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Mulheres Negras de MS na 2ª Marcha: Racismo, a Violência e pelo Bem Viver

Profa. Ms. Myla Meneses (*) –

Mulheres Negras de MS na 2ª Marcha: Racismo, a Violência e pelo Bem Viver – um processo histórico que impactou e definiu os rumos da organização política das Mulheres Negras no Brasil e na América Latina

Em 2015, a 1ª Marcha das Mulheres Negras levou 50 mil vozes a Brasília. Foi um grito contra o racismo, o sexismo e a violência, denunciando um país que insistia em invisibilizar suas mulheres negras. A organização de todos os 27 estados do país aconteceu por meio de Comitês Impulsores Estaduais, Municipais e Regionais, mobilizados por mulheres negras, sejam elas integrantes de organizações, grupos comunitários ou ativistas independentes. Esses comitês reúnem mulheres de diferentes contextos, fortalecendo o protagonismo negro em suas comunidades e promovendo o engajamento coletivo na construção desse movimento histórico.

Dez anos depois, em 25 de novembro de 2025, esse grito se multiplicou em meio milhão de mulheres na 2ª Marcha das Mulheres Negras, transformando a Esplanada dos Ministérios em um oceano de resistência e poder. 

O legado do que veio antes de nós e projetando um futuro, onde a Reparação e o Bem Viver sejam realidade para todas, todos e todes. Lideranças nacionais que marcaram presença Nilma Lino Gomes, educadora e ex-ministra da Igualdade Racial, Vilma Reis socióloga e ativista baiana, Sueli Carneiro filósofa e intelectual e as ministras Margareth Meneses (MINC), Macaé Evaristo (MIN-DH) e Anielle Franco (MIR), Márcia Lopes (MIN-MULHERES). E uma linda   homenagem a Benedita da Silva, referência histórica da luta política das mulheres negras, que reforçou: “Juntas nós podemos mostrar a nossa potência. Elejam uma bancada negra!”

Mulheres Negras de MS na 2ª Marcha: Racismo, a Violência e pelo Bem Viver

A força de Mato Grosso do Sul, levou 6 ônibus com mais de 200 mulheres, organizadas pelo Comitê Impulsionador Estadual de MS formado por representantes de instituições do movimento social do estado todo. A delegação sul-mato-grossense não foi apenas numerosa, mas também diversa, reunindo coletivos e organizações que dão vida ao movimento no estado:   Grupo TEZ referência na articulação cultural, educação e política do Movimento Negro,  Coletivo de Mulheres Negras Raimunda Brito que leva o nome de uma liderança histórica e inspira novas gerações, Instituto INEGRA. de Corumbá, Comunidades Quilombolas, Movimento negro Unificado-MS uma das principais vozes contra o racismo estrutural da história do Brasil, Unegro-MS, com uma trajetória fundamental na defesa dos direitos da população negra entre outras instituições, que fortalecem a luta por igualdade racial e de gênero.  Essas representações mostraram que a luta das mulheres negras em MS é plural, organizada e profundamente enraizada nos territórios. A mobilização contou com apoio dos sindicatos da CUT, FETEMS, ANDES, Bancários, além do Governo do Estado e do Instituto Federal. 

O grande destaque foi a imagem simbólica de uma mulher negra inflável de 14 metros, com a faixa presidencial “Mulheres Negras Decidem”, sintetizou a mensagem: elas não apenas marcham, elas governam seus destinos. Somos quilombolas, ribeirinhas, mulheres do campo e da cidade. Somos periféricas, acadêmicas, artistas, trabalhadoras. Somos meninas, mães, jovens e anciãs. Nossa potência nasce da coletividade, do tecido das nossas redes e da resistência ancestral que nos sustenta. Somos as guerreiras anônimas do Brasil, que não aceitam mais o silenciamento, o cancelamento e a negação de direitos. A presença das mulheres negras de Mato Grosso do Sul em Brasília é mais que participação: é história viva. É a prova de que, dez anos depois, o movimento cresceu, se fortaleceu e se multiplicou e se tornou impossível de ignorar. 

(*) Membro do Comitê Impulsionador Estadual de MS da Marcha das Mulheres Negras 2025 Integrante da Diretoria do Grupo TEZ e do Movimento Negro, Feminista Negro e Quilombola. Está como Vice-Presidente do Conselho Estadual do Negro de MS e Coordenadora Estadual do PNERRQ (Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola) e Membro da Comissão Nacional para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (CADARA).

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