Nesta segunda-feira (08), é dia de rememorar o legado de Gestão do Antônio Nogueira publicado no livro ACED 80 Anos – Uma História de Sucesso, lançado em 29 de maio de 2025; leia a seguir…
No dia três de maio de 2013, os associados da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (ACED) elegeram Antônio Luiz Nogueira como presidente para conduzir a entidade nos três anos seguintes. Com 106 votos foi eleita a chapa “ACED Integrada com Dourados”, a única inscrita na disputa pela diretoria da associação, apresentando como objetivo dar continuidade às ações já desenvolvidas e trazer inovações.
Além da luta pelas causas de interesse do comércio local, a diretoria da Gestão 2013 – 2016 esteve à frente de mobilizações de combate à corrupção e também se envolveu em ações com o intuito de promover mudanças no cenário político e econômico, pensando no ambiente de negócios para empresas e em benefícios à sociedade. Questões como infraestrutura, impostos e segurança estiveram entre os debates e campanhas realizados.
Nogueira assumiu a presidência em um dos momentos mais emblemáticos da história do país, que vivia o início de uma onda de protestos espalhados pelas ruas do Brasil. Na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, a primeira mobilização, denominada “Vem pra Rua Dourados”, aconteceu no dia 20 de junho de 2013, com concentração na Praça Antônio João e passeata pela Avenida Marcelino Pires, reunindo empresários, estudantes e famílias para protestos que a associação chamou, na época, de luta pelos direitos de toda a população.
Após esse período, a entidade liderou novas manifestações, apoiadas por diversas instituições, em anos seguintes, tanto as relativas ao combate à corrupção, quanto as relacionadas ao pedido de impeachment da então presidente da república, Dilma Rousseff (PT), o que acabou se concretizando em agosto de 2016. Milhares de pessoas participaram dos eventos. Segundo Nogueira:
Naquela época, 2013, estávamos vivendo um momento crítico, a ACED buscou o protagonismo de ir às ruas, era isso. Engrossar as manifestações nas ruas e buscar dias melhores para o país. A ACED nunca se omitiu quando um problema surgia, como corrigir um problema de corrupção do país. A ACED não se furtou a ir para as ruas.
Além de ir às ruas, ações em outras esferas foram realiza das. A associação apoiou o ato da Frente Produtiva do Brasil, realizado no Sindicato Rural de Dourados, como uma ação para protestar contra a corrupção e o cenário da política econômica brasileira. Na ocasião, elaborou-se a Carta de Dourados com as principais reivindicações do setor produtivo relativas às medi das adotadas pelo Governo Federal.
Em setembro de 2015, a ACED ainda fez adesão à campanha “10 Medidas Contra Corrupção”, encabeçada pelo Ministério Público Federal (MPF), com apoio do Ministério Público Estadual (MPE). O objetivo era mobilizar pela alteração da legislação brasileira e estabelecer medidas mais rigorosas de combate à corrupção e à impunidade.
Também no campo da política, a associação participou ativamente do incentivo aos eleitores para escolha dos representantes. Em fevereiro de 2014, ano de eleições, lançou uma campanha para aumentar o número de eleitores em Dourados. O projeto teve apoio da Justiça Eleitoral no que se referia à emissão e à transferência de títulos de eleitores em pontos de grande circulação de pessoas. A esse respeito, Nogueira diz o seguinte:
Nós acreditávamos que, quanto mais eleitores votas sem, melhores seriam as escolhas desses candidatos. Nós víamos um descaso do eleitor para com a política. Então nós defendíamos que, com mais eleitores, melhores seriam os candidatos escolhidos para nossa cidade.
Em agosto de 2014, a ACED recebeu o candidato ao Palácio do Planalto, Aécio Neves (PSDB). A entidade entregou a ele uma lista com 12 propostas para a política empresarial do país, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento da região. Nas urnas, Aécio foi derrotado por Dilma.
No mês seguinte, setembro de 2014, a associação promoveu, em parceria com a Grande FM e a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), debate com os candidatos ao Go verno do Estado. A entidade foi responsável pela elaboração de perguntas das mais diversas áreas para sabatinar os postulantes ao cargo.
Entre as discussões encampadas com a sociedade, esteve o posicionamento contrário à permanência do estabelecimento penal, de regime semiaberto/masculino, em área central da cidade; para isso contou-se com a mobilização de várias entidades em junho de 2014. Como resultado, o estabelecimento penal, instalado em área nobre, num prédio alugado, foi desativado, e a nova estrutura foi implantada em prédio próprio, às margens da MS-379, próximo à Penitenciária Estadual de Dourados (PED).
