ameaça o equilíbrio institucional e fragiliza o Estado Democrático de Direito. A expectativa é que o Senado atue como instância de contenção e defesa da Constituição.

Debate às escuras

Em carta dirigida ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e aos parlamentares, a coalizão criticou duramente o rito adotado na Câmara. A votação realizada de madrugada, com tramitação acelerada, teria limitado o debate público e dificultado o acompanhamento da sociedade. Para o Pacto, democracia exige transparência — e luz acesa.

Travessia bloqueada

O senador Otto Alencar avisou sem rodeios: o PL da Dosimetria, do jeito que está, não passa nem na porta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Classificou o texto como “pró-facção” e disse que discutir isso às vésperas do recesso é um completo absurdo.

Ninguém leu?

Para Otto, parte dos apoiadores do PL simplesmente não sabe o que está defendendo. Segundo ele, há gente de interesse público que não leu, não entendeu — e talvez nem tenha ideia — do alcance real do texto. No afogadilho do Congresso, a cerimônia passou longe.

Jogo aberto

A corrida por duas vagas ao Senado em Mato Grosso do Sul promete disputa voto a voto. Pesquisa do Instituto Novo Ibrape mostra um cenário de forte equilíbrio entre os principais nomes, com empates técnicos sucessivos dentro da margem de erro.

Pelotão da frente

Reinaldo Azambuja aparece numericamente à frente, com 32,9%, mas tecnicamente empatado com Capitão Contar. Logo atrás, Simone Tebet e Nelsinho Trad completam um bloco onde qualquer movimento pode mudar o jogo.

Corrida longa

Mais atrás surgem Soraya Thronicke, Vander Loubet e outros pré-candidatos ainda distantes dos líderes. Com 2 mil entrevistas e margem de erro de 2,2 pontos, o recado da pesquisa é claro: a eleição está longe de estar definida.

Palanque montado

O PT oficializou, no sábado (13), a pré-candidatura de Fábio Trad ao Governo do Estado, com a presença do presidente nacional Edinho Silva. A decisão foi política: garantir palanque regional para Lula diante do avanço da direita no Estado.

Convencimento interno

Fábio Trad resistia à ideia de disputar o Executivo e preferia concorrer a uma vaga na Câmara. Acabou convencido de que o partido precisava de um nome competitivo para liderar o projeto estadual. Na chapa, Dona Gilda entra como vice, enquanto Vander Loubet foi lançado ao Senado.

Recado dado

O PT de Mato Grosso do Sul decidiu que não haverá neutralidade em 2026. Com a pré-candidatura de Fábio Trad ao governo e Vander Loubet ao Senado, o partido vai cobrar fidelidade e avisar que quem flertar com a chamada extrema direita será tratado como adversário.

Simone no tabuleiro

A ministra Simone Tebet foi tema central das conversas internas do PT. O aviso é direto: se quiser o apoio do partido de Lula, terá de “descer do muro”. Apoiar uma chapa adversária em MS será interpretado como traição política.

Equilíbrio delicado

Embora tenha deixado a base do governador Eduardo Riedel após sua aproximação com Jair Bolsonaro, o PT manteve relação protocolar com o Executivo estadual. As críticas, por ora, miram mais em Reinaldo Azambuja. Mas, no xadrez petista, 2026 já começou, e ninguém poderá jogar em duas mesas ao mesmo tempo.

Crítica vazia

Enquanto a Praça Antônio João segue lotada desde o início de dezembro, com famílias aproveitando o clima natalino, uma voz dissonante tenta puxar o freio da festa. A regra é antiga: quando o povo ocupa o espaço público, sempre aparece quem prefere reclamar.

Girando a economia

O Natal Encantado Dourados virou polo de lazer e consumo no centro da cidade. Além dos brinquedos gratuitos, a praça de alimentação tem ajudado pequenos comerciantes a faturar — coisa rara em tempos de aperto econômico.

Objetivo é “lacrar”

A vereadora Isa Marcondes escolheu as redes para criticar a decoração e questionar a comercialização no evento. O detalhe é que fez isso sem consultar previamente o edital nem entender o modelo de concessão temporária adotado. Depois do barulho digital, veio o vídeo corretivo. Ficou claro que não havia ilegalidade alguma e que o formato questionado estava previsto em edital. No fim, a crítica caiu sozinha.

Povo aprova  

Enquanto alguns – poucos, é verdade, tentam “causar”, quem frequenta a praça aprova. Famílias relatam tranquilidade, segurança e variedade de atrações, com programação cultural e brinquedos gratuitos garantindo diversão para crianças e adultos.

Até o fim do ano

Com roda-gigante, Casa do Papai Noel, iluminação em LED e a chegada da Caravana da Coca-Cola, o Natal Encantado segue até o dia 30. A praça está viva, iluminada e, gostem ou não, aprovada pela maioria.

BASTIDORES DO PODER

O dia em que o muro ruiu

Durante anos, José Sarney foi um homem de muro. Não por covardia explícita, mas por cálculo político refinado — daqueles aprendidos na escola dura da República. Foi aliado do regime militar enquanto o regime existiu. Presidiu a Arena, depois o PDS. Sempre com discurso de conciliação, sempre evitando rompimentos bruscos. O muro lhe servia bem.

Em 1984, quando o país ferveu com a campanha das Diretas Já, Sarney observava. A rua gritava, a história empurrava, mas ele esperava. Não subiu em palanque, não puxou palavra de ordem. Ficou ali, equilibrado, medindo o vento.

O muro parecia sólido. Até que o regime começou a ruir.

Quando a eleição indireta se impôs como último caminho possível, Sarney desceu do muro num movimento cirúrgico: rompeu com Paulo Maluf, aderiu à Aliança Democrática e virou vice de Tancredo Neves. Não foi um salto ideológico. Foi leitura de sobrevivência.

O Brasil sabe o resto da história. Tancredo adoeceu antes da posse. O vice, até então visto com desconfiança por muitos, assumiu a Presidência. O homem do muro virou chefe da transição democrática. Para alguns, oportunismo. Para outros, pragmatismo histórico. Para a história, fato consumado.

Mas o muro cobrou seu preço. Sarney passou o mandato inteiro tentando provar que não era apenas um sobrevivente do regime anterior. Governou sob desconfiança, inflação galopante, crises sucessivas e uma Constituinte que avançava mais rápido que o Planalto. O muro tinha caído.

A lição ficou. O muro pode proteger no curto prazo, mas cobra juros altos quando a história acelera. Quem demora a escolher lado acaba sendo empurrado para um papel que não controla totalmente.

Pollon de molho; Senado: quatro empates; Fábio Trad convencido; 'Cavala' sem renas
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