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Feminicídios expõem lado mais cruel do crime organizado

Uma jovem foi morta com tiros à queima-roupa na comunidade onde morava na zona sudoeste do Rio. O autor dos disparos é um traficante em ascensão na facção criminosa, com quem a adolescente teve um relacionamento e que reagiu de forma implacável ao término. O caso chamou atenção pela violência e mostrou um lado ainda mais cruel do crime organizado: a prática de torturas e agressões contra mulheres, ex-companheiras de integrantes das facções.

Andrielli tinha 17 anos quando namorou Alex, de 29, por quase um ano. Um relacionamento, segundo a família, marcado por brigas e ciúmes. O casal se conheceu na Cidade de Deus, comunidade da zona sudoeste, dominada pela maior facção criminosa do estado. Alex tinha envolvimento com o tráfico de drogas e estava em ascensão na hierarquia do crime organizado. Em pouco tempo, o namorado traficante se revelou um homem violento. As agressões físicas se tornaram ainda mais violentas. Em uma delas, a jovem chegou a levar diversas coronhadas.

Andrielli terminou o relacionamento por mais de uma vez, mas sempre reatava porque ele insistia numa reconciliação. A adolescente, no entanto, decidiu dar um ponto final no mês passado. Só que as perseguições se intensificaram quando o ex descobriu que ela, na verdade, estava com um novo namorado.

Além de vivenciar o luto de uma morte violenta, as famílias das mulheres vítimas de feminicídio ainda são obrigadas a conviver com outro sentimento: o medo. Enquanto os assassinos estão soltos nas comunidades, os parentes são silenciados e param de denunciar por temer retaliações. Foi o que aconteceu com a família da Sther.

Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, trabalhava como atendente. Ela se relacionou com Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, apontado como chefe do tráfico na comunidade onde morava, na zona oeste do Rio. Meses depois do término, Sther foi a um baile funk numa comunidade dominada pela mesma facção de Coronel e o criminoso soube que ela estava no local. Decidiu se vingar e chamou reforços. A jovem foi submetida a uma sessão de tortura e violência sexual. Bastante machucada, foi deixada na porta da casa da família. Os parentes acolheram Sther e a levaram para o hospital, mas ela não resistiu aos ferimentos.

Já se passaram três meses da morte de Sther. A família chegou a se manifestar nas redes sociais, mas ela não quer mais comentar o assunto. Coronel e os comparsas ainda estão soltos. Segundo a polícia, Coronel já foi absolvido pela própria facção.

Este ano, no Rio de Janeiro, 79 mulheres foram vítimas de feminicídio no estado, uma média de oito assassinatos por mês. Outras 242 conseguiram escapar da morte. Números que podem ser subnotificados, já que muitas mulheres não denunciam a violência à polícia.

Dias antes de ser assassinada, Andrielli foi espancada pelo ex-namorado. Só que, por medo, ela não denunciou a agressão à polícia. Depois do assassinato de Andrielli, Alex chegou a se esconder em Angra dos Reis, no litoral fluminense, mas se entregou horas depois. Alex enviou um áudio para amigos e familiares e tentou explicar por que matou a ex- namorada.

(Informações R7)

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