O Governo do Estado, na época, chegou a sinalizar para a intenção de usar o prédio, que havia sido alugado, como presídio feminino provisório. A ACED, mais uma vez, reuniu em seu auditório empresários e políticos para reivindicar a não instalação desse presídio; com a mobilização das entidades, o estado voltou atrás e desistiu de insistir nessa possibilidade.
No ano seguinte, houve mobilização contra a construção de mais uma Unidade Educacional de Internação (Unei), que estava em trâmite na Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Vale lembrar que a cidade já contava com duas unidades para internação de menores, uma masculina e outra feminina.
Ainda junto ao Governo do Estado, a associação intermediou, em junho de 2015, reivindicações de empresários que possuíam empreendimentos instalados no Distrito Industrial de Dourados (DID). O assunto chegou a ser debatido, no auditório, entre entidades do comércio, vereadores, empresários e deputados estaduais. Falta de infraestrutura e policiamento estavam entre as dificuldades apresentadas, à época, por representantes de indústrias.
No mês seguinte, secretários de Estado de Governo, Gestão Estratégica, Infraestrutura, Casa Civil e Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente estavam em Dourados para atender pedido da associação. Naquele momento se comprometeram a elaborar um plano de ação para cumprimento das demandas. Na época, o DID tinha 12 empresas instaladas e gerava 2,5 mil empregos. Nogueira esclarece:
O Distrito Industrial de Dourados foi implantado sem um bom planejamento e ali as empresas foram se instalando. Ao invés de ser solução, começou a se tornar problema. Aquele espaço precisava ter energia, água, arruamento, drenagem e estava insustentável a situação. Foi então que a ACED acionou os agentes políticos, na época, o vice-governador Murilo Zauith e deputados da região foram sensíveis e ajudaram na solução do problema. Hoje temos a duplicação de acesso ao DID e vendo o desvio do trânsito pesado do centro da cidade serem projetados e implantados. Demorou uns 6 anos, mas algo aconteceu, demos continuidade aos pedidos da comunidade e a ACED foi protagonista nas necessidades do município.
No campo da infraestrutura, as mobilizações foram intensas. A diretoria da Gestão 2013 – 2016 chamava, em agosto de 2014, a sociedade douradense para se envolver na discussão sobre projetos de investimentos previstos, na época, na área de transporte e logística que teriam impacto no município. Entre esses, a implantação de ferrovias, a duplicação da BR-163 e a ampliação do aeroporto, temáticas que seguiram no centro dos debates nos anos seguintes.
A alta carga tributária, que impacta diretamente as empresas e sua capacidade de crescimento e geração de empregos, também esteve em pauta ao longo dos três anos. Envolvendo o Governo do Estado, as principais discussões estiveram no entorno do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Em julho de 2013, a ACED se reuniu com entidades representativas do comércio, num encontro em Ponta Porã, para discutir a redução do tributo. Na ocasião já estava em vigor o ICMS Garantido, que consiste no pagamento antecipado do imposto, medida questionada por comerciantes. Conforme Antônio Nogueira:
Essa luta não era só da ACED, todos ansiavam pela redução da burocracia e das alíquotas. O empresariado sempre lutou por essa redução!
Em relação ao Governo Federal, a mobilização foi ainda mais intensa, contando com visitas a Brasília (DF). A movimentação mais expressiva foi em 2014, quando a associação integrou campanha nacional pela ampliação do acesso ao Simples Nacional, prevendo a inclusão das micro e pequenas empresas. Representantes da entidade acompanharam, desde a votação na Câmara dos Deputados, até o ato de sanção pela então presidente Dilma.
Em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG)), a ACED uniu-se também à campanha contra a retomada da Contribuição Provisória sobre Movi mentações Financeiras (CPMF), sinalizada pelo Governo Federal, após oito anos de extinção da cobrança.
Em novembro de 2015, ainda na luta por menos impostos, a associação fazia críticas ao chamado “pacote de tarifaços”, autorizado pelo Governo do Estado. O reajuste incluía alterações relativas à cobrança de Imposto Sobre Transmissão Causa Mor tis e Doação (ITCD), à redução no desconto do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e ao aumento na cobrança do Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) sobre produtos considerados supérfluos. A respeito Nogueira afirma:
É bem verdade que não conseguimos tudo que almejávamos, a saga arrecadadora dos governantes é insaciável. Esperam o esquecimento e voltam a carga.
Em maio de 2015, mais um marco da gestão foi o da instalação de um Painel de LED, na fachada da entidade, para exibição do Impostômetro: um medidor estatístico que calcula o valor aproximado de imposto pago pelo contribuinte em tempo real, somando tributos municipais, estaduais e federais. O empresário explica o seguinte:
Várias entidades têm esses impostômetros, isso vem de encontro para alertar os consumidores, essa ação de transparência mostra que o governo é um cobrador voraz e não aplica bem o imposto arrecadado. Era mais uma chamada de atenção a esse fato.
Empreendedorismo local
Em questões voltadas ao comércio local, a associação também esteve presente. Em junho de 2013, a Prefeitura de Doura dos lançava a Sala do Empreendedor, que funcionava na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável. O projeto foi lançado na ACED, que apoiava a iniciativa, considerada uma conquista para o setor, pois viria a servir de referência aos douradenses de visão empreendedora, os quais precisavam de orientação sobre como abrir sua própria empresa. Nas palavras de Nogueira:
Você precisa ter facilidade para isso … empreender. A solução do desemprego está no empreendedorismo. Assim era a forma que nós víamos. O empreendedorismo solucionaria a falta de mão de obra e aumentaria a geração de riquezas para o município. Era a forma de ajudarmos a nossa cidade a crescer!
Ainda em junho do mesmo ano, a diretoria se reuniu com o então prefeito de Dourados, Murilo Zauith, para pedir soluções que pudessem agilizar os processos burocráticos relacionados à expedição da renovação de alvarás das empresas.
Filiada à Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), a associação sediou, em agosto de 2013, a 1ª etapa do Projeto Capacitar, com ações educacionais de curta duração, práticas e próximas à realidade de mercado, para gestores e colaboradores de empresas. Participou de debates estaduais focados no setor empresarial. Além disso, junto à fede ração, a ACED ainda passou a realizar o serviço de certificação digital, como ponto de atendimento.
Depois de pouco mais de um ano, em agosto de 2015, a ACED formalizou sua desfiliação da FAEMS, por meio da entrega de documento de solicitação de desligamento. A desfiliação foi decidida pela diretoria, à época, que alegou incompatibilidade com a atuação da gestão da federação.
Cumpre registrar que os trabalhos visando a levar capacitação e orientação aos empresários continuaram sendo realiza dos por meio de projetos internos e tradicionais, por exemplo, o “Despertar para o Trabalho”, voltado para colaboradores, e o “Roda Empresarial”, voltado aos gestores.
O Roda Empresarial foi palco mensal de debates, reunindo os comerciantes locais. Em 2014, por exemplo, ofereceu orientações às empresas sobre as normas regulamentadoras NR-12 e NR-17. Naquele momento, empresários locais alegaram ser surpreendidos por fiscalizações que exigiam o cumprimento das medidas. A Associação solicitou apoio aos parlamentares de Mato Grosso do Sul, incluindo deputados federais, estaduais e senadores, na luta contra a rigidez nas ações de fiscalização da NR-12, visto que, à época, os parques industriais não estavam preparados para o cumprimento dessa norma. A sugestão da Associação foi a do estabelecimento de um prazo de adequação.
Relativamente aos projetos, é importante lembrar o tradicional Concurso de Fotografia da instituição, que chegou à sua 17ª edição em outubro de 2014. Pela primeira vez contou com júri técnico para seleção das imagens. Foram convidadas a in dicar representantes nove instituições ligadas aos setores de comunicação, cultura e turismo. Nesse ano, parte das imagens do acervo do projeto foram estampadas em painéis, instalados na Praça Antônio João.
No que diz respeito às melhorias realizadas dentro da associação, estão, por exemplo, os investimentos nos prédios – reforma do auditório, instalação de sistema de monitoramento, entre outros. Em dezembro de 2013, o lançamento do Guia Empresarial da ACED de 2014. O objetivo era aumentar a sensibilidade das buscas na internet por empresas locais e a integração entre o guia impresso e o on-line, cujo site era o www.guiaaced. com.br. Em abril de 2014, a realização de pesquisa de opinião, desenvolvida pela empresa Pim Brasil, para saber o que os empresários esperavam da ACED.
Também em 2014 (maio), a ACED promoveu, pela primeira vez, uma rodada de negócios em parceria com o Sebrae, na Exposhopping (na 8ª edição do evento), que acontece no Parque de Exposições João Humberto de Carvalho, durante a Expoagro. Foram contabilizados R$ 100 mil em negócios realizados por empreendedores durante a feira. Nessa 8ª edição a associação comemorou seus 69 anos de história, com um selo persona lizado em parceria com os correios.
Em maio de 2015, no mês de encerramento da gestão 2013 – 2016, a associação comemorou seus 70 anos de história. A data foi marcada pelo lançamento de um livro histórico que relata as memórias das sete décadas da entidade, escrito por Luis Carlos Luciano. Na voz de Antônio Nogueira:
A ACED esteve à frente de muitos fatos e atos. A ACED cumpriu o papel dela em frente a esse triênio e não deixou de ter protagonismo nas ações do nosso Município, Estado e União. Não nos furtamos a levar a ACED à frente dos principais assuntos de Dourados!

